Bioinformática: A dança dos genes

Brasileiros criam modelo matemático que define limite de evolução de genomas

ter, 04/02/2003 - 12h32 | Do Portal do Governo

A bioinformática, ramo das ciências da computação dedicado a criar softwares e ferramentas matemáticas para a área biológica, acaba de demonstrar um novo teorema que pode ser útil para o estudo da evolução de genomas.

Os pesquisadores João Meidanis e Zanoni Dias, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Maria Walter, da Universidade de Brasília (UnB), calcularam o número máximo de vezes que podem ocorrer dois tipos básicos de rearranjos no interior de um genoma: movimentos de blocos de seus genes e inversões na seqüência dos pares de bases (unidades químicas) que compõem esses genes.

Segundo os autores do estudo, publicado no final do ano passado no Journal of Computational Biology , a resposta a essa indagação é igual à metade do número de genes do genoma em questão mais o algarismo 2. Ou seja, num genoma com 100 genes, podem acontecer, no máximo, 52 rearranjos dos tipos descritos acima. Nesse caso, a conta é 100 ÷ 2 + 2 = 52. Se o número de genes for ímpar, o resultado da equação, uma fração, deve ser arredondado para baixo. ‘Essa equação, a principal de nosso trabalho, é válida para genomas com três ou mais genes’, diz Meidanis, líder do grupo de bioinformatas à frente do estudo. ‘Ela é um aperfeiçoamento de teoremas propostos por outros autores.’

O teorema pode ser útil no estudo da evolução dos genomas por permitir compará-los e, desse modo, ver o que há de comum e de diferente entre eles. Ao sofrer rearranjos como os mencionados, um genoma se transforma e gera um outro, diferente do original.

Do ponto de vista evolutivo, a distância entre dois genomas pode ser encarada como diretamente proporcional ao número de arranjos processados: quanto maior a quantidade de operações de reordenamento, maior a distância evolutiva entre eles. Há outras formas de medir a proximidade evolutiva entre genomas, mas essa foi a usada como parâmetro pelos pesquisadores nesse trabalho.

Portanto, o que a equipe de Meidanis fez foi calcular o número máximo de rearranjos – o equivalente à maior distância possível em termos evolutivos – que pode separar dois genomas que guardam certa semelhança.

Mais informações sobre este assunto podem ser encontradas no site da revista da Fapesp: www.revistapesquisa.fapesp

V.C.