Alckmin e o primeiro-ministro do Japão supervisionam obras da Calha do Rio Tietê

Ainda hoje eles visitam o setor sucroalcooleiro em Pradópolis, região de Ribeirão Preto

ter, 14/09/2004 - 14h31 | Do Portal do Governo


Para acabar com as enchentes na Marginal Tietê, há dois anos, o Governo do Estado começou um amplo processo de obras que envolve o alargamento e aprofundamento da Calha do Rio Tietê e a construção de emissários (instalação de túneis nas duas margens para evitar a chegada do esgoto). A execução de todo este conjunto de obras está sendo possível devido ao financiamento obtido pelo Governo paulista junto ao Japan Bank for Internacional Cooperation (JBIC). Orçada em R$ 780 milhões, metade da obra está sendo custeada pelo tesouro paulista e a outra pelo governo japonês. Na manhã desta terça-feira, dia 14, o governador Geraldo Alckmin, acompanhado pelo primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, e pelo diretor executivo do JBIC, Iwao Okamoto, supervisionaram andamento das obras, que deverá estar concluída em maio de 2005.

Foram aprofundados os 25 quilômetros de extensão da Calha do Rio Tietê, que vai desde a Barragem Móvel (Cebolão) até a Barragem da Penha (Rodovia Ayrton Senna). O aprofundamento varia de 2,5 a 3 metros. A calha do rio foi alargada de 20 para 42 metros. Também foram feitas paredes de concreto, a eclusa e o tratamento de esgoto. Nas duas margens do rio Tietê serão implantados 50 quilômetros de jardins. “Vamos ter um projeto Pomar. Isto será possível porque foi feita uma eclusa no Cebolão, que vai permitir que a limpeza do canal seja feita por barcaça, tirando as montanhas de lodo que eram colocadas ao lado na marginal”, explicou Alckmin. Com o serviço de limpeza, o Governo já retirou mais de 120 mil pneus e 11 mil toneladas de lixo e detritos.

Sessenta córregos e rios convergem para o Tietê, entre eles, o Tamanduateí, Aricanduva, Pinheiros e Cabuçu. Os serviços que vêm sendo executados pelo Governo ajudam a reduzir a mancha de poluição que chegava até a cidade de Barra Bonita. “Recuou em 100 quilômetros e agora está em Itu. Perseverando neste trabalho, a mancha chegará em Pirapora até chegar em São Paulo”, falou.

Obras como a calha e o aprofundamento no rio Tietê ajudam na macrodrenagem da cidade de São Paulo. “Há dois anos não temos mais enchentes, porque a marginal era fechada toda vez que o rio transbordava e alagava a marginal”, observou.

O secretário da Energia e Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, atentou que não adianta somente o Estado fazer este trabalho de tratamento do rio Tietê, se municípios como Guarulhos, Santo André e São Bernardo do Campo não fizerem serviço de tratamento no rio Tamanduateí, que é um grande poluidor do rio Tietê.

O primeiro-ministro japonês não conversou com a imprensa, mas segundo relatou a Alckmin, o Japão tem uma enorme preocupação com o meio ambiente. Juntos, eles plantaram uma árvore de pau-brasil no canteiro de obras.

Japão quer comprar álcool etanol do Estado Paulista

Da Capital, o primeiro-ministro seguiu com o governador Geraldo Alckmin para a cidade de Pradópolis, região de Ribeirão Preto, para conhecer de perto o setor sucroalcooleiro do Estado, o maior do mundo. O Japão tem interesse em adquirir álcool do Brasil para adicionar na gasolina, o que ajudará a diminuir a poluição. O país aprovou uma lei que permite colocar 3% do álcool na gasolina.

“O Japão, que já assinou o protocolo de Kyoto, tem uma preocupação ambiental porque os derivados de petróleo têm muito poluentes, como o carbono, que aumenta o efeito estufa. Por outro lado, eles têm interesse em adquirir do Brasil o álcool etanol (hidratado) porque são dependentes de produtos derivados de petróleo e o preço do petróleo, que está subindo, já passou de US$ 40 o preço do barril” , explicou Alckmin, observando que os japoneses querem ter segurança quanto ao abastecimento do produto e do preço.

Ele afirmou ainda que o Brasil dá um exemplo ao mundo, pois já coloca 25% do álcool na gasolina e oferece aos consumidores três tipos de combustíveis: álcool, gasolina e gás natural veicular.

Entre os investimentos japoneses no Estado, Alckmin destacou os contratos firmados em agosto último, quando esteve no Japão. O financiamento com o JBIC de US$ 209 milhões para a Linha 4 do Metrô, ligando a Estação da Luz até Vila Sônia; e os US$ 192 milhões para limpeza das praias da Baixada Santista, como obras de saneamento ambiental e coleta de esgoto. Este investimento vai permitir que a região passe de 53% de coleta de esgoto para quase 100% de coleta de esgoto e 100% de tratamento de esgoto.

Alckmin ressaltou o bom relacionamento que o Brasil e o Estado têm com o Japão. Comentou que o País é uma importante base para o Brasil vender seus produtos no sudoeste asiático. Assim como o Brasil e São Paulo têm grande relevância para o Japão exportar seus produtos para o Mercosul. “Somos países que não têm divergências. E em 2008 vamos completar 100 anos de cooperação”, enfatizou.

Valéria Cintra