Hoje foram transferidos 140 presos para outras penitenciárias do Estado e a previsão é esvaziar todas as celas da Detenção até março de 2002
A população paulistana pôde acompanhar na manhã desta quinta-feira, dia 13, o início do processo de desativação da Casa de Detenção do Carandiru. A iniciativa, além de ser um antigo sonho dos moradores de São Paulo, acabará com um modelo penitenciário ultrapassado sujeito a fugas e rebeliões e permitirá a implantação de um parque no local, com 23 hectares de área livre para esportes, lazer e entretenimento.
Quatro ônibus partiram da Casa de Detenção, sob forte esquema de segurança, com destino ao interior do Estado para realizar a transferência dos primeiros 140 presos.
A saída foi acompanhada pelo governador Geraldo Alckmin e pelos secretários Nagashi Furukawa, da Administração Penitenciária, e Marco Vinicio Petrelluzzi, da Segurança Pública.
Alckmin explicou que ainda neste mês serão transferidos mais 600 detentos e que até março de 2002 a Casa de Detenção estará vazia. Segundo ele, a medida visa prioritariamente a Segurança. “A Casa de Detenção está em péssimo estado, parecendo um queijo suíço com tantos túneis”, disse. Ele informou que a reintegração dos presos à sociedade é o segundo objetivo. “Nas novas penitenciárias eles vão poder trabalhar, se reeducar e se preparar para o mercado de trabalho.”
Para possibilitar o fechamento da Casa de Detenção, o Governo do Estado está construindo 11 novas penitenciárias, em municípios do Interior. Alckmin lembrou que há 20 anos a desativação vem sendo prometida para a população. “Nós vamos cumprir a promessa, porque, além de construir novas penitenciárias, estamos implantando, simultâneamente, Centros de Detenção Provisória (CDP), Alas de Progressão Penitenciária e Cadeias de Segurança Máxima”, frisou.
Atualmente, a Casa de Detenção abriga 7.340 presos. Com as novas penitenciárias que vão ser entregues até janeiro de 2002, serão abertas 8.400 vagas no sistema carcerário. A primeira destas onze penitenciárias foi inaugurada nesta quarta-feira, dia 12, no município de Pacaembu, região do Alto Tietê. O secretário Furukawa informou que, até o fim deste ano, outras sete devem ser entregues, restando apenas três para o início do ano que vem.
O secretário afirmou que duas das onze penitenciárias vão receber presos que cumprirão pena em regime semi-aberto. Segundo ele, estas duas não vão receber presos do Carandiru, mas sim detentos que ocupam outras penitenciárias do Estado e receberam a autorização do Judiciário para sair do regime fechado. “As vagas que eles abrirem, ao saírem destas penitenciárias, serão preenchidas pelos presos da Casa de Detenção”, esclareceu.
Nos últimos seis anos, foram criadas 29 mil vagas no sistema penitenciário paulista. “Até o fim de 2002, serão 50 mil vagas prisionais implantadas por este governo”, informou Alckmin, destacando que o número é recorde, pois nos últimos 105 anos, apenas 21 mil vagas tinham sido criadas.
Rogério Vaquero
