Ciência: Genes de fungo causador de doenças são mapeados pela USP

Seqüenciamento genético foi feito por pesquisadores de Ribeirão Preto

sex, 29/11/2002 - 14h29 | Do Portal do Governo

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), da USP de Ribeirão Preto, anunciaram o seqüenciamento genético do fungo patógeno de humanos, o Paracoccidioides brasilienses, causador de doenças em mais de 10 milhões de pessoas na América Latina. O professor Gustavo Henrique Goldman, da FCF, responsável pelo projeto, busca apoio para continuar os trabalhos.

O microorganismo vive no solo e é endêmico apenas na América Latina. Foi escolhido por haver poucos estudos sobre sua genética. O trabalho é de quatro grupos que utilizaram abordagem genômica (constituição genética de um ser vivo ou célula) para entender o funcionamento de sua fase patogênica humana. Além da FCF, participaram pesquisadores do Laboratório da Unifesp, laboratório da Universidade de Mogi das Cruzes, Laboratório de Genética Molecular e Genomas da Univap e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto.

O seqüenciamento genético na fase patogênica teve apoio do Pronex-MCT e Fapesp e levou cerca de um ano. Mostrou avanços significativos com 4.300 genes identificados. Até então, os bancos internacionais só tinham em torno de uma centena. “Queremos saber que genes são expressos e entender como funcionam, para gerar informações a outros pesquisadores’, diz Goldman.

Inimigo desconhecido

Pouco se sabe a respeito da epidemiologia (estudo de freqüência e distribuição de doenças num conjunto populacional) do Paracoccidioides. Entretanto, o desmatamento acaba criando surtos endêmicos em áreas como zonas rurais. Na fase de esporo, o fungo atinge o ser humano. Dentro do organismo, cresce e passa para fase leveduriforme, causando doença pulmonar ou generalizada. Em casos extremos, leva à morte. ‘O fungo é perigoso por ser primário. Não precisa de organismo enfraquecido para se instalar, como os oportunistas. Ataca pessoas saudáveis, também, e tem fase latente não-infecciosa’, explica Goldman.

Existem drogas para combater o Paracoccidioides. Mas o tratamento é longo e a doença pode voltar. São poucas as estatísticas sobre pessoas contaminadas já que é difícil fazer controle nos hospitais.

Informações adicionais podem ser obtidas pelo telefone (16) 602-4280.

Da Agência USP de Notícias

R.K.