Alckmin apresenta ônibus híbrido

Veículo funciona com motores diesel e elétrico

qui, 04/12/2003 - 13h03 | Do Portal do Governo


Um ônibus que utiliza motores diesel e elétrico, polui bem menos e tem a vantagem de não precisar dos inconvenientes cabos e fios que tanto atrapalhavam o trânsito quando soltavam. Este é o ônibus híbrido, apresentado nesta quinta-feira, dia 4, pelo governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes.

Alckmin assinou a resolução que cria o grupo de trabalho que vai avaliar o desempenho de 15 desses ônibus híbridos (que funcionarão inicialmente com motores diesel e elétrico, podendo ser utilizado posteriormente outros combustíveis como álcool e gás) e circularão – em caráter de teste- pelo corredor entre o Parque D. Pedro II e o bairro do Sacomã, no Ipiranga, a partir de janeiro de 2004. A operação será feita em conjunto com a Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, durante um ano.

O objetivo do ônibus híbrido é combater a poluição atmosférica, uma vez que a principal fonte de poluição na Região Metropolitana Paulista é a frota de veículos automotores, respondendo por mais de 95% da emissão de monóxido de carbono. O ônibus híbrido emite 60% menos poluentes que um veículo convencional diesel, com um custo operacional 30% menor e vida útil de 15 anos.

O governador, secretários e um grupo de jornalistas andaram num ônibus híbrido que saiu do Palácio dos Bandeirantes com destino ao Estádio do São Paulo. O veículo tem motor diesel de 80 HP, que gera a energia elétrica para o motor principal de 260 HP. Fabricado pela empresa Eletra, em São Bernardo do Campo, o ônibus conta com uma tecnologia inteiramente nacional, e custa aproximadamente US$ 100 mil, sendo 5% mais barato que um trolebus e 30% mais caro que um ônibus convencional, com motor diesel.

Um protótipo desse veículo já circula em Santiago, no Chile, além de outros três (da EMTU e SPTrans) pela Grande São Paulo, no corredor ABD, percorrendo São Mateus, Santo André, São Bernardo até o Jabaquara. Segundo o fabricante, o ônibus híbrido apresenta um nível de ruído comparável aos trolebus.

O programa tem o apoio financeiro da Fundação William e Flora Hewlett, na Califórnia, nos Estados Unidos, que vai custear a diferença de custos dos veículos, bem como os testes de laboratórios e de campo para avaliar o desempenho do sistema híbrido e os níveis de emissão de poluentes e de ruídos. A fundação desenvolve um projeto global de qualidade do ar em grandes cidades, elegendo como foco principal as cidades de São Paulo, Cidade do México e Beijin, na China. Os testes serão realizados em conjunto pela Cetesb, IPT, USP/IEE, SPTrans e EMTU.

Entre as vantagens apresentadas pelo ônibus híbrido como conforto, o ar-condicionado, a adaptação aos portadores de necessidades especiais, o governador destacou a questão ambiental e tecnológica. “Isto pode ser uma revolução. Poder trocar o diesel por eletricidade sem depender do cabo, que era o problema dos trolebus, e quando escapava interrompia o trânsito. Este ônibus autogera a energia por meio de um sistema de um pequeno motor, tem o gerador e as baterias”, explicou.

Alckmin falou que este tipo de ônibus é 30% mais caro porque não tem escala, o que não impede a revolução mundial que o veículo pode proporcionar no transporte e na preservação do meio ambiente. “Por isso, a Fundação Hewlett está financiando este projeto e o Governo vai operar estes ônibus pela EMTU e vai monitorar por meio do IPT e pela Cetesb. Isto pode ser uma revolução porque o problema das grandes cidades é a poluição atmosférica e 95% do monóxido de carbono é de ônibus à diesel e 97% dos hidrocarbonetos, esta nuvem que fica por cima da cidade”, explicou.

O secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, ressaltou que é fundamental a busca de modernidade para o transporte público. Ele acredita que o ônibus híbrido irá trazer uma grande economia em cadeia. “Nós estamos com um problema muito sério no Brasil inteiro de altos custos, que implica em tarifas elevadas. É um círculo vicioso. Aqueles que não tem condições de pagar a tarifa, acabam andando à pé, ou usam transporte clandestino. Com isso, diminui-se o número de passageiros e a tarifa acaba ficando mais alta porque o rateio também acaba ficando mais alto”, afirmou.

Valéria Cintra