CPTM: Pesquisadora canadense elogia parceria entre Ferrovia e grafiteiros

Antropóloga estuda a apropriação cultural do grafite e compara São Paulo e Montreal

ter, 16/12/2003 - 11h40 | Do Portal do Governo

O painel gigante de grafite que está montado na Estação Domingos de Moraes, na Linha B (Julio Prestes–Itapevi), da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), chamou a atenção da antropóloga canadense Raphaelle Proulx, de 29 anos. O muro, com 1.500 metros quadrados, homenageará os 150 anos de ferrovia no Brasil e os 450 anos da cidade de São Paulo.

A pesquisadora está elaborando sua tese de doutorado pelo Departamento de Antropologia da Universidade de Montreal, no Canadá, cujo tema é “A apropriação cultural por meio do grafite – uma comparação entre Montreal e São Paulo”. Raphaelle, que está em São Paulo há três semanas, chegou ao painel de Domingos de Moraes por intermédio do grafiteiro Tota, um dos artistas que participam da confecção do mural e que colabora com sua tese.

“Pude observar o trabalho do Tota sobre o sertão e parece que os artistas daqui se inspiram nas raízes da cultura brasileira”, fala a pesquisadora ao definir o estilo nacional. Segundo Raphaelle, a maior diferença entre o grafite no Brasil e no Canadá é a liberdade para criar personagens. “A linguagem aqui é mais abstrata e as cores são em tons pastéis, ao contrário do Canadá, onde as cores são mais escuras e os desenhos mais sérios”, compara.

A parceria entre a ferrovia e os grafiteiros impressionou a doutoranda. “Essa aproximação é ótima para a arte e eu não conheço algo parecido em outros lugares, pelo menos no Canadá não tem”, conta.

A idéia de estudar o grafite surgiu em 2002, quando Raphaelle acompanhou uma delegação de grafiteiros canadenses que vieram ao Brasil, para participar de uma mostra mundial em Santo André. Também no ano passado esteve em Brasília por duas semanas com artistas locais. A pesquisadora fica no Brasil até abril de 2004, quando volta para Montreal para concluir o trabalho que será apresentado no final de 2005.

Ao contrário dos outros trabalhos realizados nos muros da ferrovia, desta vez a arte será voltada para os trilhos. O responsável pelo Projeto Grafite, na CPTM, Décio Curci, explica que a escolha de grafitar o lado interno do muro é para privilegiar a vista do usuário dos trens e estações. Serão utilizadas 3.000 latinhas de spray, além de quatro andaimes de 600 Kg, por pelo menos 50 grafiteiros que estarão envolvidos com o painel, durante um mês e meio.

Entre os principais artistas estão Bonga, do Sindicato das Tintas, Binho e Maumeks, do grupo Terceiro Mundo, Eymard Ribeiro, do projeto Beco Escola, da ONG Aprendiz, além de Tota, Onesto, Does, Neto e o californiano Spoze. A iniciativa conta com o apoio das empresas lindeiras York e Camil.

Da Assessoria de Imprensa da CPTM

C.C.