Agricultura: Software calcula risco econômico da irrigação

Programa ajudará produtores a prever de modo preciso o que acontecerá à produção

qua, 28/09/2005 - 14h45 | Do Portal do Governo

Ajudar os agricultores a escolher o melhor sistema de irrigação para suas plantações é apenas uma das aplicações previstas para um software desenvolvido recentemente pela engenheira agrônoma Patricia Angélica Alves Marques. Com o diferencial de considerar aspectos climatológicos, do solo e do tipo de cultura, o programa avalia a viabilidade da irrigação (e a melhor maneira de fazê-la) sob o ponto de vista do risco econômico. ‘A idéia era gerar um modelo computacional para estudar o risco da decisão de como irrigar determinado tipo de cultura’, explica.

O programa, que foi apresentado por Patricia na defesa de seu doutorado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba, terá uma grande utilidade tanto para grandes empresas quanto para pequenos produtores. A principal informação gerada pelo processo consiste em uma curva da probabilidade de lucro para os parâmetros fornecidos, na grandeza de Reais por hectare ao ano (R$/ha.ano). ‘Paralelamente, também são fornecidos índices econômicos, como o desvio padrão e variância, a porcentagem no custo total da irrigação de cada um dos fatores, entre outros’.

De maneira geral, a utilização do software ajudará os produtores a prever de modo preciso o que deve acontecer com sua produção. ‘Um dos exemplos mais comuns é de pessoas que adquirem o sistema de irrigação baseadas apenas em seu preço. Depois, a manutenção e o custo de bombeamento se mostram muito elevados e elas não conseguem arcar com isso, abandonando o equipamento.’ Por outro lado, agricultores insatisfeitos com a rentabilidade de suas terras poderão avaliar se a irrigação que utilizam é de fato a melhor opção.

Além das aplicações comerciais que o programa pode ter, ele abre a possibilidade de realização de diversas outras pesquisas, como na redução dos custos com bombeamento, um dos fatores mais relevantes da irrigação. ‘Ele foi desenvolvido de modo que suas simulações possam ser utilizadas em outros estudos, como sobre a influência da vida útil do equipamento, a evolução dos custos de manutenção, etc.’

Técnicos
Com exceção dos dados meteorológicos (seriam até seis variáveis acompanhadas diariamente), o total de valores a serem inseridos para a geração dos cálculos gira em torno de 50. ‘O técnico que for utilizar o programa precisa ter noções de estatística e economia, além de irrigação’. Para se ter uma idéia, os dados englobam desde fatores estritamente econômicos, como taxa de juros, valor de venda do produto e preço da água, a coeficientes técnicos de irrigação, como a capacidade de absorção do solo e a profundidade das raízes.

Por conta destes motivos, Patricia revela que existem planos de realizar treinamentos de capacitação para ensinar pesquisadores e produtores a utilizar a ferramenta corretamente. ‘Pensamos até em trabalhar com parcerias para aplicação e difusão do modelo’, complementa. O programa ainda não tem data para ser disponibilizado no mercado, mas já no começo do próximo ano devem ter início as primeiras aplicações. ‘Ainda faltam alguns ajustes, mas assim que acertarmos isso vamos estudar como explorar o modelo ao máximo’, explica Patricia.

Por André Benevides, da Agência USP de Notícias

C.C.