Alckmin fala sobre desenvolvimento em entrevista para jornais do Interior

Governador recebeu jornalistas de 13 veículos vinculados à Associação Paulista de Jornais

qua, 21/07/2004 - 11h04 | Do Portal do Governo

O governador Geraldo Alckmin recebeu em café da manhã para entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira, dia 20, no Palácio dos Bandeirantes, jornalistas de 13 veículos de comunicação do Interior e da Grande São Paulo e representantes da Associação Paulista de Jornais (APJ). Os veículos são associados da APJ, entidade criada há 11 anos, que reúne 15 principais jornais regionais do Interior de São Paulo. Alckmin destacou a importância da imprensa regional. “Essa é uma tendência que deve crescer muito. As pessoas querendo conhecer com mais profundidade as questões das regiões onde vivem”, disse. Ele também ressaltou que houve um salto de qualidade na imprensa do Interior e da Região Metropolitana, tanto na questão gráfica quanto na editorial.

Durante o encontro, o governador falou sobre o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Ele apontou que as questões de emprego e renda são, atualmente, as maiores preocupações da população. “Esse é o desafio do mundo moderno, especialmente para nós, brasileiros, porque temos uma população jovem e uma base demográfica larga. Quase 1,5 milhão de novos empregos precisam ser gerados todo ano para a juventude que está chegando ao mercado de trabalho. Esse é o desafio”, enfatizou.

De acordo com Alckmin, o Governo paulista está trabalhando com enfoque regional, com planejamento e potencialização da vocação de cada região. “Temos realidades muito diferentes. O Estado de São Paulo reproduz um pouco do Brasil, com suas desigualdades, até dentro das próprias regiões, e realidades muito distintas”, disse.

Ele lembrou que esse foi o motivo da realização, desde o ano passado, dos Fóruns Regionais, que atingiu todas as áreas do Estado, onde o Governo paulista pôde ouvir e discutir a questão do desenvolvimento de cada região com todos os segmentos da comunidade, trabalhadores, empresários, sociedade civil e classe política. “O segundo ponto foi discutir as cadeias produtivas, os chamados Arranjos Produtivos Organizados que, às vezes, perpassam mais de uma região. Saber o que trava o crescimento de determinada atividade, o que está dificultando esse crescimento”, explicou.

Alckmin destacou que uma das questões avaliadas foi a dos impostos. Assim, a administração estadual promoveu redução de impostos para diversos segmentos como forma de alavancar o crescimento. Um exemplo é o setor calçadista, no qual a alíquota de ICMS em São Paulo era de 18% e a interestadual era de 12%. “Quando se comprava um produto dentro do Estado, pagava 18%. Se tivesse vindo de fora, pagava 12%”, informou Alckmin. O Governo estadual reduziu a alíquota do setor de 18% para 12%, melhorando a competitividade da indústria paulista. A ação beneficiou regiões como as de Franca, Jaú e Birigüi, que têm a indústria calçadista como vocação. Outras cadeias produtivas, como a têxtil, do couro, sucroalcooleiro e as micro e pequenas empresas também tiveram os impostos reduzidos.

Outra questão levantada pelo governador foi a das exportações. Ele lembrou que o Brasil, entre janeiro e maio deste ano, cresceu 25% se comparado ao mesmo período do ano passado. Em São Paulo, esse índice foi de 33,2%. “Nós puxamos as exportações brasileiras e respondemos por um terço das exportações do Brasil”, destacou.

Para incentivar as exportações, a administração estadual instalou o Conselho Estadual de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Cericex) e o chamado Poupatempo da Exportação, o Centro de Logística para Exportação (Celex). Na opinião do governador, o que impulsionou a exportação foi o fast track. “A exportação é isenta de imposto. Quando se exporta um produto, não se paga imposto para garantir a competitividade no exterior. Só que o ICMS é um imposto de valor agregado. Então, o exportador ficaria isento só daquilo que agregou de valor, mas o produto vem com ICMS acumulado. Assim, o Governo tem de devolver o crédito tributário ao exportador, senão essa isenção, na prática, não ocorreria. Poucos Estados devolvem o crédito tributário. Em São Paulo, criamos um sistema chamado fast track, onde primeiro contabilizamos e depois auditamos. Criamos um regime especial para os exportadores, no qual eles dão uma garantia. O Estado contabiliza e só depois audita. Se houver diferença, a garantia responde. Com isso, estamos devolvendo mais rapidamente o crédito tributário. Essa foi uma das razões de ter alavancado as exportações”, explicou. Só no ano passado, o Governo de São Paulo devolveu R$ 1,3 bilhão de crédito tributário.

Outro aspecto levantado pelo governador como importante para o desenvolvimento regional foi a questão da Educação. “Estamos procurando, dentro dessa lógica da vocação econômica regional, fazer um trabalho de ensino técnico, tecnológico e superior”, disse. Ele citou, entre outros exemplos, os novos campi da Unesp na Alta Paulista, nos municípios de Tupã e Dracena, onde os cursos são voltados ao agronegócio. Já em Itapeva, região de Sorocaba, o curso é de engenharia voltada à tecnologia madeireira. O Estado implantou oito novos campi, todos com cursos que atendessem às vocações econômicas de cada região. Com esse objetivo, também foram criados cursos em unidades já existentes.

Alckmin também ressaltou a importância da implantação do Governo Eletrônico, no qual todas as compras do Estado são feitas por leilão eletrônico, por meio da Bolsa Eletrônica de Compras (BEC) ou do Pregão Eletrônico. “É uma vacina contra a corrupção. Mais transparência é impossível”, enfatizou o governador. E deu um exemplo: “Compramos 700 carros para a Polícia Militar. Em alguns Estados, há dispensa de licitação, porque já compravam de determinada marca, e pagam tabela. Nós abrimos o pregão. Quatro montadoras disputaram, em leilão reverso, com 55 lances para baixo. E ganhou o que ofereceu preço 28% mais baixo”, contou.

São Paulo gasta anualmente cerca de R$ 4,1 bilhões em produtos e serviços. “Se tiver uma economia de 15%, isso corresponde a R$ 600 milhões”, enfatizou. Ele lembrou que, no ano passado, quando o PIB foi negativo, o Estado praticamente não parou de investir, em razão da economia gerada pelas compras eletrônicas.

“O Governo não gera empregos, precisa criar condições para que a atividade empreendedora floresça, criar um ambiente receptivo ao investimento. O grande desafio hoje é atrair novos investimentos. Não bastam palavras, são necessárias medidas para fazer a economia crescer”, observou Alckmin.

Cíntia Cury