Agronegócio: Pesquisa do IAC leva tangerina sem sementes para o campo

Grupo de produtores irá cultivar variedade consumida na Europa e Estados Unidos

qui, 05/06/2003 - 14h21 | Do Portal do Governo

Da Assessoria de Imprensa do IAC


O Instituto Agronômico (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, vai implantar, na região de Capão Bonito, um audacioso projeto de cultivo de tangerina sem sementes, variedade que atrai mercados da Europa e dos Estados Unidos. O trabalho é inédito no Estado de São Paulo e destina-se a aumentar a exportação de tangerinas por meio de variedades que agradam mercados mais exigentes.

O Brasil é líder mundial em produção de laranja e exportação de suco concentrado, mas quando o negócio é fruta fresca o país não tem grande expressão. Dentre os motivos para a pequena fatia nesse mercado está a produção de frutas com grande número de sementes e de qualidade inadequada.

Uma pesquisa do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros do IAC pretende mudar esse cenário ao disponibilizar ao agronegócio critrícola materiais e tecnologia para produzir frutos desejados por consumidores exigentes. Com isso, o Brasil vai começar a produzir tangerina sem sementes.

A apresentação desse projeto será feita no III Dia de Campo de Tangerina, no próximo dia 12 de junho, das 9h às 16h, no Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Sudoeste Paulista, em Capão Bonito. No evento, o público terá explicações sobre o projeto e os produtores interessados em participar do trabalho poderão aderir ao trabalho.

Desenvolvimento do projeto

Para iniciar o trabalho foram escolhidas quatro variedades sem sementes, com período de colheita de março a outubro, que serão cultivadas por quatro produtores com propriedades nos municípios de Angatuba, São Miguel Arcanjo, Taquarivaí e Capão Bonito. ‘Agora o resultado vai em benefício do produtor’, diz a pesquisadora do IAC responsável pelo projeto, Rose Mary Pio.

De acordo com a pesquisadora, a região reúne características de clima adequadas para a produção de tangerina de qualidade e os produtores foram escolhidos por terem propriedades adequadas ao cultivo da tangerina sem sementes. Um dos aspectos avaliados na escolha da área rural é o isolamento da tangerina sem sementes, que não pode ter contato com outras frutas cítricas.

As frutas produzidas naquela região apresentam coloração mais atrativa, melhor sabor, melhor aparência e casca mais fina, lisa e sem mancha. Com tudo isso, têm maior valor agregado. Por essas razões o projeto será implantado na região de Capão Bonito, onde, há dez anos, o IAC desenvolve pesquisas com 22 variedades de tangerina.

Maior valor agregado

O aspecto interessante da tangerina sem semente é o preço. A diferença do valor de comercialização de uma tangerina tipo A para a de tipo C é de cerca de 40% a 70%, dependendo da época do ano. Esses valores são das tangerinas Ponkan e tangor Murcott, que são comercializadas atualmente. Mas esses percentuais são maiores no caso da tangerina sem sementes, que tem maior valor agregado.

Para os produtores, esse trabalho do IAC representa a abertura de um mercado maior e com melhor preço. Até o momento, existe uma pequena produção desse tipo de tangerina no sul do País. No mundo, a Espanha é o maior produtor de tangerina sem sementes. Israel e Marrocos também cultivam essa fruta. E é desses países que vêm a literatura sobre o assunto usada no Brasil, pois o IAC é a primeira instituição de pesquisa a desenvolver estudos sobre essa variedade.

‘A idéia é submeter as variedades aos produtores, fazer um trabalho de parceria entre a instituição de pesquisa, o pesquisador e produtor, gerar um produto que agricultor possa usar, que seja bom para ele e para o consumidor’, explica Rose Mary Pio.

O projeto também tem um caráter social, pois a fruticultura é importante porque utiliza mão-de-obra familiar. Daí também a relevância desse projeto para a região sudoeste do Estado de São Paulo, que concentra pequenas e médias propriedades agrícolas.

III Dia de Campo de Tangerina

O evento irá reunir produtores, agrônomos, técnicos e estudantes de diversas regiões para ver no campo o resultado da tecnologia gerada no Instituto Agronômico. Neste ano, prefeitos da região também irão participar do evento, já que a pesquisa do IAC terá reflexos sócio-econômicos para a população local.

O III Dia de Campo de Tangerina é uma oportunidade para público ter acesso a informações durante as palestras e, no campo, assistir a um espetáculo da natureza. A beleza das frutas no campo de tangerina surpreende a todos. A degustação é outro momento interessante do III Dia de Campo de Tangerina.

Os participantes têm então uma visão completa do cultivo de tangerina – da tecnologia, passando pelo campo até o consumo de frutas, quando eles podem perceber, pelo sabor, o resultado do trabalho agrícola.

O potencial citrícola da região sudoeste para diferentes mercados será outro assunto do III Dia de Campo de Tangerina. A mancha-marrom de Alternária das tangerinas, fungo que está prejudicando os campos em São Paulo, será tema de outra palestra. A conseqüência desse fungo é a queda dos frutos e a perda do valor comercial daqueles que permanecem na árvore, em razão de manchas na casca. Durante o III Dia de Campo de Tangerina, o público será informado a respeito de vários aspectos do problema, inclusive sobre a época mais adequada para combater o fungo.

III Dia de Campo de Tangerina
Data: Quinta-feira, dia 12 de junho de 2003
Horário: 9h às 16h
Local: Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Sudoeste Paulista
Rodovia Sebastião Ferraz De Camargo Penteado (SP 250), km 232 (Capão Bonito/Guapiara)
Fone (15) 542-1310 / Fax (15) 542-1708

(LRK)