Agronegócio: Tecnologia gerada pelo IAC é lançada nesta quinta-feira, dia 28

Inédito em São Paulo, o Infoseca monitora a seca no Estado e propõe soluções agrícolas

ter, 26/07/2005 - 17h36 | Do Portal do Governo

Um novo produto gerado pelo Instituto Agronômico (IAC) vai trazer informes imediatos das ações das adversidades meteorológicas — em especial a seca — sobre as atividades agrícolas e propor maneiras de monitorar e reduzir os impactos negativos. O Infoseca (Centro de Monitoramento, Mitigação da Seca e Adversidades Meteorológicas) será lançado nesta quinta-feira, dia 28, a partir das 10 horas, durante as comemorações do Dia do Agricultor, que acontecerão na CATI, em Campinas.

O lançamento irá apresentar um balanço das ações da Secretaria. No evento, será feito também o anúncio de novas estações meteorológicas do IAC. Atualmente, o IAC trabalha com 51 estações meteorológicas automáticas e 70 mecânicas. Esses equipamentos captam as informações sobre o clima que servem de orientação ao agricultor.

Com o Infoseca, o objetivo é viabilizar o acompanhamento sistemático da evolução das condições de seca no Estado, propondo medidas atenuantes e apresentando soluções físicas e agronômicas para contornar o problema, incluindo prognósticos futuros das condições de seca. “No Estado de São Paulo, não existe outra instituição que apresente detalhadamente esse tipo de produto, com monitoramento e mitigação de seca, de maneira rotineira”, diz o pesquisador do IAC, Orivaldo Brunini. Segundo o pesquisador, no Brasil, somente a FUNCEME, no Ceará, desenvolve trabalho voltado à caracterização de seca, porém não com os detalhes e as avaliações sobre diferentes tipos de cultura e solo .

A seca, a geada e o granizo são as principais adversidades meteorológicas que afetam o agronegócio paulista, mas a primeira é o fenômeno que afeta com maior ou menor intensidade a agricultura todos os anos. De acordo com Brunini, pode-se ter um período curto e definido sem chuva, em um mês chuvoso, ocasionando os chamados veranicos. “Esse fenômeno adverso pode se estender por períodos longos, ocasionando uma seca tanto do ponto de vista agronômico como até hidrológico, culminando em uma seca socioeconômica”, completa o pesquisador responsável pelo Infoseca.

O pesquisador explica que as informações relativas à seca são geradas automaticamente, como resultado do trabalho do IAC ao longo de vários anos, por meio do CIIAGRO (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas). As informações são obtidas via rede de estações meteorológicas, distribuídas em todo o Estado, que geram dados analisados e disponibilizados pela equipe do IAC. “Em função dos dados meteorológicos são gerados produtos com base nas características das culturas”, explica Brunini. Exemplos desses produtos são informações sobre balanço hídrico, índices de seca e condições de desenvolvimento da cultura. Em razão de as necessidade hídricas das culturas serem distintas, as informações são trabalhadas por grupos de plantas, organizados em função do sistema radicular e das características de evapotranspiração da cultura.

Por meio do Infoseca, o IAC fornece orientação sobre manejo de irrigação, condições favoráveis para a colheita e trânsito de máquinas agrícolas e alerta para riscos climáticos em função da seca. O usuário também tem acesso a mapas sobre condições de seca, reserva hídrica do solo e risco de incêndio.

Segundo Brunini, a partir dessa tecnologia, o produtor pode avaliar, por exemplo, em qual a fase a cultura foi afetada pela seca e se houve perda de produtividade. O estudo permite analisar as condições meteorológicas, utilizando-se parâmetros mundialmente adotados como Índice de Severidade de Seca de Palmer, Índice Padronizado de Precipitação e Índice de Umidade da Cultura. Além disso, o Infoseca introduz novas análises, considerando-se as características de solo, evapotranspiração de cultura e relações com a evapotranspiração potencial, com a água disponível no solo e o desenvolvimento do sistema radicular. Com relação às raízes das plantas, o Infoseca oferece também resultados referentes a diferentes profundidades de sistemas radiculares, abordando culturas de sistema radicular superficial e mais sensíveis à falta de água no solo — como arroz, feijão e cebola —, e plantas de sistema radicular mais profundo, como citros, cafeeiro e frutíferas.

