Aniversário de SP: Fundação Seade divulga pesquisa em comemoração aos 450 anos

Preâmbulo 'São Paulo - Outrora e Agora' traz conjunto de informações para se preservar a memória pública paulista

qua, 21/01/2004 - 21h02 | Do Portal do Governo

Como um presente para a cidade de São Paulo, a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento do Estado, divulgou nesta quarta-feira, dia 21, uma pesquisa inédita sobre os 450 anos da antiga Piratininga.

O estudo, que permeia dados dos séculos XIX e XX, faz um preâmbulo de São Paulo – Outrora e Agora trazendo um conjunto de informações para se preservar a memória pública paulista. E o mais importante são as projeções para se planejar a São Paulo de 2025, tornando-a cada vez mais humanizada e com melhor qualidade de vida.

O pequeno centro urbano, de índios, bandeirantes e jesuítas, cresceu num ritmo alucinante e passou a um dos maiores aglomerados populacionais do mundo, contando atualmente com mais de 10,6 milhões de habitantes. De acordo com o estudo, desde 1872, quando foi realizado o primeiro Censo Demográfico do País e São Paulo registrava 31 mil habitantes, a capital paulista passou por altos e baixos em seus índices.

Para se ter uma idéia, enquanto em 1918 a gripe espanhola chegou a matar 5 mil pessoas apenas na capital paulista, a taxa de natalidade no início do século XX apresentou-se a mais elevada da história de São Paulo, aproximando-se de 40 nascimentos por mil habitantes.

A cidade de muitas origens e um só destino chegou a ter mais estrangeiros como habitantes do que naturais, em 1893. Entre os migrantes destacavam-se os italianos, espanhóis e portugueses, seguidos por japoneses, libaneses e argentinos entre outros. Só a partir da década de 30, os migrantes nacionais passaram a ser maioria. Em 2000, dos 10,4 milhões de habitantes da Capital, cerca de 3,2 milhões (30,2%) eram provenientes de outros Estados brasileiros e países. Eles se concentravam em quatro bairros da região central e quatro periféricos.

Entre as curiosidades do centro financeiro do País, está a expansão da população diária da Capital. Os deslocamentos de pessoas que residem em um município e trabalham ou estudam em outro torna-se um fenômeno muito presente na dinâmica populacional da cidade. De acordo com o Censo de 2000, mais de 750 mil pessoas, entre 15 e 65 anos, entravam ou saíam da Capital, sendo que 668 mil entravam e 96 mil saíam. A maioria desses deslocamentos rumo à Capital se deve principalmente ao trabalho.

Além do trabalho, São Paulo é uma cidade que estuda. O Censo de 2000 revelou que os estudantes totalizavam 2,9 milhões, sendo que a maioria – 2,6 milhões – estava na educação básica e 322 mil cursando o superior. Esses números correspondiam a 29% do total de habitantes do município. Os dados do Censo Escolar do MEC mostraram que 150 mil alunos estavam matriculados nos cursos de alfabetização, ensino fundamental, modalidade de educacional de jovens e adultos, por não terem oportunidade de freqüentar a escola na idade apropriada.

Na capital nacional da gastronomia, muitas pessoas residem sozinhas. De acordo com o Censo de 2000, 11,7% dos domicílios, a maioria na região central, eram ocupados apenas por um morador. Atualmente, a média é de 3,3 habitantes por domicílio, sendo que o bairro da República registra 2,2 moradores por residência.

No centro da cidade também se concentra o maior número de famílias em que a mulher é a chefe do lar. Das 3.137.994 famílias moradoras na Capital, em 2000, 29,9% tinham a mulher como arrimo. Também é na região central que as mulheres têm maior acesso às consultas médicas de pré-natal. Em 2002, ocorreram 185.417 nascimentos de crianças de mães residentes na Capital. Dessas, 58,8% haviam passado em consulta pré-natal pelo menos sete vezes durante a gravidez.

Com isso, registrou-se também a queda da mortalidade infantil, que passou de 30,9 óbitos de menores de um ano, por mil nascidos vivos, em 1990, para 15,4, em 2002, reduzindo pela metade o nível em 12 anos. Os menores índices encontram-se nos distritos de Moema, Butantã e Pinheiros.

A verticalização da cidade já é realidade também nos bairros periféricos e decorre de ações destinadas a buscar soluções para a população de baixa renda. A proporção foi maior de 80% a partir de 2000, quando apenas 21% das pessoas viviam em apartamentos.

O emprego característico de São Paulo, também mudou das indústrias metalúrgicas para a área de serviços especializados, destinados ao setor produtivo. Aumentaram ainda as oportunidades às mulheres de 4% para 7,5%, no mesmo período de 1985 a 2003. Porém, houve um decréscimo do rendimento familiar, que em 2003 correspondia a R$ 1.600,00.

O estudo aponta ainda o Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS) que sintetiza múltiplos aspectos sócio-econômicos e demográficos, diferenciando os municípios paulistas em cinco grupos. A cidade de São Paulo é aquela que mostra os melhores indicadores nas dimensões de escolaridade, longevidade e riqueza.

A perspectiva para a São Paulo de amanhã é que se mantenha no mesmo patamar. Em 2025, a população deve chegar a 11,3 milhões. Porém, a estagnação desse total revela que nos próximos anos a população estará mais adulta, consolidando o envelhecimento já observado no início do século XXI.

Como um alerta aos administradores, a população com mais de 50 anos passará de 1,8 milhão em 2000 para 3,7 milhões e exercerá uma pressão maior por serviços de saúde, lazer, previdência e condições de vida mais apropriadas a população mais envelhecida.

Lilian Santos