Aids: Aumenta expectativa de vida de pessoas HIV positivas

A primeira criança a chegar no Hospital Emilio Ribas em dezembro de 1985 com diagnóstico de ser soropositiva está viva e com sorologia negativa

ter, 30/10/2001 - 14h44 | Do Portal do Governo

Pensar numa criança com Aids como alguém que terá poucas chances na vida é coisa do passado. A partir deste ano o Brasil ganha sua primeira geração de cidadãos HIV positivos.

A primeira criança a chegar no Hospital Emilio Ribas em dezembro de 1985, com diagnóstico de soropositiva, está viva e com sorologia negativa.

‘Na época não sabíamos o que fazer, muito pouco ou nada sabíamos sobre a doença. Todos os tratamentos não passavam de tentativas de fazermos com que aquela criança sobrevivesse até que uma esperança surgisse’, diz Marinella Della Negra, primeira infectologista do país a atender uma criança positiva.

Apenas um ano depois surgiria um novo caso, e a partir de 1987 começaram a ser feitos os diagnósticos retroativos, ou seja de crianças com mais de um ano que eram positivas para o HIV.

Nesta época o número de casos também começou a aumentar. Em 1987 chegava ao Emilio Ribas uma nova criança com suspeita de ser positiva por semana. Em 1990, este número subiu para cinco; em 1995 cerca de doze crianças com suspeita de terem o vírus HIV eram atendidas semanalmente.

No início da década de 90 outros centros passaram a receber estas crianças em todo o país e o trabalho realizado pela equipe do Instituto de Infectologia Emilio Ribas se espalhou por todo o país, e o Brasil passou a fazer parte dos principais protocolos de pesquisa do mundo para medicamentos antiretrovirais infantis.

A introdução da terapia antiretroviral durante o pré-natal e partos conseguiu diminuir a incidência de crianças soropositivas. A terapia tripla coquetel institutida a partir de 1996 deu às crianças melhor qualidade de vida. A expectativa de viver com HIV, que era de 3 anos no inicio dos anos 80, passou para 10 nos anos 90.

‘Hoje não faz sentido quantificar quantos anos poderá viver uma criança que nasce com o vírus da Aids, pois muitas crianças e adolescentes soropositivos estão entrando na fase adulta com dignidade e qualidade de vida igual a qualquer outra pessoa’, diz Marinella Della Negra.