Alckmin abre sessão solene das comemorações dos 70 anos da USP

Pioneira no País, a instituição é reconhecida mundialmente

dom, 25/01/2004 - 21h48 | Do Portal do Governo


Responsável por 25% das pesquisas acadêmicas e científicas realizadas no País e pela formação de cerca de dois mil doutores por ano, a Universidade de São Paulo (USP) completou neste domingo, dia 25, 70 anos. Durante este período, a instituição, considerada a mais importante do País, foi pólo formador de renomados intelectuais, políticos e artistas. Um dos desafios da USP para os próximos anos é ampliar o número de vagas aos alunos oriundos das escolas públicas.

O assunto foi discutido na abertura das comemorações dos 70 anos da USP, cuja sessão solene foi aberta hoje pelo governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes.

Questionado sobre a cota de negros e quanto ao acesso dos alunos de menor renda às universidades públicas, Alckmin disse que o assunto deve ser aprofundado com as três universidades públicas: USP, Unesp e Unicamp, antes de qualquer decisão. Comentou ainda que pretende melhorar a qualidade da escola pública para que o aluno tenha acesso à universidade pública e gratuita.

Em parceira com a USP, em dois anos, o Governo do Estado aumentou o número de vagas na universidade em 20%. O orçamento do Governo Paulista para a USP é de 9,57%, o que representa R$ 1,6 bilhão. Alckmin salientou que vem injetando 30% do orçamento na Educação, mais do que é determinado pelo Constituição brasileira, 25%, justamente para ampliar o número de vagas. “Com isto a Unesp criou oito novos campi nas regiões mais pobres do Estado, como Vale do Ribeira, Pontal do Paranapanema, Alta Paulista e regiões Sudoeste e Sorocaba”, exemplificou.

Falando ainda sobre expansão, a USP terá um novo campus na zona leste da Capital, região que concentra 4,5 milhão de pessoas. “Seu número de habitantes é maior que o do Uruguai. Esta instalação vem atender uma questão social. Já levamos para lá a primeira Fatec da Zona Leste, em A.E. Carvalho, e agora, 70 anos depois, a USP que estava às margens do rio Pinheiros, na Zona Oeste, vai para o outro lado da cidade às margens do Tietê, na Zona Leste”, disse o governador.

Sobre os 70 anos da Universidade, Alckmin comentou a importância da instituição. “A USP é a melhor universidade da América Latina e a 27ª melhor universidade do mundo. Não há orgulho mais justo para os brasileiros de São Paulo do que a Universidade de São Paulo”, completou.

Tendo a Educação como uma das prioridades de sua gestão, Alckmin comentou que autorizou investimentos de R$ 33 milhões para a ampliação dos campi da Unesp em Franca, Rio Claro e na Barra Funda, na Capital. Sendo que R$ 28 milhões serão financiados pelo BNDES, e R$ 5 milhões com recursos próprios da Unesp.

Durante a cerimônia foi assinado um protocolo de intenções entre a USP e a Secretaria Estadual de Cultura visando o desenvolvimento de ações para a utilização do edifício, em construção, que integra o conjunto onde se localiza o Paço das Artes Francisco Matarazzo Sobrinho para finalidades culturais.

Todo o passado e a importância histórica da USP foram relembrados pelo reitor da Universidade, Adolpho José Melfi. “A história da USP se confunde com a cidade de São Paulo, que está completando 450 anos, e com a do Estado. A USP nasceu nos anos 30, período especial onde o Brasil passou por duas revoluções a de 1930 e a de 1932”. Participou do processo de redemocratização do País, em 1946, que durou até o Golpe de 1964, período em que se iniciou a Era Militar.

Entre os diversos cursos oferecidos pela universidade, o da Faculdade De Filosofia, Letras e Ciências Humanas foi a grande célula, onde se desenvolveu a vida universitária com sua permanente ebulição de idéias e de novidade nos mais variados ramos do saber. Nos anos 30, os detentores do poder acreditavam que produzir ciência abstrata era uma atividade para países ricos, e que países como Brasil deveriam voltar-se para a formação de engenheiros, médicos e advogados.

Com foco de promover a pesquisa e o progresso da ciência, transmitindo conhecimento e formando especialistas em todos os ramos da cultura, seus números impressionam: são mais de 200 cursos de graduação, 72.867 alunos, 5 mil professores, 15 mil funcionários (técnicos e administrativos).

Com 30.313 alunos matriculados em programas de mestrados e doutorado, a USP é o maior centro de formação de doutores da América Latina. Atualmente, de cada 250 descobertas científicas importantes realizadas no mundo, uma ocorre na USP.

Sempre na vanguarda da produção científica e cultural do País, a USP produz inúmeras pesquisas, entre elas: a realização do primeiro transplante de medula para o tratamento de diabete tipo 1; a fabricação de pastilha para monitorar a infestação de centro citricultores por praga; o desenvolvimento da vacina gênica contra tuberculose e da vacina anti-diarréia infantil; a contribuição para exploração de petróleo em águas profundas; o procedimento de purificação que permitiu o primeiro transplante de ilhotas pancreáticas da América Latina; o desenvolvimento de técnicas de terapias fotodinâmicas para o tratamento de câncer de pele, e o processo de biodiesel entre outros.

“O avanço em muitas pesquisas possibilitaram a libertação do País da dependência estrangeira como, por exemplo, o domínio da tecnologia, na produção do aço nos anos 40. Assim como o transplante de órgão na área da saúde”, relembrou.

Quantp à expansão de vagas, Melphi refutou que a USP tenha imagem elitista, atendendo somente a população mais abastada, porém comentou que o real desafio das universidades para os próximos anos é aumentar o número de vagas para absorver os alunos do Ensino Médio público. “Nos últimos anos o número de vagas na USP saltou de 7.175 para 8.547, representando um aumento de 19%, sendo que parte delas foi criado no turno noturno. Vinte e nove novos cursos foram criados para a formação de novos profissionais.

Valéria Cintra