Agronegócio: Instituto de Economia Agrícola divulga estudo sobre mão-de-obra agrícola

A queda de 7,9% na ocupação de volantes representou 19,8 mil trabalhadores a menos

ter, 11/11/2003 - 16h06 | Do Portal do Governo

Em junho de 2003, a ocupação de mão-de-obra agrícola caiu 9,3% (1.051.438 pessoas) no Estado de São Paulo, em relação ao mesmo período do ano anterior (1.158.962 pessoas).

Para as categorias de residentes nas unidades de produção agropecuária (UPA), a queda foi ainda maior: 10,3% (de 541.307 para 485.732). Já os não-residentes tiveram redução de 8,4% (de 617.655 para 565.706).

É o que mostram os indicadores atuais sobre o mercado de trabalho rural paulista, relativos ao período 2002/03, destacando não apenas a ocupação em atividades agrícolas e não-agrícolas como também o comportamento dos salários rurais.

Algumas alterações na safra agrícola paulista 2002/03 merecem destaque, devido à importância desses cultivos na ocupação de mão-de-obra. A produção estimada de café diminuiu 39,0% em relação a 2001/02. Também são esperados decréscimos nas produções de laranja (7,9%), arroz (1,5%), amendoim (5%), cebola (8,3%), mamona (33,3%) e mandioca (13,8%).

Por outro lado, acréscimos estão previstos em algodão (17%), milho somado ao milho safrinha (10,3%), soja somada à soja safrinha (4,8%), trigo (82,1%) e, em menor escala, batata (1,7%), feijão (0,5%) e tomate (0,3%). A produção de cana-de-açúcar manteve percentual de acréscimo próximo ao da safra anterior (5%).

No caso das frutíferas, acréscimos de produção foram observados em mamão, abacaxi, figo para mesa, mexerica, murcote, tangerina, limão e uva para indústria. Decresceram as produções de abacate, caqui, goiaba, manga, pêssego para mesa, poncã e uva para mesa.

Com relação aos residentes nas UPAs, proprietários e seus familiares e assalariados em geral (categorias mais representativas quantitativamente) apresentaram juntos decréscimo de 51,2 mil pessoas ocupadas (-11,0%).

Quanto aos parceiros, a redução foi de quase 6 mil pessoas (-10,4%). Porém, o total de parceiros foi superior em junho de 2003 quando comparado com novembro de 2002 (50.688 frente a 38.700). De forma diversa, a categoria arrendatários e familiares mostrou crescimento de 7,7% no total ocupado (de 21.490 para 22.108).

Para a categoria de assalariados não-residentes (exceto volantes), a queda no emprego foi maior tanto em valores absolutos (-22,9 mil pessoas) quanto em valores relativos (-14,2%). Proprietários e arrendatários também tiveram a ocupação reduzida respectivamente em 6,9% e 10,4%. Em contrapartida, o total de parceiros não-residentes cresceu 25,0%, ou seja, 4,6 mil pessoas.

A queda de 7,9% na ocupação de volantes representou 19,8 mil trabalhadores a menos. Esta é a categoria que apresenta as relações de trabalho mais precárias, muitas vezes sem registro em carteira, conseguindo trabalho de forma irregular e com deslocamentos freqüentes em direção aos ciclos de colheita das grandes culturas.

Salários rurais

Com relação aos salários rurais no período de abril de 2002 a abril de 2003, observa-se que a maior queda em valores reais foi verificada nos administradores (4,8%), entre as 6 categorias levantadas4. Em seguida, aparecem os mensalistas (4,3%), tratoristas (4,2%), e capatazes (2,8%). Diaristas e volantes tiveram as diárias reduzidas respectivamente em 3,2% e 2,3% em valores reais.

Ocupação em atividades não agrícolas

Informações obtidas recentemente têm evidenciado o crescimento do número de pessoas ocupadas em atividades não-agrícolas nas UPAs, mostrando o dinamismo nas áreas industriais e de serviços no rural paulista. Foram 118,9 e 122,8 mil pessoas, respectivamente, em junho de 2002 e junho de 2003 (aumento de 3,3%). A maior parcela correspondeu ao emprego em atividades industriais (75,2%). Além dessas pessoas, outras 14,8 mil residentes nas UPAS empregaram-se em atividades de serviços e industriais na cidade.

Os indicadores sobre mercado de trabalho no rural, juntamente com outras variáveis sócio-econômicas, permitem avaliar e analisar o agronegócio paulista sob diferentes aspectos, com a finalidade de subsidiar políticas e programas para o desenvolvimento do setor.

Para atender à demanda por essas informações, este mês será realizado outro levantamento de dados, possibilitando assim obter estimativas para um período do ano com atividades agrícolas diversas de junho.

Maria Carlota Meloni Vicente do Instituto de Economia Agrícola
C.A.