Alckmin vistoria de barco as obras de rebaixamento do Rio Tietê

Metade do trabalho já está concluída. Objetivo é ampliar a vazão do Rio em 65% para evitar transbordamentos

seg, 21/07/2003 - 18h06 | Do Portal do Governo


Uma vistoria de quase uma hora a bordo de um barco pelas águas do Rio Tietê, em São Paulo, nesta segunda-feira, dia 21, foi o suficiente para constatar não só a rapidez dos trabalhos de rebaixamento da calha, mas o potencial do transporte fluvial. Enquanto o tráfego de veículos ia lento nas Marginais e na Rodovia Castello Branco, a embarcação Marcílio Dias navegava em um ritmo constante pelo Rio.

A bordo estavam o governador Geraldo Alckmin, o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, e representantes do Japan Bank International Cooperation (JBIC), banco do governo japonês, que está financiando 75% das obras de aprofundamento do Rio. O investimento total é de R$ 688,3 milhões, com 25% pagos pelo Estado. Alckmin vistoriou os trabalhos e informou que 50% da obra já está concluída. A previsão de término é agosto de 2004.

No trajeto, Alckmin anunciou a implantação de um jardim de 24,5 quilômetros nos dois lados do Rio e a substituição da barreira de ferro na lateral das marginais por proteções de concreto, consideradas mais seguras e resistentes.

Obra beneficiará toda região metropolitana

O Rio Tietê está sendo aprofundado 2,5 metros, em média, numa extensão de 24,5 quilômetros, entre o Cebolão, na Zona Oeste, e a Barragem da Penha, na Zona Leste da Capital. A largura do Rio também está sendo ampliada e chegará a 42 metros. O objetivo é aumentar a vazão do Rio em 65%, passando de 640 m3/s para 1.048 m3/s. Isso irá evitar o transbordamento nos meses de verão, quando há maior incidência de chuvas. Alckmin destacou que no verão deste ano já não houve enchentes no Tietê. “A obra estava apenas 28% executada e não ocorreu transbordamento”, analisou.

Além de beneficiar os moradores da Capital e os motoristas de todo o País, que utilizam diariamente as marginais Tietê e Pinheiros, o governador lembrou que a obra é fundamental para a Região Metropolitana. “O Tietê é o grande ralo, pois todos os rios deságuam nele. Com o rebaixamento, todos rios terão mais facilidade para entrar no Tietê, evitando enchentes em muitos pontos e ajudando toda a macro-drenagem”, disse.

Eclusa

Simultaneamente aos trabalhos de rebaixamento, está sendo realizada a implantação de uma eclusa no Cebolão, onde há um desnível no encontro entre os Rios Pinheiros e Tietê. A parte de construção civil da eclusa já está 100% pronta, faltando apenas a conclusão da parte eletromecânica, que está 60% executada. Alckmin explicou que, em breve, a retirada dos materiais do Rio será feita por barcaças e não mais por caminhões. “São 150 caminhões por ano, ou seja, 12 mil por mês que deixarão de circular pelas marginais e avenidas da cidade. O transporte será feito pela hidrovia que está sendo implantada”, afirmou.

O governador não descartou que num futuro próximo o Rio Tietê também possa ser um eficiente meio de transporte para cargas e passageiros. “A Secretaria dos Transportes Metropolitanos está estudando a viabilidade econômica disso. Mas, sob o ponto de vista de navegação, a medida é viável, pois após o rebaixamento o Rio terá até 4,5 metros de profundidade”, observou.

Qualidade da água

Com a resolução do problema das enchentes em São Paulo, Alckmin acredita que a próxima meta será melhorar a qualidade da água do Rio Tietê. Ainda bastante poluída, a água deverá receber uma menor quantidade de esgoto nos próximos anos. Mauro Arce informou que o Governo do Estado está executando uma obra em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para interligar mais 400 mil residências à rede de esgoto, evitando que os resíduos cheguem diretamente no Rio. O investimento será de R$ 1 bilhão, sendo metade paga pelo Estado e os outros 50% financiados pelo BID.

Segundo Arce, nos últimos oito anos e meio a Sabesp triplicou o índice de tratamento de esgotos nas cidades onde atua. “Mas, além disso, é preciso que os municípios desvinculados da Sabesp liguem os coletores-tronco para que os esgotos possam ser transportados para as Estações de Tratamento”, disse, acrescentado que também é necessário um grande esforço acabar com a poluição difusa, pois boa parte dos detritos que chegam ao Rio Tietê não é formada por esgotos, mas por materiais jogados nas ruas pela população.

Rogério Vaquero