Alunos de escola pública aprendem remo, vela e canoagem na Represa Billings

Programa Navega São Paulo promove 1ª Regata de São Bernardo do Campo

seg, 18/04/2005 - 16h08 | Do Portal do Governo

Mesmo longe do mar, jovens da região metropolitana de São Paulo têm a oportunidade de praticar esportes náuticos. Os adolescentes estão aprendendo gratuitamente vela, canoagem e remo. Os treinos são realizados na Represa Billings, no núcleo de São Bernardo do Campo do programa Navega São Paulo, implantado pelo Governo paulista, em parceria com a prefeitura. De acordo com o governador Geraldo Alckmin esse é um programa importante porque evita que os jovens fiquem nas ruas, desperta o espírito de equipe e proporciona a formação de futuros atletas.

Instalado no segundo semestre do ano passado, o núcleo atende 140 alunos da rede pública, com idade entre 10 e 18 anos, que cursam de 5ª a 8ª séries ou o Ensino Médio. Ao todo, 30 embarcações das três diferentes categorias estão à disposição dos estudantes, que aprendem ainda noções de educação ambiental e primeiros-socorros. A segurança dos alunos é outra preocupação. Coordenador do Núcleo, Alexandre MacielNinguém entra na água sem coletes salva-vidas. Além disso, um professor acompanha todos os exercícios dentro da represa num bote motorizado.

“Também pegamos no pé de quem tem nota baixa e acompanhamos o desempenho e a freqüência, tanto na escola quanto nos treinos”, avisa o coordenador do Núcleo, Alexandre Maciel.

Na opinião de Katherine Arcanjo da Silva, de 14 anos, o esporte está realmente contribuindo para a melhoria do desempenho escolar. “Tenho mais vontade de estudar”, diz ela, que afirma ter conseguido melhorar as notas.

EUFORIA

Para praticar qualquer uma das três categorias, é necessário ter flexibilidade, resistência muscular e, principalmente, disciplina. O coordenador do Núcleo, Alexandre Maciel, conta os adolescentes chegam ao programa muito eufóricos, curiosos e empolgados. À medida que começam a praticar, aprendem a ter disciplina, zelar pelo equipamento e trabalhar em equipe.

Na opinião dele, essa euforia se justifica, porque a maioria dos jovens que participam do programa nunca tiveram contato com as modalidades antes.

FORMAÇÃO DE ATLETAS

Coordenador do Núcleo, Alexandre Maciel“O objetivo do programa é formar cidadãos, mas quando alguém se destaca, é claro que trabalhamos na formação desse atleta”, revela o professor de vela do núcleo, Frederico Zecchini Cabral.

Flávia Rodrigues Guerra, de 14 anos, é uma dessas revelações. Ela, que agora aprende canoagem, passou dois meses no remo e já ganhou a primeira medalha de ouro. Ela participou de uma regata na USP, onde competiu com atletas federados. “No começo eu estava um pouco nervosa. Mas acho que é normal, porque os outros participantes tinham mais experiência. Não achei que teria chance de ganhar, mas cheguei em primeiro lugar”, comemora.

Entre remo e canoagem, Flávia prefere o remo. “Não tenho muito equilíbrio para o caiaque, mas tenho força, o que é necessário para o remo”, explica ela, que já praticou natação.

O garoto Tainã Lima Massei, de 11 anos, está se saindo bem na vela. Ele, que nunca tinha praticado esportes náuticos, conta que não imaginava que encontrar essa modalidade numa represa. “Achei que aqui só teria caiaque, remo e barcos de madeira”, afirma.

I REGATA CIDADE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

Além de oferecer atividade esportiva para os jovens fora do horário escolar, o programa levou ao município uma competição inédita: a 1ª Regata Cidade de São Bernardo do Campo/Navega SP, realizada neste domingo, dia 17, no Parque Estoril.

O evento reuniu mais de 300 atletas. Além dos jovens de São Bernardo, também participaram estudantes dos núcleos de Santos e Praia Grande e atletas federados e filiados a clubes. O supervisor do núcleo São Bernardo, Fernando Souza Carazzato, explica que os estudantes são estimulados a competir com atletas profissionais. “É um estímulo e também vale como experiência”, disse.

Katherine Arcanjo da Silva e Flávia Rodrigues GuerraA regata também atraiu público. Flávia Rodrigues Guerra, que participaria da prova de remo, afirmou que a família estaria lá para torcer por ela. “Meus pais não puderam ver a prova em que ganhei minha primeira medalha, mas dessa vez não querem perder”, contou.

Katherine Arcanjo da Silva, de 14 anos, não escondia a ansiedade. Ela, que participaria da prova de remo, pediu para treinar durante a semana, fora do horário do curso. “E a escola? Não vai à aula?”, respondeu o coordenador do núcleo, Alexandre Maciel.

O PROGRAMA

O Programa Navega São Paulo foi idealizado pelo secretário estadual de Juventude, Esportes e Lazer, Lars Grael, iatista que foi campeão mundial e sul-americano e trouxe medalhas olímpicas para o Brasil. Além de promover a inclusão social dos jovens, o programa incentiva a difusão dos esportes náuticos e possibilita a formação de novos atletas.

O programa conta com quatro núcleos, Presidente Epitácio, Praia Grande, São Bernardo do Campo e Santos. Outros três estão em fase de instalação, nos municípios de São Vicente, Cubatão e Piracicaba. Cada núcleo tem capacidade para receber até 160 jovens, todos estudantes de escolas da rede pública. No ano passado, o Estado investiu R$ 1.307.385 no programa para o atendimento de 1.189 jovens. Em 2005, estão previstos repasses de R$ 1.756.000 e participação de 5.200 adolescentes.

O Navega São Paulo é implantado em parceria com as Prefeituras em locais próximos a margem de rio, lago, mar ou represa, desde que o espaço tenha condições de receber as três modalidades.

As embarcações para a prática dos esportes são cedidas pelo Governo do Estado, além do material permanente, como os coletes salva-vidas dos jovens e os botes motorizados usados pelos professores para acompanhar os alunos nos exercícios dentro da água, e os recursos para manutenção dos equipamentos.

Já a seleção de escolas que poderão enviar alunos para o programa, o transporte e lanche dos jovens ficam a critério da Prefeitura, que também é responsável pelo galpão para guardar as embarcações.

O Navega São Paulo também está gerando emprego, principalmente para atletas, já que cada núcleo conta com um coordenador geral, um supervisor, três instrutores, quatro monitores, um secretário e um marinheiro.

É o caso do e Alexandre Maciel, que é praticante de remo e está no último ano do curso de Educação Física. Contratado como coordenador do núcleo São Bernardo, ele destaca que se buscasse sustento apenas na prática do esporte levaria muito mais tempo para conseguir o retorno financeiro que tem hoje.

Cíntia Cury