Agronegócios: Agroindústria que produz doce-de-leite é premiada

Concurso foi organizado pela Rede Mulher de Educação

sex, 03/01/2003 - 12h38 | Do Portal do Governo

A agroindústria Camponesa, que produz doce de leite, formada por quatro mulheres moradoras do assentamento São José 1, em Birigüi, foi a segunda colocada no concurso ‘Empreendimentos Exitosos Liderados por Mulheres, promovido pela Rede de Educação Popular entre Mulheres da América Latina e Caribe (Repem), Organização não Governamental.

No Brasil, o concurso foi organizado pela Rede Mulher de Educação, filiada à Repem. Como prêmio, as empreendedoras da agroindústria receberão R$ 500, no dia 15 de janeiro, em São Paulo.

Adelma dos Santos é uma das sócias da Camponesa e diz estar muito feliz com o prêmio, que acredita que veio para reconhecer todo o trabalho e esforço das proprietárias da agroindústria. ‘Essa foi a primeira participação da nossa agroindústria; na próxima edição do concurso vamos ganhar o primeiro prêmio’, conta, confiante.

Ela explica que com o dinheiro esperam aumentar o estoque de embalagens, pois há mais de uma semana não estão produzindo doce de leite por falta delas. A Camponesa tem capacidade para transformar 100 litros de leite em 50 quilos de doce por dia.

Segundo a membro do comitê diretor do Repem, Beatriz Cannabrava, o objetivo da ONG é estimular o empreendedorismo entre as mulheres. A ONG presta assessoria a mulheres que quiserem iniciar uma atividade de trabalho, auxilia na elaboração de projetos, além de capacitar as
candidatas em gênero e liderança.

Beatriz explica que o concurso foi organizado em oito países e as primeiras colocadas participam do consurso em nível continental. Um grupo de artesãs de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, chamado Morro da Cruz, foi o primeiro colocado nacional.


História

Quatro mulheres do campo, que produziam doce de leite em suas residências para complementar a renda familiar, movidas por um sentimento empreendedor, se uniram há seis anos e decidiram, com o apoio e a orientação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) montar a indústria e aumentar a produção do doce, facilitando a sua comercialização e aumentando o rendimento de cada integrante.

A idéia deu certo. Porém hoje, a agroindústria passa por dificuladades financeiras, conta Ercília Maria dos Santos, uma das sócias da Camponesa.

Ela explica que em conseqüência do aumento do gás de cozinha e do açúcar a produção de doce de leite fica muito comprometida.

‘Nós utilizamos um botijão de gás e cerca de 18 quilos de açúcar por dia. Com o aumento do preço dos insumos não saberemos como será possível manter nossa produção sem aumentar o preço do produto para o consumidor’, ressalta.

Ercília explica que o doce da Camponesa tem um padrão de qualidade muito superior ao dos outros doces de leite vendidos, pois é totalmente natural e sem conservantes, por isso o preço é maior que a maioria dos concorrentes e se o valor aumentar poderá acontecer do produto perder espaço no mercado e o consumidor optar por outra marca.

As sócias dizem que esperam encontrar alguma distribuidora de gás de cozinha que forneça o produto com um custo menor e o mesmo com o açúcar.

Elas contam que já tentaram adquirir açúcar em usinas de beneficiamento, mas eles só vendem em grande quantidade e a agroindústria não tem condições de pagar o valor pedido e de transportar essa quantidade.