Cidadania: Assentados conhecem pastejo rotacionado

Técnica possibilita o aumento da produção leiteira com menor custo

sex, 15/10/2004 - 17h18 | Do Portal do Governo

Na última quinta-feira, dia 14, a Fundação Instituto de Terras (Itesp), entidade vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, promoveu um dia de campo com o tema “Manejo intensivo de pastagens para gado leiteiro”, com o apoio da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), órgão da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, e da Prefeitura de Tremembé.

A palestra foi dada pelo médico veterinário da Cati Julio César Ramos da Silva, que repassou às famílias do assentamento Nova Conquista e a outros pequenos agricultores convidados a técnica do pastejo rotacionado, desenvolvida pela Embrapa.

Trata-se de uma técnica de divisão em piquetes de uma área determinada, utilizando para isso cerca eletrificada. O gado leiteiro deve pastar por um dia em cada piquete, fazendo com que a grama da área pastada se recupere até que ele volte àquele piquete. A cerca eletrificada faz com que o gado não ultrapasse o espaço delimitado.

O objetivo dessa modalidade tecnológica é aumentar a produção leiteira com menor custo, uma vez que, com os piquetes, obtém-se a recuperação do pasto com menos mão-de-obra. A orientação de um técnico é imprescindível para que se faça um tratamento adequado no solo (correção do solo), acompanhamento climático e da luminosidade, e irrigação, itens importantes para o sucesso final.

Os dados teóricos repassados pelo veterinário da Cati foram posteriormente verificados no lote do assentado Targino, que vem utilizando essa técnica desde dezembro de 2003, com orientação do técnico do Itesp Benedito Antonio Gomes. Targino está usando 1,26 ha de seu lote de 12 ha, portanto, 10% de sua área, para o pastejo rotacionado de seis vacas leiteiras.

Após análise de solo e clima, foi definida a necessidade de se ter 36 piquetes, ou seja, 35 dias para a recuperação total da grama pastada. A rotação deverá ser feita por 150 dias, período necessário para que se contabilize o resultado de um ciclo, corrigindo eventuais desvios.

Nos sete projetos-piloto apresentados, verificou-se que, num período de três anos, onde pastava uma cabeça por hectare, com essa técnica passaram a pastar 10 cabeças; A produção passou de 15 litros/dia por animal para 60 litros/dia. Os investimentos apresentados variaram de R$ 507 a R$2.830 por ano, dependendo do tamanho da área e do tipo de capim. Segundo Julio, o “êxito dessa metodologia está na vontade do produtor aliada à orientação de um técnico.”

A palestra foi acompanhada por Jonas Villas Bôas, diretor-executivo do Itesp, que espera que “essa tecnologia nova possa agregar valor aos produtos da reforma agrária e possibilitar ao assentado e ao pequeno agricultor ter mais renda”. Também presente, o diretor de Políticas de Desenvolvimento do Itesp, Afonso Curitiba Amaral, disse que “o Itesp não foge dos novos desafios que se impõem no dia-a-dia, pois tem firme o objetivo de promover o desenvolvimento socioeconômico do assentado e resgatar-lhe a cidadania.”

Da assessoria de imprensa da Secretaria da Justiça
C.A.