Ciência: Pesquisa da Unicamp identifica semelhança genética entre indígenas do Pará e povos asiático

A tese da cientista será publicada na mais conceituada revista do mundo na área de antropogenética

sex, 11/10/2002 - 15h49 | Do Portal do Governo

A polêmica em torno da origem dos povos nativos americanos ainda está longe de ser superada, mas uma pesquisa realizada para a tese de mestrado da bióloga Daniela Maria Ribeiro, apresentada à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, traz subsídios adicionais para as discussões em torno do assunto.

A tese de Daniela foi aceita para publicação no American Journal of Physical Anthropology, uma das revistas mais conceituadas do mundo no segmento da antropogenética.

Ao promover o estudo de um marcador genético em duas populações indígenas brasileiras, os Parakanã e os Xikrin, ambas do Sul do Pará, ela identificou uma semelhança genética entre estas e os habitantes do Sudeste da Ásia e das Ilhas do Pacífico.

O resultado aponta para as hipótese de uma predominante origem asiática dos ameríndios e sugere que os índios brasileiros e as populações oceânicas podem não ser geneticamente independentes. Há, todavia, uma outra corrente de cientistas que defende que os primeiros humanos a povoarem a América descendem de povos africanos.

A originalidade do trabalho de Daniela está justamente no marcador genético tomado para análise. Estudos realizados anteriormente no Brasil já haviam chegado ao mesmo resultado, mas partindo de outros marcadores.

Pela primeira vez, a bióloga investigou o elemento alfa-MRE (alpha-Major Regulatory Element), um segmento de DNA de 300 pares de base que controla a expressão dos genes da globina alfa humana (cadeia polipeptídica que constitui, juntamente com a globina beta, a molécula de hemoglobina, pigmento respiratório de todos os organismos vertebrados, contida nos glóbulos vermelhos do sangue).

Este elemento, ainda pouco estudado em âmbito mundial, nunca havia sido investigado em populações nativas da América do Sul, em geral, ou em populações nativas brasileiras, em particular. O objetivo da pesquisa foi determinar os polimorfismos (variações genômicas responsáveis pela diversidade genética entre os indivíduos) presentes nessa pequena seqüência de DNA e compará-los aos encontrados nas populações já investigadas por cientistas estrangeiros, particularmente as asiáticas.

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Manuel Alves Filho, do Jornal da Unicamp