Alckmin quer pressa na exploração de gás natural da Bacia de Santos

Jazida tem capacidade para triplicar consumo atual do País

qua, 14/01/2004 - 18h08 | Do Portal do Governo

A exploração da jazida de gás natural da Bacia de Santos, no Litoral paulista, pode triplicar o consumo do combustível em São Paulo, além de permitir a redução do seu custo quase pela metade. ‘Seria uma revolução, mais emprego, mais renda’, disse o governador Geraldo Alckmin, ao relatar sua reunião com o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, no Rio de Janeiro, para reivindicar pressa na retirada do gás na jazida, descoberta recentemente.

‘Essa jazida poderá aumentar o consumo de gás natural para 55 milhões de metros cúbicos por dia, durante 20 anos, o triplo do que se utiliza hoje – cerca de 18 milhões’, destacou o governador. A Bacia de Santos conta com reserva da ordem de 419 bilhões de m³. ‘Um potencial extraordinário’, comenta Alckmin. Novas avaliações, realizadas em setembro, indicam que o campo pode atingir 1 trilhão de metros cúbicos, o que a tornará uma mega reserva, semelhante à da Bolívia.

O gás natural representa mais oportunidades de desenvolvimento e competitividade, melhoria ambiental, aumento da eficiência na indústria e no comércio. Sua utilização em veículos, permite energia limpa e econômica. ‘Além do ganho financeiro, há também o ganho ambiental’, destacou.

O governador lembrou que na matriz energética brasileira, o gás natural representa 3%, enquanto na Argentina representa 20%, nos Estados Unidos, cerca de 25% e na Europa, mais de 20%. ‘Nós poderemos chegar, em poucos anos, a 10%’, enfatizou.

Para o governador, a exploração da Bacia de Santos permitiria que o Estado adquirisse o gás por um preço mais acessível, já que o gás que vem da Bolívia, e que é responsável por 70% do consumo paulista, é o mais caro. ‘Hoje nós pagamos US$ 3,30 por um milhão de BTU (British Thermal Unity) para a Bolívia. Nós podemos ter amanhã o gás natural a US$ 2, e com a redução do preço, o mercado vai crescer’, disse.

O secretário João Carlos de Souza Meirelles, de Ciência e Tecnologia, que esteve presente ao encontro, disse que a proposta do governo paulista está baseada no princípio simples de que aumentando o consumo, diminui-se o preço. ‘Mas trata-se de uma alteração profunda na matriz energética do país’, considerou.

Mesmo com o alto preço do combustível, São Paulo elevou o consumo, em cinco anos, de 3 milhões para 11 milhões de metros cúbicos por dia. Esse número representa cerca de 60% de todo o gás natural consumido no Brasil. Em todo o Estado já foram feitas 1,4 mil quilômetros de redes de gás, com investimentos de R$ 1 bilhão da Comgás, Gás Brasiliano e Gás Natural São Paulo Sul. A rede atinge 408 mil consumidores em 55 municípios.

Gasoduto Rio-São Paulo

‘Além disso, existe um outro gasoduto, o Rio-São Paulo, em obras’, declarou Alckmin. O investimento é de cerca de R$ 500 milhões. Ele está sendo construído ao lado do gasoduto que transporta o combustível da Bacia de Campos para o Estado. O novo traçado passa por Campinas, Guararema e vai até o Rio.

‘É um gasoduto de mão dupla. Pode trazer o gás da Bacia de Campos e também levar o gás de São Paulo, que hoje vem da Bolívia, para o Rio. E daí pode ir para o Nordeste, integrar uma rede de gás no País. E quando for possível, também se poderá colocar o gás de Santos no gasoduto e mandar para as regiões Nordeste e Centroeste’, destacou.

Na avaliação do governador, a Bacia de Santos precisa de um investimento de R$ 3 bilhões, mas ele se paga com uma velocidade extraordinária. ‘A Petrobrás tem recursos, é extremamente capitalizada, outro o caminho é buscar parceiros através da Parceria Público Privada.

O secretário Meirelles considerou que outros temas tratados com a Petrobrás foram também importantes para o crescimento econômico do Estado: aumento da capacidade das quatro refinarias (Cubatão, Capuava, São José dos Campos e Paulínia) e uma nova planta de polipropileno no Estado, providência que deve ser tomada agora para que o Brasil não precise importar o material daqui a três anos.

‘Avançamos significativamente desde a decisão do governador Geraldo Alckmin, no primeiro semestre de 2003, de eleger a energia, especialmente nos campos do petróleo e do gás, como área prioritária de atuação’, afirmou Meirelles.

Carro a gás

O governador afirmou ainda que o Governo do Estado está trabalhando junto às montadoras para o carro a gás ser produzido ainda este ano. ‘Hoje é preciso comprar um carro movido a gasolina ou álcool e converter. Paga-se R$ 3 mil e, às vezes, a tecnologia é discutível. Com o carro a gás vindo diretamente das fábricas , um grande ganho financeiro e ambiental: trocar uma energia poluente como o derivado de petróleo, a gasolina ou óleo diesel, por energia limpa, verde, que é o gás natural’. afirmou.

Cíntia Cury / Takao Miyagui