Algodão: IEA realiza estudo sobre preços internacionais e consumo brasileiro

Para 2003/04, é esperado crescimento de 7% na produção mundial de algodão

qui, 28/08/2003 - 14h50 | Do Portal do Governo

As cotações de algodão no mercado internacional recuperam-se no decorrer da temporada 2002/03, depois de atingir, na safra anterior, os menores níveis das duas últimas décadas. O Índice A de Liverpool, que alcança US$61,20 cents/libra-peso neste início do ano-safra 2003/04, é o mais elevado patamar dos últimos vinte e quatro meses.

Para essa reação das cotações, contribuíram a redução de 11% na produção, a qual totalizou 19,14 milhões de toneladas, e o crescimento no consumo, para 20,96 milhões de toneladas (3,8%) em 2002/03. O resultado é o declínio de 17% nos estoques e a reversão da tendência crescente desse item do suprimento mundial, segundo o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (CAC).

Para 2003/04, é esperado crescimento de 7% na produção mundial de algodão, que deverá alcançar 20,49 milhões de toneladas. No entanto, a oferta deve decrescer ligeiramente (em 1,6%) e totalizar 29,31 milhões de toneladas, tendo em vista a redução nos estoques iniciais da safra.

O consumo previsto, de 21,23 milhões de toneladas, deve ser apenas 1,3% superior ao da temporada passada por conta do enfraquecimento do ritmo de utilização da fibra nos países industrializados. De todo modo, pelo segundo ano consecutivo, o consumo deve superar a produção.

Assim, o Índice A de Liverpool deve atingir, em média, US$61,00 cents/libra-peso na safra 2003/04, patamar 9,5% acima da safra que ora finda, conforme o ICAC. Esse nível de preços, entretanto, ainda deve permanecer abaixo da média dos últimos 25 anos, de US$72,00 cents/libra-peso2.

As causas do recente declínio das cotações internacionais de algodão não podem ser atribuídas exclusivamente às condições da oferta e demanda do produto, em virtude da forte influência exercida pela concessão de subsídios governamentais à produção e à exportação. De acordo com estudo realizado pelo ICAC, a eliminação de todos os subsídios redundaria em aumento de US$31,00 cents/libra-peso sobre os atuais preços do algodão no mercado mundial2.

No Brasil, a produção de algodão em pluma deve ser 850,8 mil toneladas, na safra 2002/03, com aumento de 11% em comparação com a anterior, graças ao crescimento de 12,3% na produtividade, haja vista a moderada redução de 1,1% na área cultivada. Entre os estados produtores, destaca-se a Bahia com ganho de 29,1% na produtividade média, onde a produção de algodão foi elevada em 58,6%, reafirmando a posição do Estado como terceiro maior produtor nacional. Em Mato Grosso e em Goiás, as produtividades cresceram 10,8% e 8,2%, respectivamente, conforme a CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento 3.

Não obstante o quadro interno, as importações devem ser ampliadas em 92% e alcançar 130 mil toneladas. Os preços relativamente baixos no mercado internacional e a recomposição dos estoques internos, em virtude da maior quantidade a ser destinada ao exterior, possivelmente justificam as maiores internalizações do produto. Desse modo, o estoque final deve ser ampliado em 79,6% e totalizar 171 mil toneladas.

Quanto às possibilidades de ampliação da produção de têxteis para exportação, os produtos brasileiros deverão enfrentar:

a) até 2005, as cotas previstas pelo ATV – Acordo de Têxteis e Vestuário 6;
b) os regimes especiais de comércio no âmbito do NAFTA – Acordo de Livre Comércio da América do Norte, destino da maior parcela das exportações7;
c) tarifas de importações dos produtos da cadeia produtiva de têxteis/confecções maiores quando comparadas a outras manufaturas, nos países desenvolvidos8.

Mesmo assim, é importante salientar que as exportações brasileiras de têxteis de algodão apresentaram crescimento de 22,3% no primeiro semestre de 2003, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Do Instituto de Economia Agrícola
C.A