Brasil produz kit avançado que comprova parasitoses intestinais

Projeto pode melhorar quadro no País, onde há mais de 130 milhões de pessoas infectadas

qua, 16/04/2003 - 11h20 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


Projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com a colaboração de empresas e instituições de pesquisa, gerou um kit denominado TF-Test, capaz de detectar um número muito maior de parasitos em material fecal de pacientes por meio de tríplice coleta, técnica inédita em todo mundo. O custo do projeto foi de R$ 1,5 milhão.

As parasitoses intestinais ou enteroparasitoses humanas continuam assustando, especialmente nos países tropicais. Só a amebíase atinge cerca de 10% da população mundial, com índice de mortalidade entre 40 e 110 mil pessoas. A grande vilã das doenças intestinais continua sendo a esquistossomose, responsável por óbitos que variam de 500 mil a 1 milhão de pessoas por ano. Estima-se que 450 milhões estão doentes, em sua maioria crianças, vivendo em áreas tropicais e em países em desenvolvimento, inclusive no Brasil.

Nova técnica

Constituído por três tubos coletores-usuário, um de centrifugação e um conjunto de filtros contendo duas telas, o TF-Test possui, entre inúmeras vantagens operacionais, o não-manuseio do material fecal. Jancarlo Ferreira Gomes, gerente de Novos Projetos e Produtos da Immunoassay, empresa que viabilizou a montagem do kit, diz que o sistema de clique para fechamento e vedação do conjunto processador é diferente do sistema de rosca utilizado. “O sistema convencional apresenta microvazamentos de líquidos e gases, o que também inviabiliza a eficiência dos resultados”, explica.

A coordenadora geral do projeto Modalidade, Inovações Tecnológicas em Pequenas Empresas (Fapesp-Pipe), professora Sumie Hoshino Shimizu, explica que os exames convencionais de apenas uma coleta revelam resultados negativos falsos que variam de 40 a 60%. Com a nova técnica, a pesquisadora acredita que esses números caiam consideravelmente, significando melhora de sensibilidade diagnóstica, especialmente em parasitoses de média e baixa intensidade.

“A Organização Mundial de Saúde recomenda três coletas alternadas num período máximo de 10 dias, com intervalos no mínimo de um dia entre as coletas. Obedecida esta conduta teremos aumentada em aproximadamente 20% a chance de detectar alguma forma parasitária”, afirma a professora.

Foram realizados testes com mais de mil pacientes infectados dentro do quadro de parasitoses de média e baixa intensidade e os resultados apresentados com grande sucesso durante o 36º Congresso da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, no mês de setembro, em São Paulo.

O estudo foi realizado em quatro laboratórios de referência (Unicamp/USP/Unesp/Unitaú) comparando o TF-Test com as técnicas comumente utilizadas no país (Lutz/Hoffman, Faust, Rugai, Kato-Katz e Coprotest).

A sensibilidade do TF-Test variou de 97,8% a 84,4%, comprovadamente superior à das demais técnicas. O lançamento mundial será em novembro durante a Medica-Dusseldorf, na Alemanha, uma das feiras mais importantes do setor de saúde. Até lá, comercializando o produto em larga escala, a Immunoassay espera que o mercado mundial absorva rapidamente o novo teste, que também será estendido à área veterinária.

Nos Estados Unidos e Europa há mais de 150 milhões de animais infectados, a grande maioria domésticos. A preocupação é que eles infectem seres humanos pelas fezes. A toxoplasmose, altamente perigosa para gestantes, é uma das doenças mais preocupantes.

(AM)