CPOS guarda mais de 100 mil plantas arquitetônicas de edificações do Estado

Companhia Paulista de Obras e Serviços foi criada em 1991

qui, 08/09/2005 - 11h20 | Do Portal do Governo


Sempre que um prédio público estadual precisa de reforma, seja ele uma escola ou hospital, os responsáveis pela obra precisam fazer uma visita ao arquivo da Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS) para verificar o projeto e as plantas arquitetônicas da edificação. Isso é necessário para evitar acidentes, como por exemplo a perfuração, por engano, de algum encanamento. A simples rotina, porém, pode ganhar ares de uma verdadeira viagem no tempo. Tudo depende da ‘idade’ do imóvel.

Com um acervo de cerca de 110 mil plantas, o arquivo do CPOS mantém a documentação, por exemplo, da Estação e do Instituto Agronômicos de Campinas, de 1894 e 1895, respectivamente. As plantas têm todas as informações escritas em letras góticas, além disso, são desenhadas no linho, que tem textura muito diferente do papel vegetal, ainda utilizado nos dias de hoje.

O capricho no desenho feito em 1923, de uma escola em Iporanga, chama atenção. No papel envelhecido, ainda é possível identificar um leve colorido, que pode ter sido feito com lápis de cor ou giz de cera. Além da planta, dos detalhes da construção e da fachada do prédio, também foram retratadas crianças brincando ao redor, árvores e até um céu repleto de pequenas nuvens.

As plantas, guardadas em canudos, ocupam dezenas de estantes. Já os projetos, que podem conter informações sobre a edificação, ou documentos administrativos que são encerrados, ficam num dos galpões da CPOS. ‘Hoje, algumas plantas e projetos já estão chegando para o arquivo digitalizados, em CD’, conta a responsável pelos arquivos, Vera Lúcia Bonifácio Tavares.

Vera conta que, além do pessoal responsável por reformas em edificações estaduais, as plantas são procuradas pelo por alunos de arquitetura ou engenharia, em fase de mestrado ou doutorado. ‘Eles chegam com a carta de recomendação do professor que está orientando o trabalho e, geralmente, buscam plantas de escolas de diferentes municípios para fazer comparações, ou então aquelas maiores e mais detalhadas’, diz.

A responsável pelo Arquivo explica que as plantas não podem sair da CPOS e que existe todo um cuidado para essas consultas. ‘As visitas são agendadas com antecedência. Para isso, o aluno precisa nos mandar um fax, com a carta de recomendação do professor em papel timbrado da universidade e especificação do que quer consultar’, informa.

CPOS atua no gerenciamento de obras

A Companhia Paulista de Obras e Serviços foi criada em 1991 e é uma das mais jovens do Estado, com 13 anos de existência. Como explicar, então, um arquivo tão antigo. A resposta é simples: O arquivo foi ‘herdado’ do extinto Departamento de Obras Públicas (DOP), que guardou plantas e projetos produzidos durante os 140 anos de sua existência.

Além da manutenção do arquivo, a companhia tem funções específicas: a elaboração de projetos, gerenciamento de obras, assessoria em licitações e gestão do patrimônio imobiliário público estadual.
Entre as ações que desenvolve, estão a realização do estudo da viabilidade de obras do Estado, o orçamento, os projetos e a montagem de edital para licitação. A CPOS também pode realizar a licitação e o gerenciamento da obra. Tudo é feito a partir de parceria firmada entre a companhia e a secretaria ou órgão envolvido na obra.

‘Quando nasce uma idéia no Governo, alguém tem de verificar a viabilidade desse trabalho’, define o presidente da empresa, Jairo de Almeida Machado Júnior. A companhia faz os estudos preliminares de obras do Governo, verifica o melhor modelo para o projeto e também faz a avaliação do preço e da viabilidade da obra. Em outros casos, a secretaria ou órgão já tem o modelo definido e contrata a CPOS apenas para gerenciar a obra. Pode ainda preparar
Outra ação é o gerenciamento e avaliação de imóveis do Estado, para os casos de compra ou venda. A ida de quatro secretarias e diversos órgãos para o Prédio Cidades, na região central da capital, contou com os trabalhos da companhia. ‘Ir para o centro foi a maneira de economizar aluguel e ajudar na recuperação daquela região’, destaca o diretor de Patrimônio e Assunto Imobiliário da CPOS, Mário Capote. Ele ressalta que, atualmente, a administração predial do edifício está sob responsabilidade da Companhia. ‘O trabalho é semelhante ao de uma administradora de condomínio’, explica.

O diretor de Gerenciamento de Obras, Carlos Eduardo Rodrigues Campos, enfatiza que o Estado conta com mais de 50 obras em andamento que tiveram o projeto da CPOS. Entre elas, Faculdades de Tecnologia (Fatecs), o laboratório da Unicamp, Centros de Integração da Cidadania (CIC) e até a demolição de pavilhões do Carandiru.

Para todas essas tarefas, a CPOS mantém uma equipe de 140 profissionais com qualificação específica. São técnicos em edificações, engenheiros e arquitetos. Isso equivale a quase 75% de todos os 190 funcionários da companhia.

Cíntia Cury