Botânica: Sementes de pau-brasil podem ser conservadas por 18 meses

Sementes da planta conservam-se seis vezes mais do que se pensava

qui, 13/02/2003 - 18h24 | Do Portal do Governo

Meio milênio após a chegada dos portugueses, uma nova ofensiva sobre o pau-brasil está em curso. Desta vez, os candidatos a conquistadores dessa bela e levemente perfumada árvore nativa da Mata Atlântica são cerca de 20 pesquisadores do Instituto de Botânica de São Paulo, que, auxiliados por colegas de outras instituições paulistas e até do exterior, atacam em várias frentes, há quase dois anos e sem trégua, esse recurso natural intimamente ligado à história do país. Só que, em vez de extrair a brasileína, o corante que emprestava o tom avermelhado às roupas da realeza, ou cortar sua preciosa madeira, como faziam os velhos algozes da árvore, o multifacetado time de, por assim dizer, exploradores contemporâneos (no bom sentido, é claro) da hoje escassa e ainda ameaçada de extinção Caesalpinia echinata persegue fins mais nobres.

Por meio de experimentos em fisiologia, bioquímica, anatomia, ecologia, tecnologia e até de pesquisas históricas, o grupo vai, aos poucos, iluminando algumas zonas de sombra que por vezes tornavam – e ainda tornam – obscuro ou pouco preciso o conhecimento científico a respeito do pau-brasil. Dessa forma, surgem mais elementos para balizar o trabalho de conservação das poucas reservas remanescentes da espécie e, quem sabe, auxiliar na promoção de seu reflorestamento ou mesmo de sua exploração sustentável se isso um dia se mostrar viável. ‘Reunimos competências para estudar a fundo a importância histórica, científica e econômica dessa árvore’, afirma Rita de Cássia Figueiredo Ribeiro, do Instituto de Botânica, coordenadora do projeto, que realiza entre 12 e 14 de março em São Paulo um simpósio internacional sobre o pau-brasil. ‘Muita gente acha que o pau-brasil já foi fartamente pesquisado, mas essa impressão é falsa.’

Em pouco tempo, menos de dois anos, o projeto ampliou o saber científico sobre o pau-brasil de forma considerável. Por ora, a descoberta mais significativa mostra que as sementes da árvore, conhecidas por serem relativamente frágeis e de difícil preservação no ambiente natural, podem ser conservadas, desde que submetidas a certas condições, por 18 meses, período seis vezes maior do que sustentava a rala literatura científica sobre o tema.

Marcos Pivetta – Revista Fapesp

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<C.M.>