Alckmin recebe Caravana Nacional Contra o Trabalho Infantil

São Paulo é o quarto Estado a receber a caravana

ter, 29/06/2004 - 21h03 | Do Portal do Governo


Crianças e adolescentes que já foram trabalhadores infantis foram recebidos na noite desta terça-feira, dia 29, pelo governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes.

Elas fazem parte da Caravana Nacional contra o Trabalho Infantil, que tem o objetivo de mostrar e repercurtir a questão da erradicação do trabalho infantil, através de encontros estaduais, mobilizando o máximo de pessoas, no Brasil e no mundo.

‘Vamos cumprir ao máximo esse trabalho com as nossas crianças e dos nossos jovens. Tudo tem seu tempo, mas o trabalho tem que ficar mais para frente para esses adolescentes’, disse o governador. Alckmin ressaltou as ações do Governo paulista nesse sentido, como o Programa Escola da Família, que abre as 6 mil escolas do Estado aos finais de semana e feriados para as crianças realizarem atividades de lazer, esporte, teatro, música com educadores profissionais e universitários. ‘Em um ano e meio já passaram pelas nossas escolas 40 milhões de pessoas’. Citou também o Espaço Amigo e a Renda Cidadã, ações voltadas para diminuir a evasão escolar. ‘De 1ª a 4ª série a evasão escolar em São Paulo é de 1%, de 5ª a 8ª, 3% ,e no ensino médio apenas 8%. São índices que estão em queda’, disse.

São Paulo é o quarto Estado a receber a caravana, que teve iníciou o Rio Grande do Sul, seguindo para Santa Catarina e Paraná. O Estado paulista está sendo representado por três adolescentes: Franciele Ferreira Bernardo, da Capital, Bismarque Nunes Pereira e Maria Inês Nunes Pereira, de São Bernardo do Campo.

Eles entregaram ao governador um cata-vento, símbolo do combate ao trabalho infantil e uma carta aberta. Alckmin assinou um Termo de Compromisso com a Erradicação do Trabalho Infantil e lembrou que o Estado está pagando uma bolsa de R$ 60 para jovens de 15 a 24 anos que querem voltar a estudar dentro do Programa Ação Jovem. ‘Estamos atendendo no momento 10 mil jovens’, explicou o governador.

Alex Sandro dos Santos, de 15 anos, comentou a importância das ações da Caravana. ‘É bom a gente lutar para acabar com o trabalho infantil e colocar as crianças nas escolas’. Alex é prefeito mirim da Fundação Orsa (que bancou as despesas aéreas da caravana) e vendia balas nos faróis de São Paulo para ajudar o orçamento da casa. ‘Eu faltava muito nas aulas e, às vezes, até perdia o ano. Me sentia mais cansado e não tinha tempo para brincar’.

Segundo relatório elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicado neste mês, pelo menos 559 mil crianças trabalham em funções domésticas.

Para Maria Helena de Castro, secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (Seads), o Estado vem trabalhando de forma segura e firme para desenvolver políticas públicas para as crianças e adolescentes, especialmente na área da erradicação do trabalho infantil. ‘Iniciamos em 1994 um pacto com alguns setores como o calçadista, sucoalcooleiro e todos foram retirando as crianças do trabalho’. Ela alertou às prefeituras municipais que devem buscar políticas para retirar as crianças dos faróis de suas cidades.

Organizada pela gerência do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) em São Paulo e por representantes estaduais do Fórum Nacional, a caravana termina no dia 29 de novembro, em Brasília, quando as reinvindicações serão entregues ao Governo Federal.

Joelcimara do Nascimento, 10 anos, era catadora de lixo e teve sua vida transformada depois que parou de trabalhar. ‘Mudaram muitas coisas na minha vida, porque antes eu não sabia qual rumo tomar. Esse lado da violência ou o lado bom. Quando começou o Peti eu parei de ir para o lixão e tive mais tempo para estudar’.

Outra iniciativa destacada pelo governador Alckmin é o incentivo à leitura. Segundo ele, São Paulo é um Estado de leitores e há um grande esforço para que as crianças comecem a ler o mais cedo possível para criar esse hábito ‘Quem lê mais escreve melhor e terá um aprendizado melhor. Até setembro todos os municípios terão bibliotecas de forma direta ou indireta incentivadas pelo Estado”.

Carlos Prado