Cidadania: USP Legal completa 3 anos de atividades para portadores de deficiência

Programa promove políticas de atenção ao deficiente físico, garantindo plena participação no ambiente universitário

sex, 05/11/2004 - 10h08 | Do Portal do Governo

Eliminar ou, pelo menos, reduzir as barreiras impostas aos portadores de necessidades especiais (alunos, professores e funcionários), que utilizam os espaços de ensino, pesquisa e extensão universitária da USP – esse o desafio do Programa USP Legal, que completou três anos em atividade. A iniciativa é da Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais da USP (Cecae-USP) e visa ao desenvolvimento de políticas de atenção à pessoa com deficiência, garantindo sua plena participação no ambiente universitário.

O grupo tem uma gerente e uma arquiteta, além de uma equipe multidisciplinar de 50 estagiários contratados (graduandos de cursos de Arquitetura, Engenharia, Ciências Sociais, Jornalismo, Biblioteconomia e Letras). Eles levantam as falhas nos prédios da universidade, propõem projetos de adaptações, sensibilizam a comunidade uspiana sobre o assunto, e padronizam critérios e procedimentos de acessibilidade aos câmpus. A atuação desse pessoal é resumida em quatro propostas de trabalho: 1 – Rompendo barreiras de atitudes, 2 – Rompendo barreiras pedagógicas, 3 – Criação de normas e diretrizes e 4a- Projeto de eliminação de barreiras físicas.

Inovações na USP Leste – No primeiro item, o objetivo do grupo é divulgar o tema Acessibilidade nos campi da USP por meio de palestras para eliminar preconceitos. Neste ano, os bolsistas pesquisaram e realizaram os seminários Adaptação de bens tombados, Tecnologia assistiva (gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para melhorar os problemas enfrentados por indivíduos com deficiências), Deficiência na mídia.

No segundo, a meta é adaptar material didático utilizado pelos deficientes, como mesas e cadeiras e rever a postura do professor. ‘Estamos elaborando cartilha com sugestões de como lidar com a pessoa especial em sala de aula, que será lançada em dezembro’, informa a gerente Cláudia Pires. A universidade tem cerca de 6 mil docentes e a intenção é obter parcerias para a publicação de 6 mil exemplares. ‘Professores de todos os campi devem estar preparados para receber esses estudantes, mesmo que atualmente não haja nenhum caso na turma’, ressalta. Ela lamentou que em ambientes públicos como ruas, shoppings e outros estabelecimentos comerciais o deficiente ainda sofre com a falta de adaptações.

Facilitando o acesso – Uma conquista do USP Legal, destacada na terceira proposta, é a criação de normas que garantam a acessibilidade física e pedagógica do portador de necessidades especiais. ‘Conseguimos que toda obra iniciada seja adaptada’, orgulha-se Cláudia. Os projetos de construção do novo câmpus da USP na zona leste contemplam rampas e rotas em direção a auditórios, bibliotecas e outros espaços, vagas de estacionamento para deficientes, banheiros adaptados, elevadores (com instruções em braile, sinalização sonora, espaço reservado para a movimentação do cadeirante e espelho para segurança de seus movimentos) são exemplos de inovações.

No último item, os espaços com barreiras físicas devem ser eliminados, como o rebaixamento de calçadas para a livre circulação de quem utiliza cadeira de rodas, poda da vegetação nos arredores dos passeios, acesso facilitado às portas de entrada dos edifícios e instalação de rampas. Exemplo de projeto concluído na USP da capital é a adaptação da entrada principal da instituição até a Praça do Relógio, no entorno dos prédios da Escola de Comunicação e Artes (ECA) e da Faculdade de Engenharia e Arquitetura (FEA).

Preocupação em equipe – A gerente informa que está em andamento a licitação de contratação de mão-de-obra para acessos na Av. Professor Luciano Gualberto, como rebaixamento de guia, piso tátil para deficientes visuais e controle da vegetação nos passeios públicos. Outra preocupação do pessoal é com a identificação dos obstáculos internos, que variam da ausência de elevadores e banheiros especiais até deficiência de sinalização. O apontamento das necessidades nas áreas internas será concluído até o final de 2005.

Cerca de 70% do interior do campus de Pirassununga e mais de 20% do da capital estão em condições ideais. No entanto, há muito a fazer, salienta a arquiteta do programa, Maria Elisabete Lopes. Recentemente, o USP Legal selecionou novos bolsistas, que receberam treinamento por meio do curso Acessibilidade no meio físico. ‘É importante para a formação profissional e pessoal, mesmo que depois eles não trabalhem diretamente na área.’ Esse foi o terceiro curso para estudantes; funcionários da USP já participaram de outros dois.

Oficina aproxima a universidade da comunidade carente

Parceria entre o Programa Avizinhar e equipes da Cecae, como USP Sol, USP Recicla e USP Legal, além de instituições como a Esporte Talento e o Instituto Criança Cidadã resultou na concretização de atividades lúdicas, no dia 29, na Praça do Relógio do câmpus da USP da capital. A oficina reuniu cerca de 400 pessoas entre crianças e adolescentes da comunidade São Remo, próxima à Cidade Universitária. Entre as brincadeiras, havia capoeira, desenho e pintura com guache, xadrez, fanzines, tear e pipa. Houve apresentações do Circo-Escola São Remo e do grupo de rap Família Gold Black. A arquiteta do USP Legal gostou do que viu. ‘Nossa oficina envolvia as dificuldades e a percepção de pessoas com deficiência, enquanto as crianças lidaram de maneira natural com isso.’É importante a integração dos programas, vale a pena tanto para a gente como para os pequenos.’

Viviane Gomes, da Agência Imprensa Oficial

(LRK)