Conselho da Comunidade Negra vai capacitar professores para combater a discriminação

Programa será lançado nesta sexta-feira, dia 14

seg, 10/11/2003 - 19h13 | Do Portal do Governo

Neste Mês da Consciência Negra, o Conselho da Comunidade Negra do Estado de São Paulo lança um programa que tem uma meta ambiciosa: erradicar a discriminação racial a partir da sala de aula. Para tanto, o Programa ‘São Paulo: Educando pela Diferença, para a Igualdade’ – em parceria com a Secretaria de Estado da Educação – vai capacitar todos os professores da rede pública estadual para tratar do tema em sala de aula e para introduzir a disciplina História e Cultura Afro-brasileira em todas as séries dos ensinos fundamental e médio.

O programa será lançado na abertura oficial do Mês da Consciência Negra, no próximo dia 14, a partir das 9 horas, na Secretaria de Estado da Educação, em São Paulo. Após o lançamento, acontece a aula inaugural do projeto-piloto, que vai capacitar, neste ano, 160 professores de quatro Diretorias de Ensino do Estado – uma da capital e três do interior.

Neste primeiro momento, o objetivo é sensibilizar os professores sobre a diferença de oportunidades para negros e brancos. Por isso, o projeto-piloto prevê discussões e definições de conceitos – como a diversidade cultural -, além de dados estatísticos de institutos como o IBGE, o Ipea e o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica). Os educadores também receberão informações sobre a história do negro a partir de sua chegada ao país, pincelada pela história da África.

Já no ano que vem, o programa ‘São Paulo: Educando pela Diferença, para a Igualdade’ – que será elaborado e aplicado a partir dos resultados do projeto-piloto – vai capacitar todos os professores da rede pública do Estado de São Paulo. Eles terão aulas presenciais e pela Rede do Saber – um sistema interativo do Governo do Estado, de formação continuada, com capacidade para atender, ao mesmo tempo, 12 mil educadores por dia, utilizando vários ambientes e abrangendo as 89 Diretorias de Educação do Estado. Neste ano, os 160 educadores terão 30 horas de aulas, sendo 10 horas presenciais e 20 horas pela Rede do Saber.

O curso e todo o material didático será ministrado por profissionais indicados pelo Conselho da Comunidade Negra e contratados pela Secretaria Estadual da Educação. Para tanto, o Conselho vai nomear – também no dia 14 próximo – uma comissão especial, que será formada por conselheiros, representantes de universidades e da Secretaria Estadual da Educação.

Para a presidente do Conselho de Participação da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, Elisa Lucas Rodrigues, a implementação do programa é uma das melhores notícias dos últimos tempos para a comunidade negra. ‘Pretendemos criar um processo educacional mais justo e democrático, que contribua para a construção de um país sem povos superiores e inferiores, como sugerem estereótipos e várias versões da história do Brasil’, comentou. ‘Temos plena convicção de que a educação é o caminho para o fim da discriminação racial e é justamente por isso que ela é a prioridade da atual gestão do Conselho’, conclui Elisa, que assumiu a presidência da entidade em maio deste ano, ocasião em que entregou a sugestão deste programa e de outras ações ao governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Mês da Consciência Negra

Além do lançamento do Programa ‘São Paulo: Educando pela Diferença, para a Igualdade’, ainda no dia 14 ocorrem vários outros eventos de lançamento do Mês da Consciência Negra. A partir das 14 horas, no Memorial da América Latina, o Conselho Estadual da Comunidade Negra promove uma série de atividades artísticas que seguem durante todo o dia. Entre elas, uma exposição de artes plásticas e apresentações de capoeira.

Às 19 horas, também no Memorial da América Latina, será realizada a abertura oficial do Mês da Consciência Negra. Em seguida, o Conselho realiza uma palestra sobre Ações Afirmativas e sobre o Programa ‘São Paulo: Educando pela Diferença, para a Igualdade’. O conferencista será o Prof. Dr. Valter Roberto Silvério, diretor do Centro de Educação e Ciências Humanas do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

As atividades do dia se encerram com uma apresentação do Grupo Horas Vagas, que fará uma homenagem especial ao cantor e compositor Pixinguinha. O grupo de choro é formado por seis jovens negros de 17 a 22 anos, que procuram resgatar o que a música brasileira está deixando para trás: o samba de raiz e o choro. No repertório, ‘Carinhoso’, ‘Ingênuo’, ‘Rosa’, ‘Lamentos’ e outras preciosidades de um dos mais completos compositores da MPB.

M.J.