Arqueologia: Turismo cultural pode alavancar economia de cidade paulista

Preservação de sítios arqueológicos pode desenvolver turismo em Iguape

qua, 24/11/2004 - 10h28 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP
Por Mariana Delfini

Uma das soluções para uma cidade que não pode desenvolver agricultura nem indústria por se localizar em uma reserva pode ser o turismo cultural. Marcelo Pini Prestes propõe em sua dissertação de mestrado, defendida no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, que a cidade de Iguape, no Vale do Ribeira, aproveite seu patrimônio cultural para se desenvolver economicamente. ‘A cidade possui um dos maiores patrimônios arqueológico e arquitetônico do Estado de São Paulo, é a nossa Ouro Preto’, argumenta o arquiteto.

Situada em uma das regiões mais pobres do estado, a cidade abriga vários sítios em seu perímetro urbano, em torno dos quais predomina a deterioração. Marcelo explica que um dos objetivos é que o patrimônio tenha um reconhecimento internacional: ‘A Estação Ecológica de Juréia-Ita já é reconhecida. Mas no município de Iguape existem ainda vestígios da presença humana anterior à colonização, o primeiro porto fluvial do Brasil para escoamento de arroz e ouro, registros de coletores e pescadores de mariscos de três mil anos’.

Em seu trabalho, Marcelo mostra os caminhos que têm de ser realizados para que os sítios possam ser preservados e contribuam para o desenvolvimento econômico da cidade. Um dos modelos que inspirou o projeto é a cidade de São Raimundo Nonato, no Piauí, onde se localiza o Parque Nacional da Serra da Capivara. Por meio de um trabalho de vinte anos, a área se transformou em espaço de visita com atrativos turísticos e centro de referência internacional de pesquisa em arqueologia.

O projeto contribuiu também para o desenvolvimento econômico: a população se dedica ao artesanato e à monitoria. ‘O grande problema que a região enfrenta é a falta de verbas públicas, que foram suspensas desde o início do governo Lula’, comenta Marcelo.

Dificuldade

O período de aplicação do projeto é de médio e longo prazo. Uma das etapas é a de captação de recursos junto a órgãos que poderiam custear o projeto, como o Ministério da Cultura e empresas locais. Por ser difícil o financiamento, a idéia é que, com o tempo, os sítios arqueológicos desenvolvam potencial econômico suficiente para que a região se auto-sustente. Outro problema são as trocas de poder ao longo do tempo: ‘Muitas vezes uma gestão apóia a iniciativa, mas a outra não financia, então o projeto não anda’. O objetivo é fazer com que as leis façam parte das Leis Orgânicas municipais para que o projeto tenha continuidade.

Além disso, a equipe do MAE, que atua no projeto de resgate sustentável da região, começa um trabalho de educação patrimonial, trocando conhecimento com a população e mostrando a ela a importância da preservação do patrimônio. ‘A população apresenta bastante resistência porque vê o passado como um empecilho para o desenvolvimento, não vê que pode esse passado gerar recursos’.

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen
V.C.