Citricultura: Pesquisadores da USP desenvolvem sistema para controlar a praga do furão

Inseto ataca plantas cítricas e provoca apodrecimento dos frutos, tornando-os impróprios para consumo

qua, 19/05/2004 - 13h36 | Do Portal do Governo

Uma praga que ataca os frutos das plantas cítricas provocando o apodrecimento e os tornando impróprios tanto para o consumo in natura quanto para o processamento pela indústria. Esse é o bicho furão (Ecdytolopha aurantiana), um inseto que preocupa os agricultores brasileiros, pois causa prejuízos de cerca de US$ 50 milhões por ano ao país.

Depois de estudarem o comportamento do inseto, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de Viçosa desenvolveram uma armadilha que tem se mostrado altamente eficiente.

A solução contém uma pastilha impregnada por feromônio, substância emitida pelas fêmeas de insetos para atrair os machos. A pastilha fica dentro de uma estrutura de papelão com a superfície revestida com uma membrana adesiva. Atraído pelo odor, o bicho furão fica grudado e morre.

O produto, que leva o nome de Ferocitrus Furão, é fabricado pela Bug Agentes Biológicos e comercializado pela Cooperativa dos Cafeicultores e Citricultores de São Paulo (Coopercitrus). Mais de 100 mil kits já foram vendidos desde novembro de 2002, quando foram lançados, a maioria em São Paulo e na região do triângulo mineiro.

“A armadilha tem ajudado a monitorar a população de bicho furão em áreas de cultura de citrus, indicando o momento correto de se fazer o controle da praga, o que antes era feito por calendário ou observação visual”, disse Danilo Scacaloffi Pedrazzoli, um dos pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento do produto, à Agência FAPESP. “O sistema reduz os gastos do produtor, pois o veneno não é mais aplicado em toda a plantação, e causa um impacto ambiental bem menor.”

Pedrazzoli conta que cada armadilha cobre uma área de 10 hectares, protegendo cerca de 3,5 mil árvores. “O ideal é que o produtor inspecione as armadilhas a cada sete dias, para verificar quantos insetos foram coletados. A partir disso, quando houver seis ou mais insetos capturados em uma única semana, significa que é hora de iniciar o controle da praga usando os inseticidas necessários no local específico”, explica Pedrazzoli.

Levando em consideração que uma planta pode produzir aproximadamente quatro caixas de laranja, segundo Pedrazzoli, em algumas regiões do país atingidas pelo inseto, a perda pode chegar a duas caixas ou cerca de 250 laranjas por pé. “Com a utilização da armadilha, a perda é de apenas uma fruta para cada dez pés de laranja”, afirma.

Mais informações podem ser obtidas pela internet, no site www.ferocitrusfurao.com.br

Por Thiago Romero, da Agência FAPESP

(LRK)