Esse conjunto de informações permite quantificar a situação de uma região tendo em vista os diferentes tipos de solo e explorações agrícolas, de modo que se possa diferenciar os efeitos sobre as distintas culturas. “O que em muitos casos indica ser uma situação crítica para uma cultura de sistema radicular menos profundo como o feijoeiro, não o seria para outra como citros”, esclarece Brunini.

Gerando e disponibilizando informação

Diante da importância da agricultura e do agronegócio para o Estado de São Paulo e para todo o Brasil, a SAA, por meio do IAC, e em parceria com a CATI, Unesp, USP e DAEE, passa a disponibilizar o Infoseca no site www.infoseca.sp.gov.br , gratuitamente.

Ao acessar o Infoseca, o usuário pode analisar o efeito da seca sob o ponto de vista meteorológico ou agrometeorológico. Com esse perfil, embora focado na agricultura, esse produto tem utilidade para outros setores como Turismo, Defesa Civil e Seguro Rural.

O Infoseca permitirá um acompanhamento detalhado das condições hídricas dos solos, nas diferentes regiões do Estado e o efeito sobre as culturas. Ferramenta como essa se torna imprescindível frente aos recentes cenários estabelecidos pelo IPCC (Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas), que descrevem um aumento global acentuado da temperatura da Terra. Essa ocorrência poderá levar ao acréscimo de eventos meteorológicos específicos extremos, como seca, inundação, geada e furacões. Daí a necessidade de a sociedade desenvolver metodologias e estratégias para superar essas adversidades climáticas, meteorológicas e agronômicas, a fim de reduzir os impactos negativos dessas anomalias e seus efeitos para a sociedade.

Considerando-se que 70% ou mais desses extremos e adversidades são diretamente relacionados aos aspectos meteorológicos, o monitoramento das variáveis meteorológicas deve ser contínuo, prático e ágil, a fim de estabelecer as estratégias e medidas eficientes.

Embora no Estado de São Paulo ocorram verão úmido e inverno seco, essas características não são estáticas e, mesmo no período chuvoso, as chances de seca ou estiagens são altas, em especial nas regiões Oeste e Noroeste do Estado, onde a água no solo atinge índices críticos. Com as informações e prognósticos, o produtor pode estabelecer procedimentos de irrigação, planejamento de plantio e estimativas de produtividade.

O Estado de São Paulo apresenta uma contribuição em torno de 40% junto ao PIB (Produto Interno Bruto) relativo ao agronegócio. Sendo ss atividades agrícolas as mais afetadas por eventos climáticos adversos como seca, geada ou granizo, é fundamental o aprimoramento da infra-estrutura meteorológica observacional, com alta qualidade e interligação com os vários agentes científicos e operacionais do Estado.

Com o avanço das tecnologias de desenvolvimento de sensores e sistema de aquisição de dados, o monitoramento das variáveis ambientais tem alcançado um elevado grau de qualidade e confiança. Esse processo tem levado à criação e instalação de redes de estações meteorológicas automáticas, em diversos países, para suprir e adequar as necessidades de geração de tecnologias e conhecimentos científicos.

Serviço:

Lançamento do Infoseca (Centro de Monitoramento, Mitigação da Seca e Adversidades Meteorológicas) durante as comemorações do Dia do Agricultor, com presença do Governador do Estado, Geraldo Alckmin, e do Secretário de Agricultura e Abastecimento, Duarte Nogueira.

Data: quinta-feira, 28 de julho de 2005
Horário: 10 horas
Local: CATI, em Campinas, na Av. Brasil, nº 2340 – Jd. Chapadão