Alckmin anuncia criação de conselho para incrementar exportações no Estado

Governador enfatizou que para cada US$ 1 milhão em exportação, são gerados quase 400 empregos

qui, 16/01/2003 - 15h24 | Do Portal do Governo


O governador Geraldo Alckmin anunciou, nesta quinta-feira, dia 16, a criação de um conselho estadual de exportação. A medida faz parte dos esforços que o Governo paulista vem empreendendo para incrementar e agilizar as exportações e substituir as importações. “Não queremos arrecadar mais, porque a exportação é isenta de ICMS, pela Lei Kandir. O que queremos é aquecer a economia e gerar emprego e renda”, declarou o governador. Ele afirmou que, para cada US$ 1 milhão em exportação, gera-se quase 400 empregos.

A criação do Conselho de Comércio Exterior e Relações Internacionais foi definida durante reunião, realizada no Palácio dos Bandeirantes, com exportadores, economistas, especialistas no setor e representantes dos setores produtivo, de comércio, indústria, serviços, agronegócio e Governo. “Nós ouvimos os interessados. Eles colocaram a importância do Estado ter um instrumento para apoiar o comércio exterior”, afirmou Alckmin.

Caberá ao Conselho, que será coordenado pelo economista e empresário Roberto Gianetti da Fonseca, definir o melhor instrumento de ação do Estado para alavancar as exportações, que poderá ser uma agência, uma assessoria, ou ter outro formato que os setores envolvidos considerem mais adequado. “O Conselho vai definir o melhor, na expectativa do setor privado, e dizer o que espera do Governo”, explicou o secretário estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza Meirelles.

Até o fim deste mês, o conselho deverá estar constituído e iniciar os trabalhos. A composição e a forma estarão sendo definidas nos próximos dias.

Alckmin também anunciou que será instalado no prédio que sedia a Secretaria Estadual da Agricultura um centro de logística para exportação, que ocupará metade do prédio. Localizado na saída para a Rodovia dos Imigrantes, o centro de logística ficará no caminho do Porto de Santos e próximo dos principais aeroportos exportadores. No local também funcionará o Poupatempo Exportador, que vai identificar os gargalos burocráticos da atividade e montar um grupo de trabalho para eliminá-los.

Atualmente, São Paulo exporta cerca de US$ 19 bilhões por ano, o que corresponde a cerca de 35% das exportações brasileiras. Na opinião de Gianetti da Fonseca, é viável a ampliação, em quatro anos, de aproximadamente 50% as exportações paulistas, desde que haja políticas sólidas dirigidas ao apoio exportador e conjunturas econômicas nacional e internacional favoráveis. “A gente espera que a economia internacional volte a crescer e que, com isso, o Estado possa ter maior desempenho”, disse.

Alckmin lembrou que, no ano passado, São Paulo enfrentou dois problemas que impediram o crescimento das exportações. Um deles foi a crise da Argentina e outro os atentados terroristas aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, que adiou a exportação de aviões produzidos pela Embraer. “O avião é o primeiro item da pauta de exportação brasileira e as fábricas da Embraer estão em São Paulo. Com os ataques terroristas, tivemos atraso nas liberações”, explicou o governador.

Ele destacou que o Estado perdeu US$ 1,5 bilhão em exportações para a Argentina, o que significou uma queda de 60% nas vendas para aquele país. “Tudo isso será superado e faremos um esforço muito grande no sentido de aumentar as exportações e substituir a importação”, afirmou.

Para Gianetti, apesar de ter deixado de exportar cerca de US$ 2,5 bilhões, São Paulo manteve o mesmo volume de exportações do ano anterior, em torno de US$ 19 bilhões.

Outros temas levantados durante a reunião

Na reunião, Alckmin ouviu algumas sugestões dos setores envolvidos no comércio exterior. Entre elas, a criação de mão-de-obra especializada. O governador determinou trabalho especial da Fatec e do Centro Paula Souza na questão da qualificação e do conhecimento. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) auxiliará no controle de qualidade e a Agência de Defesa Agropecuária, na certificação e classificação de produtos para exportação.

Na área de infra-estrutura, os representantes enfatizaram a importância da regionalização do Porto de Santos, da continuidade das obras do Rodoanel, na Asa Sul, para chegar ao corredor de exportação e importação. Também falaram dos aeroportos internacionais de carga, como o de Ribeirão Preto, que já foi credenciado e, agora, São José do Rio Preto.

Discutiram ainda a importância dos clusters, ou seja, arranjos de produção, que serão identificados. O Estado deverá incentivar ainda a criação de novos clusters, de acordo com a vocação de cada região. “Vamos trabalhar toda a cadeia produtiva mapeando de São Paulo para ver onde se tem maior potencial exportador”, afirmou Alckmin.

Outros assuntos levantados durante a reunião foram o financiamento e a importância de ações nos chamados ‘exportadores iniciantes’. “Exportação tem que estar no plano estratégico do Governo e das empresas porque isso permite escala. E a empresa, tendo escala, reduz custos e consegue competir melhor”, observou o governador.

As pequenas empresas também serão alvo de apoio por parte do Estado. Deverão se unir em consórcios para poder exportar. Alckmin afirmou que São Paulo trabalhará junto com o Governo Federal na ampliação das exportações.

Cíntia Cury