Alckmin defende reforma política como forma de aprimorar processo democrático

Declaração foi dada durante a abertura do Encontro Sobre Partidos Políticos na América Latina e Caribe

qui, 15/07/2004 - 12h52 | Do Portal do Governo


A reforma política é necessária para aprimorar o processo democrático, reconquistar a credibilidade da classe política e favorecer a governabilidade. Essa é a opinião do governador Geraldo Alckmin, manifestada nesta quinta-feira, dia 15, durante a cerimônia de abertura do Encontro sobre Partidos Políticos na América Latina e Caribe, na sede do Parlamento Latino-Americano (Parlatino), em São Paulo.

“A política é um clube de má fama. Quem quer participar de um clube de má fama? E a omissão é a pior política. Precisamos trazer as pessoas para participarem da vida pública. Pode até não ser como candidato, mas participar, dar a contribuição. Esse é o caminho para as coisas melhorarem e não abrir mão da democracia”, afirmou.

O presidente do Parlatino, Ney Lopes, destacou que diversas pesquisas realizadas nos países latino-americanos constataram a falta de credibilidade da população da região na classe política e na democracia. Segundo ele, pesquisa realizada em países da América Latina pelo Instituto Barômetro, do Chile, constatou que 50% da população da região está disposta a aceitar um regime forte, desde que isso resolva seus problemas; 75% concordam que a solução dos problemas não depende da democracia, nem dos partidos políticos; e 58% da América Latina acreditam que a democracia não soluciona os problemas econômicos e sociais.

“Quando são listadas as instituições com credibilidade dentro da região, vemos, com preocupação, os partidos políticos absolutamente no final, com total falta de credibilidade”, disse. Lopes também lembrou que em pesquisa realizada recentemente pelo Ibope, no Brasil, foi verificado que mais de 60% da população brasileira não acreditam nos políticos.

Para Alckmin, o desprestígio dos políticos se deve à ausência de partidos políticos com conteúdo: programas, propostas, coerência e fidelidade partidária. “O caminho não é acabar com a democracia, é aprimorar o processo democrático. Os regimes autoritários suprimem a liberdade em nome do pão e não dão o pão que prometeram, nem devolvem a liberdade que tomaram. Esse não é o caminho. O caminho é aprimorar o processo democrático e isso passa pela questão dos partidos políticos. O Brasil, por exemplo, tem uma tradição, uma cultura de personalismo na política”, disse.

Ele destacou que isso vale tanto para o País, com o Janismo, Ademarismo, e Getulismo, quanto para os municípios. E exemplificou, contando que em visita feita ao município de Bananal, na região do Vale do Paraíba, durante sua primeira campanha a deputado, perguntou a um munícipe quais eram os principais partidos políticos da cidade. “A resposta foi que lá havia a farmácia e o posto de gasolina. Eram duas famílias que comandavam a política local. Não tinha partido”, indignou-se.

Na opinião do governador, o fato da reforma política não estar entre as prioridades do País, é prejudicial porque deixa a discussão sobre o tema ainda mais distante. “A reforma política é necessária. Ela vai ajudar a economia e a questão social”, defendeu.

Para Alckmin, a Cláusula de Barreiras foi um passo na direção da melhoria da política brasileira. “O Congresso Nacional votou, na legislatura anterior, a Cláusula de Barreira para criar limite à proliferação de partidos políticos. Quando se tem 40 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não se tem 40 ideologias e sim partidos de aluguel, que, infelizmente, cumprem um papel muito triste na eleição. Isso precisa ser proibido, limitado”, explicou.

Ele também elogiou a decisão tomada pelo TSE, no mês passado, que determinou que o tempo de exposição no rádio e na televisão de cada coligação durante a campanha eleitoral deste ano seja definido pela representação que os partidos tinham na Câmara, na eleição anterior, e não agora, já que muitos parlamentares trocaram de partido desde que foram eleitos.

Cíntia Cury