Alckmin diz que São Paulo não vai aceitar chantagem de quadrilha

Para governador, esses atentados são reação de desespero de bandidos

ter, 04/11/2003 - 18h38 | Do Portal do Governo


O governador Geraldo Alckmin disse nesta terça-feira, dia 4, que os atentados ocorridos desde o último domingo, dia 9, no Estado, são uma reação de desespero de bandidos, pelo fato de São Paulo ter penitenciária de segurança máxima, a maior do País, e o regime disciplinar diferenciado. “Não aceitamos nenhum tipo de chantagem. Em São Paulo não tem acordo com criminoso. Aqui se cumpre a lei. Aqui se enfrenta. Isso são reações da ação firme do Estado, tanto na ação da polícia, quanto do sistema prisional”.

Alckmin afirmou que a polícia de São Paulo está trabalhando e já tem pistas importantes dos autores dos crimes, porém, não se pode torná-las públicas para não prejudicar o andamento das investigações.

Uma das medidas tomadas pelo Governo a fim de impedir novas ações são as revistas completas que estão sendo realizadas, simultaneamente, em 14 penitenciárias do Estado nesta terça-feira. “Chantagem o Governo não aceita, não recua, vai para cima e vai prender os criminosos”.

O governador lembrou que há dois anos o Estado enfrentou uma mega-rebelião em 29 unidades prisionais, simultaneamente, depois que líderes de quadrilhas foram retirados do Carandiru. Em função disso, determinou-se a construção da Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, que tem bloqueadores de celular, e a desativação da Casa de Detenção do Carandiru. Ele também lembrou do atentado a um ônibus da Administração Penitenciária. Alckmin foi categórico: “O Governo não recuou nenhum milímetro, como não vai recuar. Nós vamos buscá-los onde eles estiverem.” Disse ainda que o Estado vai continuar isolando líderes de quadrilha, mas que não se pode impedir que eles recebam visitas.

O governador encerrou a entrevista, transmitindo solidariedade às famílias dos policiais e afirmou: “Isso é uma guerra permanente e que não se pode dizer que acabou. É uma guerra contra o crime, 24 horas ininterruptamente do Estado no cumprimento da lei, de gente de bem enfrentando criminosos. Todos serão presos”.

O governador disse ainda que a Lei de Execuções Penais está sendo modificada e que o projeto está em votação na Câmara Federal. “Ele já foi aprovado na Câmara, foi ao Senado, voltou à Câmara, exatamente na linha que São Paulo propôs, de que para casos de maior gravidade – quadrilha, crime organizado, que colocam em risco o sistema penitenciário – o preso seja isolado em regime disciplinar diferenciado e por tempo mais longo”, disse.

Para Alckmin, essa lei, que está para ser votada em última instância na Câmara Federal, passa a ser mais um instrumento importante no sentido aumentar a segurança no País.

Secretário da Segurança afirma que houve reforço no policiamento

O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, explicou que em nenhuma das Bases Comunitárias, alvo dos atentados, havia menos de três policiais trabalhando. “Todos armados e com coletes à prova de bala”. Segundo ele, os policiais estavam alertados e a Secretaria colocou o Grupo Anti-Resgate do GOE nas delegacias para se evitar resgates.

Quanto à questão da Segurança saber dos possíveis ataques, o secretário afirmou que “as notícias não vêm tecnicamente formatadas”, e que são 123 mil presos recebendo visitas em todo o sistema. “Imagine o volume de informações que nos chegam”, além das denúncias feitas por meio do Disque-Denúncia, que chegam a mais de 7 mil. O secretário afirmou que o telefone 190 da Polícia Militar recebe 4,5 milhões de ligações todos os meses: são 150 mil ligações telefônicas diariamente. Saulo de Abreu afirmou que muito em breve os autores do atentado serão presos, e que a polícia está toda mobilizada.

Saulo não descartou a possibilidade de se tirar totalmente a comunicação entre os presos e “,no limite, impedir as visitas e contato externo com esses presos, além de possíveis transferências.” Para isso, está conversando com a Secretaria da Administração Penitenciária.

Já Nagashi Furukawa, secretário da Pasta, afirmou que, com certeza, a comunicação de criminosos não foi feita por meio de celular. “Se saiu da Penitenciária de Presidente Bernardes, pode ser por meio de familiares, cartas ou advogados”, disse. Nagashi disse ainda que pode ter havido algum problema no sistema atual de bloqueio de celulares, em função da freqüência nova na Penitenciária de Iaras, mas que isso já está sendo resolvido.

Lilian Santos