Alckmin lança programa que dará emprego para dois mil internos da Febem

Parceria com Fundação Bradesco e Centro Paula Souza vai permitir que menores trabalhem em escolas estaduais

ter, 15/04/2003 - 16h38 | Do Portal do Governo

O governador Geraldo Alckmin lançou nesta terça-feira, dia 15, dois programas-piloto voltados à capacitação dos internos da Fundação Para o Bem Estar do Menor (Febem): um, em parceria com a Fundação Bradesco, visa formar monitores em informática; o outro, em convênio com o Centro Paula Souza, vai treinar atendentes de bibliotecas em escolas estaduais.

Inicialmente, serão atendidos adolescentes das unidades da Raposo Tavares, Mooca, Brás, Vila Maria e Tatuapé, que depois serão contratados como estagiários pela Secretaria da Educação e ganharão um salário mínimo. Mais mil vagas foram abertas por 30 empresas que também oferecerão estágios aos internos, de acordo com a disponibilidade de vagas. A meta é atingir, até julho deste ano, todas as 68 unidades da Febem da Capital e do Interior. Além de oferecer a empregabilidade, a iniciativa pretende funcionar como um incentivo ao Poder Judiciário para concessão de progressão de medida sócio-educativa. A cerimônia foi realizada na unidade no complexo da Febem Raposo Tavares.

Esta iniciativa vai permitir que dois mil internos em todo o Estado sejam capacitados, de um total de 5.800 menores que estão na instituição.

O convênio com a Fundação Bradesco terá 40 horas de duração e vai possibilitar que os internos tenham emprego assegurado pelo prazo mínimo de um ano. Inicialmente, serão formados os multiplicadores, que serão contratados pela Febem, por intermédio do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). Os multiplicadores vão treinar os internos, durante quatro meses. Capacitados e com empregabilidade aumentada, os adolescentes terão maior possibilidade de obter do Poder Judiciário progressão de pena para liberdade assistida e semi-liberdade.

Uma vez autorizados pelo Poder Judiciário, os adolescentes estudarão pela manhã em escolas públicas, trabalharão à tarde como monitores nas escolas e dormirão à noite nas unidades da Febem. O curso teve início nesta terça-feira, na unidade Raposo Tavares.

A parceria com o Centro Paula Souza terá 180 horas de duração, divididas em quatro meses. Terão preferência os adolescentes com possibilidade de desinternação em seis meses e que estejam cursando o Ensino Médio. O programa será iniciado na primeira semana de maio.

A nova perspectiva de vida que o programa vai oferecer aos internos e a boa vontade das empresas em participar desta iniciativa foram destacadas por todas as autoridades presentes.

“Nós vamos construir um novo modelo. Não é fácil, não tem passe de mágica, mas é um trabalho de perseverança, no rumo certo, que é de educar, oferecer oportunidade para que a gente possa construir uma sociedade melhor”, disse Alckmin ,agradecendo a participação da iniciativa privada neste programa. Ele adiantou que o próximo convênio será assinado com o Senac para formação de fotógrafos.

O governador observou que a responsabilidade em oferecer um futuro melhor aos internos depende de um esforço coletivo de toda sociedade, e mais uma vez, mencionou a necessidade de combater a resistências dos prefeitos e da população do Interior contra a construção de unidades menores da Febem em suas cidades.

O diretor da Fundação Bradesco, João Caliello, disse que a educação é a melhor maneira de se resgatar a cidadania para os internos. “A informática lhes dará acesso a todas as portas, já que no mundo moderno cobra-se cada vez mais o conhecimento digital”, falou.

A importância do amparo familiar, aliado à oportunidade de emprego, foi destacada pelo secretário Gabriel Chalita. “Este é o grande desafio que nós temos como educadores; por isso, o governador passou a Febem para a Secretaria da Educação, para que nós tivéssemos estrutura, ajudássemos este jovem a ter outras oportunidades”, comentou. Chalita disse que a Febem não se restringe somente à unidade de Franco da Rocha. “Nós temos 68 unidades, onde acontece um trabalho pedagógico muito sério, que precisa ser aprimorado”, disse, alertando que é preciso haver um diálogo constante com o Ministério Público e com o Tribunal da Justiça para acompanhar o perfil das medidas sócio-educativas, para que os menores tenham perspectiva de vida.

Chalita afirmou que o processo de educação dos internos é complexo, uma vez que as famílias perderam o controle sobre a criação e o Estado vem batalhando nesta questão. Futuramente, o secretário disse que pretende mudar o nome da Febem, mas só depois que o governo atingir seus objetivos de construir mais unidades no Interior e aumentar o orçamento da instituição, o que reverter na recuperação dos adolescentes.

Valéria Cintra