Combustível: IPT realiza parceria com Petrobras para incentivo de produção de gás natural

A tecnologia utilizada para criar imensos reservatórios subterrâneos semelhante a da Europa e EUA

qui, 04/03/2004 - 20h27 | Do Portal do Governo

A disposição do Governo do Estado de estimular a exploração e uso do gás natural, com redução de 6% na tarifa, como primeiro passo para incentivar a incorporação do produto à matriz energética de São Paulo, já encontra bases para implantação desta política no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Em parceria com a Petrobras no Programa Tecnológico de Novas Fronteiras Exploratórias (Profex), coordenado por Ciro Appi, o Instituto desenvolve há três anos estudos geológicos e de pré-viabilidade econômica para estocagem subterrânea de Gás Natural em São Paulo.

Pioneiro na América Latina, o projeto foi concebido por motivos estratégicos de soberania nacional quando o gasoduto Bolívia-Brasil, com capacidade para transportar 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia, parecia ser a única fonte para fornecer o produto ao Sudeste. Estimou-se a necessidade de estocar 800 milhões de metros cúbicos de gás utilizável, para atender a demanda da região metropolitana por cem dias.

Com as descobertas recentes de jazidas na Bacia de Santos, com cerca de 400 bilhões de metros cúbicos de gás natural, a necessidade da estocagem, com menor volume de gás utilizável, passou a ser outra: a de manter o fornecimento contínuo aos usuários, mesmo durante os períodos de serviços de manutenção. Com a decisão do governo paulista de incentivar o uso do gás como combustível e a iminência de aumentar significativamente sua produção, especialmente no estado de São Paulo, a questão de onde estocar o produto assumiu nova proporção.

Segundo o pesquisador Wilson Iyomasa, chefe do Agrupamento de Geologia Aplicada a Obras do IPT e coordenador do projeto no Instituto, embora relativamente próximas, as jazidas de Santos encontram-se 140 quilômetros mar adentro, o que torna indispensável disponibilizar o produto perto dos grandes centros consumidores.]

A tecnologia utilizada para criar imensos reservatórios subterrâneos é em parte semelhante à utilizada em países da Europa e Estados Unidos. É feito um estudo procurando-se estruturas geológicas favoráveis à estocagem, similares àquelas que armazenam naturalmente gás e petróleo. A única diferença é a existência de água na camada arenosa do reservatório, o que é fundamental para manter o gás aprisionado. Ao ser injetado, o gás expulsa um pouco do líquido e fica depositado sob pressão naquela estrutura, formando imensos depósitos subterrâneos.

A partir deste ponto, a tecnologia brasileira deve encontrar caminhos próprios. Na Europa e Estados Unidos, a estocagem do gás é feita nos períodos de menor consumo, como no verão, e retira-se o gás no inverno rigoroso para aquecimento das casas. Aqui, a estocagem subterrânea deverá obedecer a outro critério, segundo Iyomasa.

A sugestão, tanto do coordenador do IPT, quanto do coordenador técnico do projeto, Cláudio Goraieb, é que no Estado de São Paulo, onde poderão ser instaladas as primeiras estocagens, o gás seja utilizado para complementar a matriz energética. Hoje, sua participação na matriz é inferior a 3%, quando a média mundial é de 20%. A armazenagem do gás no depósito subterrâneo pode ser feita durante os finais de semana, sendo retirado para uso, como na geração de energia elétrica e abastecimento da cidade, durante a semana.

A primeira etapa da pesquisa, patrocinada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), deverá estar concluída no primeiro semestre deste ano. As etapas seguintes deverão privilegiar estudos ambientais, como os de impacto ambiental, desenvolvimento de legislação específica, tipo de monitoramento dos depósitos e equipamentos. Em março (12) a Finep, a Petrobras e o IPT realizam um workshop sobre estocagem de gás. Com a palavra, representantes dos governos federal e estadual, que deverão apontar suas políticas com relação à produção e consumo do energético, e dos pesquisadores, que deverão responder como fazer para viabilizar estas políticas.

Da assessoria do IPT
C.A.