CPTM: Depois de 114 anos, integração na Luz viabiliza idéia de Prudente de Morais

História é contada no livro 'SPR: Memórias de Uma Inglesa', escrito por funcionários da CPTM

qui, 09/12/2004 - 9h47 | Do Portal do Governo

Difícil de imaginar, mas as obras do Projeto Integração Centro, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), na Estação da Luz, inauguradas no último dia 30 de novembro, cumprem, depois de 114 anos, o desejo do ex-governador paulista e ex-presidente da República, Prudente de Morais.

A Proclamação da República, em 1889, acelerou ainda mais o desenvolvimento paulista, o que levou Prudente de Morais a despachar, no ano seguinte, aos administradores das três ferrovias existentes na época uma solicitação para estabelecer um acordo que centralizasse na Estação da Luz todo o fluxo de passageiros.

Essa e outras histórias como um projeto desenvolvido pelos ingleses, anos depois da construção da Luz, para uma estação cerca de três vezes maior e de concreto armado, estão no livro “SPR: Memórias de Uma Inglesa”, escrito pelos funcionários da CPTM Moysés Lavander e Paulo Mendes.

A integração das linhas ferroviárias na Estação da Luz, um antigo ensejo do então governador da Província de São Paulo, no final do século XIX, hoje é possível, inclusive com as do Metrô, gratuitamente. Tudo isso graças ao Projeto Integração Centro, que transformou a Luz em um dos maiores pólos de integração metroferroviária da América Latina. Atualmente, a Luz consegue, ao mesmo tempo, ser moderna e preservar o charme da sua arquitetura do inicio do século passado.

Recusa inglesa

Na época, graças à riqueza gerada pela cultura do café, São Paulo já era servida por três ferrovias: a Estrada de Ferro Sorocabana, a Cia Ferroviária São Paulo-Rio de Janeiro e a São Paulo Railway, também conhecida como SPR ou a “Inglesa”.

O principal problema para a integração dos trens, naquele momento, era a diferença da bitola dos trilhos: a da SPR era maior do que as outras. A solução encontrada foi a instalação de um terceiro trilho, mas ainda assim permaneceram três estações distintas, uma para cada ferrovia.

Com receio de que a circulação de um grande número de pessoas trouxesse a rápida saturação dos espaços, os ingleses foram radicalmente contra a idéia de Prudente de Moraes. Ao contrário, preferiram ceder um espaço para a Sorocabana construir sua estação do que compartilhá-la. Além disso, o terceiro trilho foi erradicado em meio às obras de construção da Estação da Luz, finalizada em 1900.

A Estrada de Ferro Central do Brasil, sucessora da São Paulo-Rio de Janeiro, somente conseguiu estabelecer tráfego mútuo graças à modificação que fez nos seus trilhos, alargando a sua bitola para deixá-la igual à “Inglesa”, que posteriormente se transformaria na EF Santos-Jundiaí.

Veja o que dizia, na íntegra, o despacho de Prudente de Moraes às três companhias ferroviárias:

“A realização deste melhoramento, que trará grande commodidade para o público, especialmente para os visitantes, sem importar despeza avultada, depende do accôrdo e concurso das Companhias São Paulo e Rio de Janeiro, São Paulo Railway e Sorocabana. Desejando, pelo interesse publico, promover esse accôrdo entre as três mencionadas companhias, peço-vos que me informeis se posso contar com o concurso da Companhia que representaes, para a consecução desse importante melhoramento nesta capital”.

Saúde e fraternidade.

Presidente Prudente J. de Moraes Barros

São Paulo, 05 de maio de 1890

Da Assessoria de Imprensa da CPTM

C.C.