Ciência: Médico da Unesp cria filtro que pode evitar mortes por tromboembolismo venoso

Filtro é esperança para pacientes que não podem fazer uso de anticoagulantes

ter, 04/02/2003 - 9h54 | Do Portal do Governo

Ao se desprender das veias e percorrer os vasos, coágulos de sangue podem se tornar um grande risco para a saúde humana, principalmente se alcançarem o coração e os pulmões.

O fenômeno, conhecido como tromboembolismo venoso, provoca mais de 200 mil mortes por ano nos EUA e, na Faculdade de Medicina (FM) da UNESP, campus de Botucatu, o problema foi identificado em 19,3% das 998 autópsias realizadas no Hospital das Clínicas da Faculdade, nos últimos dez anos.

A prevenção do mal é geralmente feita por medicamentos que impedem a coagulação do sangue. ‘Nos casos de pacientes em que o uso de anticoagulantes é contra-indicado, filtros são introduzidos na veia cava para evitar que os coágulos alcancem os pulmões e o coração’, explica o médico Winston Yoshida, docente da disciplina de Cirurgia Vascular da FM.

O filtro mais conhecido do mercado, criado em 1973, é importado, custa aproximadamente R$ 4.500,00 e, segundo algumas pesquisas, pode eventualmente mostrar-se instável, ou seja, ficar inclinado em relação ao eixo da veia cava.

Perde assim a sua eficiência para impedir que o coágulo chegue aos pulmões e favorece a possível perfuração da veia. Para evitar esse desalinhamento, Yoshida acaba de patentear um novo filtro da veia cava. ‘Ele é feito com prolongamento das hastes de aço inox. Isso o ajuda a fixar-se nas paredes dos vasos, impedindo a sua inclinação.’

Em um projeto de pesquisa financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq, o novo filtro foi testado em carneiros por dois anos.

‘O filtro é conduzido pelo cirurgião à veia cava por meio de um cateter introduzido na veia jugular por um disparador que, acionado por um botão, o fixa à parede do vaso através de hastes’, afirma o médico.

A próxima etapa da pesquisa é produzir o aplicador próprio do novo filtro e submetê-lo a testes de fadiga. ‘Algumas instituições estão interessadas em utilizar o novo filtro em humanos’, aponta Yoshida.

(Do Portal da Unesp)

V.C.