Agronegócio: Mercado do café mantém tendência de alta

Os preços recebidos pelos produtores acompanharam as altas nos mercados internacionais

ter, 19/11/2002 - 15h53 | Do Portal do Governo

Os mercados de futuro para o café, como Nova Iorque, Londres e BM&F, indicam a manutenção de mudança na tendência das cotações, que retornaram aos níveis observados em janeiro de 2001.

Um dos fatores de sustentação dessa nova tendência de evolução das cotações nos diferentes mercados do produto tem sido a previsão de menor oferta para o ano-safra 2003/04. Criam-se, assim, condições de absorção de parte dos estoques dos países produtores e consumidores, evoluindo-se para um novo ciclo de preços crescentes para o setor.

As cotações dos cafés arábicas para março de 2003 indicam altas de 24,77% e de 36,43%, nos últimos 12 meses, respectivamente na BM&F e no mercado de Nova Iorque e do robusta, para janeiro de 2002, de 117,91% no mercado de Londres.

A redução da oferta de café ocorrerá tanto no arábica, inclusive nos produtos de qualidade, como, principalmente, no robusta do Vietnã e dos países da África. Nesse último caso, a redução da oferta manifesta-se há pelo menos sete meses, refletindo-se na forte alta do produto.

No mercado interno, os preços recebidos pelos produtores acompanharam as altas nos mercados internacionais. Foram fortemente estimulados pela aguda desvalorização do Real, de tal forma que as cotações observadas para o café arábica, no âmbito dos produtores de São Paulo, voltaram aos níveis de maio/junho de 2000 (em termos nominais).

Assim, verifica-se que os preços recebidos pelos produtores cresceram 77,63% no período de novembro de 2001 e outubro de 2002. Destaca-se que, de agora em diante, as cotações de café no Brasil (e no mercado internacional) dependerão fortemente do desenvolvimento da safra brasileira 2002/03 e do comportamento do clima até o completo desenvolvimento dos grãos e início da colheita.

Nessas condições, os produtores, tanto na venda de seus estoques quanto na da safra futura, deverão atentar à expectativa dos preços futuros. Tal postura recomenda-se, sobretudo, após a crise enfrentada nos últimos dois anos.

A instabilidade do câmbio brasileiro tem levado a um aumento do diferencial das cotações no mercado futuro da BM&F em relação ao de Nova Iorque. Essa diferença, que chegou a menos US$ 9,71 por saca em dezembro de 2001, cresceu ao longo dos meses para menos US$ 22,89/saca em novembro de 2002, refletindo-se nos preços para os produtores brasileiros.

Esse é um indicador de que a forte pressão de venda por parte dos exportadores brasileiros vem ampliando os descontos para os importadores, resultando em menor cotação no mercado interno brasileiro e menor preço aos cafeicultores. Assim, essas cotações não estão captando toda alta observada no mercado internacional do café.

Campanha de divulgação do Selo Qualidade São Paulo para o Café Torrado e Moído

O Estado de São Paulo criou o selo de qualidade para o café torrado e moído e torrado em grão, no âmbito da Câmara Setorial do Café de São Paulo, com o apoio da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (CODEAGRO) e do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL).

Esse selo representa um substancial avanço frente ao selo de pureza da ABIC, pois essa nova estampa dará ênfase à qualidade da bebida em seu aspecto eminentemente sensorial. Ou seja, considerando uma escala de 0 a 10, os produtos receberão selos de qualidade gourmet quando a bebida se posicionar entre 8 e 10; qualidade superior quando se posicionar entre 6 e 8; e café tradicional quando a pontuação alcançar entre 3 e 6.

O lançamento da campanha contou com a realização de oito eventos distribuídos pelas principais regiões cafeicultoras ou de concentração de torrefadoras, obtendo grande repercussão entre os agentes do segmento e na mídia local. Até o fechamento desse artigo, somava 20 o número das torrefadoras que aderiram ao Selo de Qualidade São Paulo.

Após longos debates e consultas, estabeleceram-se os protocolos necessários para essa certificação, contratando-se a Fundação Vanzolim para ser a responsável pela emissão dos certificados. O ITAL passa a responder pelo monitoramento e avaliação dos produtos já rotulados e para os novos que vierem a solicitar o credenciamento junto ao programa.

Novos financiamentos para o setor

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a abertura de uma linha de crédito para o segmento, no valor de R$ 300,00 milhões, com recursos do FUNCAFÉ, para a aplicação no custeio da safra 2002/03. Este custeio terá juros de 9,50% ao ano, sendo o limite da linha de crédito de R$ 1.000,00 por hectare e o prazo para contratação até 28 de dezembro deste ano.

O CMN aprovou também a prorrogação do prazo de tomada de novos empréstimos de estocagem e ampliou o prazo para a conversão das operações de custeio e colheita em estocagem. O novo prazo-limite estabelecido passa a ser 30 de novembro. Ao mesmo tempo, o CMN oficializou as normas da PGPM (Política de Garantia de Preços Mínimos), no que diz respeito aos empréstimos de custeio. Com essa medida, tais linhas de crédito começarão a ser quitadas dois meses após a colheita, com acréscimo de mais quatro meses. Anteriormente, este prazo era de 45 dias.

Além disso, o café foi incluído no Desconto de Duplicata Rural e nas Notas Promissórias Rurais. Com essa medida, os produtores poderão tentar obter financiamentos em linhas de crédito anteriormente destinadas apenas para arroz, algodão, fruticultura, trigo e suinocultura, que somam R$ 1,25 bilhão.

C.A