Atletas da Melhor idade se superam nas Olimpíadas

Garra, emoção e realização. Este é o clima que contagia todos que participam dos Jogos Regionais dos Idosos.

qua, 24/08/2005 - 8h48 | Do Portal do Governo

Atletas com idade mínima de 60 anos, vindos de todas as regiões do Estado, participam de uma verdadeira Olimpíada da Terceira Idade. Mais que uma disputa, o evento, promovido pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp), tem o objetivo de reintegrar as pessoas da terceira idade ao meio social, além de sensibilizar e conscientizar a sociedade.

No decorrer do ano são realizadas várias etapas regionais, onde os atletas dão show de vitalidade e energia. Neste ano, mais de 9400 pessoas de 253 municípios participaram dos Jogos. Histórias cheias de surpresas e superações não faltam. A próxima etapa será realizada no dia 16 de setembro na Capital da cidade de São Paulo. Serão três dias de alegria e competição, em mais um capítulo desta história cheia de lições e busca da qualidade de vida.

Na abertura da última etapa realizada em São Manuel, no último dia 19, mais de 1850 atletas, de 53 municípios, participaram do desfile de delegações, acendimento da Pira Olímpica e juramento dos atletas. No decorrer no dia, houve a competição da modalidade de coreografias e promoveram uma verdadeira festa em ritmos de valsa, samba, axé, forró e muito sertanejo.

Aldinha Mello, 74, e Egydio Henrique Mello, 78, casados há 55 anos, participam do Jori há nove anos. Ele conta com vitalidade que os jogos proporcionam as mesmas emoções de quando dançava na juventude. “Já tenho três marcapassos. Mas ainda tenho muita energia para dançar”, diz Egydio. A esposa conta que, quando jovem o marido dançava sem compromissos, mas agora tem garra e deseja vencer. “Já me sinto uma campeã e ao lado dele minha felicidade fica completa”. Ambos representaram Ourinhos com a coreografia “História do Carnaval”.

Ao saber que uma das participantes da delegação de Sorocaba, Dirce Proença, 65 anos, deixaria o grupo, a amiga Eremita Berlinga, 72 anos, conhecida como Nita, resolveu agir. Mesmo com uma degeneração de retina que a impede de distinguir uma pessoa da outra, ela criou uma canção para Dirce, que estava desmotivada. “Todos do grupo cantaram a minha música: ‘Não deixe o grupo morrer, não deixe o grupo acabar. Não fique triste menina olhando a vida passar… Dançar é bom menina, e no Jori vamos arrasar’, cantou Nita orgulhosa. “O grupo é uma grande família, onde todos se respeitam” acredita.

Reconhecimento e aprendizado são sentimentos que ficam nas pessoas que participam do Jori. Conhecido como Lilo, Calil Chagurx Filho pode afirmar isso. Ele trabalha há 16 anos com dança e há quatro anos com a terceira idade. Após a apresentação da sua “tchurma”, como o grupo é carinhosamente chamado pelo professor, a emoção toma conta de todos. Ele diz, com lágrimas nos olhos, que na realidade ensina aos idosos 30% e aprende os outros 70%. “É um privilégio trabalhar com eles. Cada um deles carrega dentro de si um imenso universo”.

Allan Miranda, 32 anos, também professor da rede pública começou a dar aulas de dança para mulheres da terceira idade, há um ano. Ele, que tem 14 anos de profissão, nunca imaginou que conviver com pessoas da terceira idade poderia ser uma lição de vida. Allan conta que o método que usava para ensinar crianças é totalmente diferente do que aplica à terceira idade. “Com criança basta falar um pouco mais alto ou colocar de castigo para que elas te obedeçam. Já as “meninas” da terceira idade precisam de uma palavra mais doce. Uma conversa já é suficiente.”

Christiane Rocha

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