Consumo: Procon constata alta de 0,86% na cesta básica de julho

Grupo de limpeza foi o que apresentou a maior variação positiva

seg, 08/08/2005 - 10h05 | Do Portal do Governo

O valor da cesta básica do paulistano apresentou alta de 0,86% no mês de julho, revela pesquisa do Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Governo do Estado de São Paulo, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta, que no dia 30/06/05 era de R$ 211,33, passou para R$ 213,15 em 29/07/05. Por grupo, foram constatadas as seguintes variações: alimentação, 0,88%, limpeza, 1,08% e higiene pessoal, 0,45%. A variação no ano é de –1,99% (base 29/12/04), e nos últimos 12 meses, de 0,58% (base 29/07/04).

O último recorde da cesta básica desde o Plano Real foi em 18/5/05, quando o valor chegou a R$ 221,09.

Dos 31 produtos pesquisados, na variação mensal, 13 apresentaram alta, 14 diminuíram de preço e quatro permaneceram estáveis.

O grupo limpeza foi o que apresentou a maior variação positiva (1,08%).

Dentre os produtos que compõem o grupo alimentação, destacamos o feijão carioquinha (pacote de 1 kg), que registrou alta de 16,59%; o alho (kg), que registrou alta de 8,77%; o açúcar refinado (pacote de 5 kg), que registrou alta de 5,06% e a cebola (kg), que registrou alta de 4,38%.

Destacamos, ainda, o café em pó papel laminado (pacote de 500 g), que apresentou alta de 2,56%. Apesar de não figurar entre as maiores altas, está entre os produtos com maior peso positivo na cesta básica.

O preço do feijão carioquinha permanece em trajetória ascendente desde março deste ano. No mês de julho, apresentou a segunda maior variação positiva do ano, perdendo apenas para a variação de abril, que foi de 17,82%.

Assim como o feijão carioquinha, o alho começou a elevar seus preços a partir de março, apresentando, também em julho, a segunda maior variação positiva do ano. A maior variação se deu em março e foi de 16,03%. O açúcar e o café voltaram a elevar seus preços, depois da queda registrada em junho.

A cebola continua apresentando oscilações de preço; desta vez, apresentou alta. Nos últimos meses, constitui um dos produtos que mais vem afetando a variação da cesta básica, tanto positiva quanto negativamente.

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para “desovar” estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar, dentre os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês, aqueles cuja oferta e demanda estejam sendo (ou poderão ser) influenciados por fatores macroeconômicos.

Feijão
A terceira safra de feijão, que começou a ser plantada a partir do mês de maio, apontou uma redução no cultivo da região Nordeste, em função das adversidades climáticas.

As excessivas precipitações registradas nos meses de maio e junho estão prejudicando o desenvolvimento das lavouras. O tempo chuvoso nas regiões produtoras de São Paulo provocou uma redução nos níveis de oferta e consequentemente o mercado se tornou mais disputado.

A maior parte dos compradores, sobretudo as indústrias de empacotamento, estão na retaguarda, ou seja, sem refazer estoques.

Alho
Há duas épocas distintas de plantio e colheita do alho. A região sul do país planta sua safra em junho e julho, sendo realizada a colheita em novembro e dezembro. Já o Sudeste e Centro-Oeste plantam de março a maio e colhem de julho a outubro.

O abastecimento do mercado interno, apesar da entrada do alho importado e do início da colheita, sente os efeitos da redução da área cultivada, mantendo os preços em alta.

O desempenho da colheita, já iniciada, poderá reverter essa tendência nos próximos meses.

Açúcar
Os preços do açúcar estão mais sustentados, tanto no mercado interno como no mercado externo. O fato de o Brasil estar produzindo mais álcool que açúcar, a partir da cana, está deixando o mercado de açúcar mais firme.

No Centro-Sul do país, a colheita de cana desta safra está mais adiantada em relação ao mesmo período de 2004. Em São Paulo, maior produtor do país, a colheita apresentou aumento de 30,1% sobre o mesmo período de 2004 (segundo a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo – UNICA).

Com as usinas priorizando as exportações e a produção de álcool, os preços do açúcar subiram em plena safra na região centro-sul, como resultado da redução da oferta.

Cebola
As oscilações nas variações de preço da cebola refletem, em grande parte, a inconstância do mercado desse produto. Fatores externos, como as variações climáticas ou a perspectiva de prejuízos futuros, interferem de maneira vigorosa sobre a oferta.

A entrada das safras de inverno e as importações de cebola argentina ampliaram a oferta do produto, no entanto, o Governo continua regulando a entrada maciça do produto estrangeiro.

Café
O panorama é de preços baixos para o café. Por esse motivo, muitos cafeicultores do sul do Estado estão preferindo estocar o produto à espera de uma reação do mercado e uma melhora nos preços. Ao invés de vender o café a preço baixo, muitos produtores preferem pegar dinheiro emprestado nos bancos para poder estocar parte do que vão colher este ano.

Os estoques de café beneficiado nas mãos das Cooperativas aumentaram no mês passado e vão crescer até setembro, por conta do pico da safra. A comercialização está em um ritmo mais lento nas últimas semanas porque os produtores estão esperando que os preços se valorizem mais.

A aprovação, pelo Conselho Monetário Nacional, de mais recursos para financiar a colheita e a estocagem de café, contribuiu para dar sustentação aos preços.

Assessoria de Imprensa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania

(RK)