Crianças carentes desfilam como princesas na Semana da Solidariedade

Lu Alckmin visitou instituições na zonas Central da cidade de São Paulo

qui, 29/09/2005 - 18h04 | Do Portal do Governo


Crianças carentes, que vivem em orfanatos e creches da região central da cidade de São Paulo, participaram nesta quinta-feira, dia 29, do quarto dia da Semana da Solidariedade, focada na criança. Elas tiveram a oportunidade de realizar um sonho: fazer parte de uma história cheia de princesas e personagens infantis. Promovida pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp), a Semana tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para a reflexão da sua responsabilidade com este segmento importantíssimo da população.

A escolha do tema deste ano é explicada pela presidente do Fundo Social, Lu Alckmin: “É preciso que haja o compromisso ético, moral e emocional da população com as crianças, o respeito com as diferenças e a igualdade de chances para que todos possam desenvolver com dignidade seus potenciais: físico, mental, emocional, moral, espiritual e social. Toda criança tem direito à educação, ao lazer, à cultura, ao esporte, à alimentação, à saúde, a educação, à profissionalização e à convivência familiar e comunitária. Enfim, direito à vida”.

As condições efetivas para a garantia desses direitos só serão possíveis com a mobilização do governo, entidades civis e empresas privadas. “O amor, o acolhimento, as oportunidades, proporcionam segurança e auto-estima. Percebemos isso no dia-a-dia das Casas de Solidariedade I e II do Fussesp”, acrescenta Lu Alckmin.

Experiências

Durante a visita que Lu Alckmin fez ao internato da Associação das Damas de Caridade de São Vicente de Paula, 62 meninas desfilaram com roupas de princesas. Em um dia especial, elas puderam sonhar e se divertir. “Sinto como uma princesa de história infantil. Como a Cinderela”, disse Karen*, de 11 anos. Já Raíssa*, de 8 anos, ficou feliz por desfilar, assim ela poderia treinar para a carreira que quer seguir. “Quando crescer quero ser modelo conhecida e desfilar em vários lugares. O desfile de hoje foi só um treino”, conta Raíssa.

De acordo com a vice presidente da Associação, Maria da Penha de Oliveira, o objetivo é atender às crianças carentes e, ao mesmo tempo, estruturar as famílias visando sempre a inclusão social dos menos favorecidos. Na Associação são desenvolvidas atividades culturais, artísticas, esportivas e reforço escolar, todas após o horário de aula, para a família inteira. É uma entidade sem fins lucrativos fundada em 1987. Pertence a uma rede de instituições filantrópicas que atua em 50 países aproximadamente. No Brasil, existem sete unidades das quais três são creches e quatro são núcleos sócio-educativas. As creches atendem cerca de 400 crianças com idade até 4 anos e os Núcleos atendem cerca de 460 crianças e adolescentes com idade de 6 a 15 anos.

Na visita à Casa da Criança de Vila Marina, as crianças também deixaram a fantasia tomar conta da imaginação. Depois de ver uma apresentação de teatro com personagens de histórias infantis, Juliana*, de 3 anos, afirmava para as amiguinhas: “Emília, Emíla! É ela sim! Venham ver!”. Depois disso, um grupo de cinco crianças com idade até 5 anos começou a conversar com a personagem.

A Casa é uma creche fundada em 1968 com o objetivo de acolher crianças carentes em regime de internato. Oferece educação básica, atendimento psicológico e médico sem qualquer custo. Atende 80 crianças, sendo a maior parte com idade até 4 anos. Conta com a ajuda de voluntários e de grandes empresas que doam brinquedos, alimentos, material para higiene e perfumaria.

Lu Alckmin afirmou que o amor, o acolhimento e as oportunidades, proporcionam segurança e auto-estima às crianças. Por isso, a presidente do Fussesp chama a atenção da população para que casos como o de Carlos*, 10 anos não se repita. A família estava vendendo o menino por 300 reais. Ele foi encaminhado pela Justiça para a Associação das Senhoras Evangélicas, localizada no bairro da Saúde, zona Central da Capital, onde vive há um ano e conta com tratamento médico permanente, pois tem problemas de saúde (epilepsia).

A entidade abriga mais de 20 crianças e adolescentes com até 16 anos de idade, encaminhadas pela Vara da Infância e Juventude. Rafaela*, de 15 anos, também é uma delas. Ela e seis irmãos vivem há seis anos na Associação. Neste período, a menina recebeu carinho e amor dos voluntários e ainda planejou seu futuro. “Quero seguir a carreira de jornalista para cumprir um dos meus objetivos: escrever um livro sobre minha vida”. Ela justifica dizendo que apesar da pouca idade, já passou por muitas situações difíceis. “Tenho muita história para contar. Quero mostrar às pessoas que é possível vencer e superar os desafios”.

Para participar da Semana da Solidariedade, a sociedade civil pode fazer doações de brinquedos, medicamentos, móveis, utensílios domésticos, fraldas e alimentos não perecíveis. As instituições também precisam do trabalho voluntário de profissionais como médicos, dentistas, psicólogos, e de pessoas que colaborem fazendo visitas a essas crianças. Basta procurar uma entidade mais próxima ou ligar para o Fussesp (11) 3874 6738 ou www.fundosocial.sp.gov.br

* Os nomes usados são fictícios

Christiane Rocha