Cetesb: Relatório indica boa qualidade da água subterrânea utilizada no Estado

Mais de 300 cidades paulistas recolhem nos aqüíferos toda a água potável que consomem

ter, 04/05/2004 - 9h24 | Do Portal do Governo

A água subterrânea no Estado de São Paulo, incluindo a região metropolitana da Capital, continua com boa qualidade. A constatação é da Cetesb, que efetuou análises nos seis principais aqüíferos (lençóis de água sob o solo) paulistas: Bauru, Guarani, Cristalino, Tubarão, Serra Geral e os Terciários (Taubaté e Formação São Paulo). O relatório, divulgado no dia 29, aponta que 90% das amostras colhidas em 162 locais apresentaram qualidade excelente. O restante recebeu denominação de aceitável, mas com tratamento convencional pode ser consumido. A empresa realiza esse tipo de estudo a cada três anos, desde 1990. O atual refere-se ao triênio 2001/2003.

A análise das amostras compreendeu 40 parâmetros (tipos de testes) e total de 32,4 mil exames laboratoriais. Os resultados serão encaminhados ao Centro de Vigilância Sanitária do Estado, responsável pela fiscalização da água. Também receberá o relatório o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), que emite outorgas (licenciamento) para abertura de poços de captação de água subterrânea. O relatório completo está no site www.cetesb.com.br.

Poço clandestino

O levantamento revelou que 72% dos 645 municípios do Estado utilizam água subterrânea, principalmente no oeste paulista, onde se localizam os aqüíferos Bauru e Guarani. O presidente da Cetesb, Rubens Lara, ressalta que 310 cidades paulistas se abastecem totalmente dos aqüíferos, 200 somente de águas superficiais (rios e represas) e 135 de forma mista.

Lara informa que existem 30 mil poços de captação subterrânea no Estado, sendo 7 mil na região da Capital. No entanto, em São Paulo e vizinhança há aproximadamente 5 mil poços clandestinos, sem outorga do Daee. “Este fato lesa o Estado e o consumidor, que bebe água sem tratamento.”

Reserva natural

O mais famoso dos aqüíferos é o Guarani, considerado o maior manancial de água doce subterrânea do mundo. O imenso lençol se estende por 840 mil metros quadrados de área no Brasil, avançando pelos Estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Argentina, Paraguai e Uruguai também se beneficiam do Guarani. Outro aqüífero importante é o Bauru, situado no Planalto Ocidental Paulista, ocupando mais de 40% da área do Estado.

A gerente da divisão de qualidade do solo, águas subterrâneas e vegetação, da companhia, Dorothy Casarini, ressalta que a água sob o solo é um reservatório importante. A qualidade desse líquido depende da composição natural das rochas do solo e da atividade humana que se desenvolve nessas áreas. “A disponibilidade hídrica do aqüífero é conseqüência da capacidade de recarga (da natureza) e do volume de água que se pretende extrair”, explica a gerente.

Metais e coliformes

O relatório da empresa, destaca Dorothy, mostra que há algumas áreas com indícios de superexploração e poluição. Houve amostras que apresentaram coliformes fecais, o que afeta a potabilidade (qualidade da água a ser consumida). O resultado foi o seguinte: 1% das amostras no Bauru, Tubarão (1,5%), Guarani (3%), Serra Geral (3,2%), Taubaté (4,5%) e no Cristalino, 4,8%.

Também foi detectada presença de sais e metais. De todos os poços, 3% deles registraram razoável teor de nitrato, proveniente da decomposição de matéria orgânica. Em Bauru, chegou a 7%. Nos poços onde foi encontrado cromo acima do padrão, o índice chegou a 11%. Esse metal pode ter origem natural, das rochas e de material vulcânico, mas também pode vir de emissões atmosféricas na fabricação de cimento, das fundições e de galvanoplastia. Os analistas da Cetesb detectaram ainda chumbo, fluoretos, bário e ferro.

Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)