Alckmin manifesta expectativa de mudanças no comércio internacional, na XI Unctad

Governador defende inclusão progressiva das regiões mais pobres do mundo na sociedade do bem-estar

seg, 14/06/2004 - 16h15 | Do Portal do Governo


O governador Geraldo Alckmin afirmou em discurso na abertura da XI Unctad, em São Paulo, nesta segunda-feira, dia 14, que o acesso aos mercados e a flexibilização das posições negociadoras dos países desenvolvidos, no âmbito externo, constituem condições fundamentais à participação dos países em desenvolvimento nos fluxos de comércio. Para o governador, mudanças positivas nessa direção contribuiriam para a própria estabilidade dos países desenvolvidos.

Alckmin manifestou sua expectativa de que os debates do encontro possam produzir reflexões positivas e operacionalmente efetivas quanto à participação do Brasil e países em desenvolvimento nos fluxos dinâmicos internacionais de comércio, tecnologia e investimentos.

Kofi Annan homenageia Sérgio Vieira de Melo

Alckmin foi recebido pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que parabenizou a Unctad pelo seu quadragésimo aniversário. “Sem esse evento, o debate sobre o desenvolvimento não seria tão rico e a pobreza seria ainda maior ao redor do mundo. Essa conferência vem em um momento oportuno. São muitos anos de experiência e nós estamos no começo da recuperação da economia global”, disse Annan.

Durante o discurso, o secretário-geral homenageou o brasileiro Sérgio Vieira de Melo, que morreu tentando ajudar o povo do Iraque, e também Rubens Ricúpero, secretário-geral da Unctad, que vai terminar seu mandato depois de nove anos de serviços prestados.

Íntegra do discurso do governador Geraldo Alckmin:

“É uma grande satisfação para mim participar da abertura da XI Unctad, organização que constitui importante instrumento de promoção do desenvolvimento econômico e social. Desejo, especialmente, estender as boas vindas do Governo do Estado de São Paulo aos Chefes de Estado e de Governo, aos Ministros de Estado, aos altos representantes das organizações internacionais, a todas as delegadas e a todos os delegados dos 192 países que nos visitam.

A realização da XI Unctad em São Paulo, no quadro do aprofundamento das iniciativas brasileiras para ampliar a sua presença nos mercados internacionais, é muito auspiciosa. Efetivamente, nos últimos dez anos o comércio externo do Brasil cresceu 90%.

O Estado de São Paulo, que participa com um terço do Produto Interno Bruto e com 45% da produção industrial do Brasil, tem procurado contribuir com as ações brasileiras para aprofundar a sua inserção no mercado internacional, por meio de políticas de promoção do empreendedorismo, de eficiência da gestão pública e de medidas de estímulo à competitividade. Como resultado dessas políticas, as exportações do Estado de São Paulo no primeiro trimestre de 2004 cresceram 28% relativamente a igual período de 2003.

Mas, naturalmente, o Brasil e os países em desenvolvimento, de uma maneira geral, ainda têm muito caminho a percorrer. Temos a expectativa de que os debates da XI Unctad possam produzir reflexões positivas e operacionalmente efetivas quando à participação desses países nos fluxos dinâmicos internacionais de comércio, tecnologia e investimentos.

Considero que essas reflexões devem abordar duas vertentes igualmente relevantes: interna e externa. No âmbito doméstico, cabe aos países em desenvolvimento adotar as políticas mais adequadas para promover o aumento da eficiência e a inserção competitiva no mercado internacional, que são condições necessárias para o crescimento sustentado. O ponto de partida, para tanto, devem ser medidas de responsabilidade fiscal, de estabilidade econômica, de regulamentação, de transparência das regras, de cumprimento dos contratos e de criação da logística e da infra-estrutura propícias ao comércio exterior e aos investimentos estrangeiros.

Adicionalmente, o desenvolvimento educacional, a implantação de programas de inclusão social e o incentivo à inovação e à criação tecnológica são instrumentos necessários à melhoria das condições gerais de competitividade.

A esse respeito, recente estudo da Unctad oferece um panorama de desafio quanto às possibilidades de inserção dos países em desenvolvimento nos setores novos e dinâmicos do comércio internacional.

Por outro lado, no âmbito externo, o acesso aos mercados e a flexibilização das posições negociadoras dos países desenvolvidos constituem condições fundamentais à participação dos países em desenvolvimento nos fluxos de comércio e, em última análise, à própria inclusão progressiva das regiões mais pobres do globo na sociedade do bem estar. Mudanças positivas nessa direção contribuiriam para a própria estabilidade dos países desenvolvidos.

Temos a esperança de que os debates da XI Unctad possam contribuir para se encontrarem caminhos e se adotarem políticas, tanto no âmbito dos países em desenvolvimento quanto no dos países desenvolvidos, para a consecução desses objetivos”.