Centro de Referência do Idoso ensina a envelhecer de forma saudável

Local oferece gratuitamente assistência médica especializada e atividades culturais e de lazer

qua, 18/09/2002 - 10h16 | Do Portal do Governo

Tem moradores da Zona Leste da Capital que não vêem a hora de fazer 60 anos. A explicação para essa curiosa ansiedade é a chance que eles ganharão de participar das programações do Centro de Referência do Idoso (CRI). O Centro completa um ano neste mês e já realizou cerca de 115 mil atividades culturais, de lazer e assistência médica especializada.

Todos os serviços oferecidos são gratuitos. A única condição exigida para ter acesso ao CRI é possuir 60 anos completos, conforme explicou a diretora técnica da unidade, Rosa Barros. “Alguns moradores aparecem aqui com 58 ou 59 anos, mas têm de esperar um pouco mais”, informou.

As pessoas que entram no Centro pela primeira vez se deparam com um prédio de 4.400 metros quadrados, bem equipado, limpo e com um alto astral. Por isso, ele é definido por alguns freqüentadores como um verdadeiro Paraíso. É o caso da senhora Elizabete Braga, de 62 anos. “É assim que eu me sinto aqui. Antes de inaugurar o Centro eu não saía de casa. Estava deprimida, com o colesterol alto, não andava e nem queria conversar com ninguém. Estava entregue à morte. Hoje minha vida mudou muito”, comparou.

Elizabete controlou o nível de colesterol e está completando o tratamento de artrose nas pernas. “Além das consultas médicas que a gente faz aqui mesmo, participo de outras atividades, como caminhada nas segundas-feiras, passeios externos nas terças e informática. Também vou começar a fazer parte de um grupo de teatro”, realçou.

Rosa Barros disse que o objetivo do Centro é integrar todos os Programas do Governo do Estado voltados à Terceira Idade. “A população idosa da Zona Leste sempre reivindicou melhor atendimento médico e outras atividades. Era uma região bastante carente para essa faixa etária”, observou.

A diretora lembrou que o CRI é pioneiro em alguns atendimentos médicos como a podologia, que trata dos pés dos idosos, evitando a ocorrência de doenças que podem levar à amputação. “Também temos o primeiro laboratório de próteses do Estado de São Paulo. Fornecemos em média 400 próteses dentárias por mês, além de dar todo o tratamento”, informou. O Centro realiza ainda cirurgias na área bucal.

Com um orçamento mensal de R$ 45 mil – excluído o salário dos profissionais –, o Centro fornece atendimento de fisioterapia, geriatria, psicologia, cardiologia, fonoaudiologia, otorrino, ortopedia, oftalmologia, ginecologia, radiologia, ultrassonografia, psquiatria, nutrição, neurologia, urologia entre outros.

O atendimento personalizado e o carinho dos funcionários ajudam a integrar e elevar a auto-estima dos idosos. Um som suave de violão e canto quase sempre acompanha quem for visitar o Centro. O oficial administrativo do CRI Paulo Guedes é o responsável pela melodia.

Ele toca e canta no andar térreo do prédio, em uma pequena praça com gramas e bancos. O som vaza por quase toda a dependência do Centro. “Dizer que o meu trabalho é gratificante seria pouco. Quase todas as pessoas que vêm aqui possuem um histórico de não poder realizar os seus sonhos. E, de repente, depois dos 60 anos elas percebem que são capazes de ainda ir atrás deles”, destacou. Guedes também é professor dos Projetos Cante Com a Gente e Toque Conosco, promovidos no local. “Tudo isso contribui para promover saúde e possibilitar um menor consumo de medicamentos”, disse.

Bailes atraem 400 pessoas

O baile que é realizado todas as sextas-feiras das 14h30 às 18h30 é o grande fenômeno do CRI. Semanalmente, cerca de 400 pessoas se dirigem ao local para dançar e se divertir. Para participar do baile – assim como de todas as atividades culturais e de lazer do Centro – não é necessário morar na Zona Leste. Vem gente de todos os cantos de São Paulo e até de outras cidades como Osasco, Ferraz de Vasconcelos, Poá e Suzano.

A maioria das pessoas que vêm pela primeira vez ao baile acaba voltando na semana seguinte. Com isso, muitos acabam tornando-se colegas, amigos, namorados e até companheiros. “Em um ano, o baile já formou cerca de 40 casais”, afirmou Rosa Barros.

Anadir e Ézio formam um dos casais mais animados do CRI. Eles se conheceram no baile e não deixam de vir em nenhuma sexta-feira. Namoram há três meses e tudo o que não querem é perder tempo na vida. “Temos de curtir cada momento. Na idade em que a gente está, viver o hoje está muito bom”, destacou Anadir de Araújo, de 67 anos, moradora de São Miguel Paulista e divorciada há 15 anos.

“Eu gostei do jeito dela dançar e ela gostou do meu. O balanço deu certo”, completou Ézio de Almeida, 61 anos, viúvo há 30 anos e morador de Ermelino Matarazzo.

Para Anadir, o local facilita o clima de naturalidade e romantismo. “Aqui é um ambiente saudável, tranqüilo e seguro. As pessoas são da nossa idade, não tem briga e nem desavença. Quero conhecer o meu namorado aos poucos, sem pensar em nada sério”, enfatizou.

Como chegar

O Centro de Referência do Idoso fica na Praça Padre Aleixo Mafra (Praça do Forró), nº 34, no bairro de São Miguel Paulista. O funcionamento é de segunda à sexta-feira, das 7 às 19 horas. Informações sobre as atividades podem ser obtidas pelo telefone (0 XX 11) 6297-9032.

O Governo do Estado já autorizou projeto para construção de um novo Centro de Referência na Zona Norte da Capital. O local escolhido terá 6 mil metros quadrados e ficará próximo ao Hospital do Mandaqui.

Rogério Vaquero