Cidadania: Assentamento cultiva planta da Amazônia para indústria de cosméticos

Agricultores cultivaram 2,5 hectares de jambu

sex, 09/09/2005 - 11h20 | Do Portal do Governo

O Agricultores do assentamento Córrego Rico, de Jaboticabal, iniciaram nesta semana a colheita do jambu, uma espécie nativa da Amazônia utilizada na indústria de cosméticos. Por meio de parceria com a empresa Centroflora, de Botucatu, quatro famílias assentadas cultivaram uma área total de 2,5 hectares.

O jambu será utilizado na fabricação de um produto a ser lançado em breve no mercado brasileiro. A Centroflora não revela o tipo de produto, nem a empresa que deverá lançá-lo. O contrato firmado com os assentados prevê a aquisição total da produção e garantia de preços compatíveis com os praticados no mercado.
Produzido organicamente, o jambu deverá ser certificado pelo Instituto de Biodinâmica (IBD).

A Centroflora arcará com os custos de certificação. Com produtividade de aproximadamente 30 toneladas anuais de massa verde por hectare, a cultura do jambu permite a realização de até três cortes por ano.

Segundo Fernanda Feliciano, engenheira agrônoma da Centroflora, a parceria com produtores rurais assentados surgiu a partir de uma visão social da empresa e do desejo de aliar com a agricultura familiar.

“A experiência com o assentamento Córrego Rico foi a melhor possível. Queremos que os atuais produtores aumentem a área plantada”, comenta Fernanda. A parceria com a empresa também foi feita no assentamento Guarani, de Pradópolis, e em assentamentos do Paraná e Goiás.

Novidade

Também conhecido como agrião-do-Pará, o jambu é utilizado na culinária de alguns municípios do nordeste do Pará. Segundo o técnico da Fundação Instituto de Terras (Itesp) Rubens Eliziário, a cultura do jambu é parecida com a do agrião. “Requer os cuidados de uma hortaliça: irrigação duas vezes por dia e cuidados com as invasoras (ervas daninhas).”

Eliziário explica que a planta responde muito bem à adubação orgânica, que já é uma prática do assentamento Córrego Rico. ”Estamos utilizando as experiências usadas na horticultura orgânica. Estamos fazendo alguns testes de formas de plantio, como o plantio direto. Hoje se faz o transplante, mas há uma perda razoável.”

Para os agricultores, o maior desafio foi cultivar uma planta da qual nunca ouviram falar. Mas o assentamento Córrego Rico já tem fama de inovador, desde que firmou parcerias para produção de plantas medicinais para o laboratório Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, e para a exportação de quiabo e pimenta para a Europa.

O assentado Lorinaldo Estevão da Silva, o Lola, já quer aumentar a área cultivada com o jambu. “É muito bom plantar com a certeza de que vou vender. Neste ano, já perdi meio hectare de berinjela. Não consegui vender por um preço justo. O jambu é diferente, pois já há o contrato de compra com a Centroflora.”

Assessoria de Imprensa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania

J.C.