Agricultura: São Paulo coordena seqüenciamento genético de citros

Projeto resultou em um banco de dados sobre citros

sex, 03/09/2004 - 16h03 | Do Portal do Governo

A rede de instituições coordenada pelo Centro Apta Citrus, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, concluiu, no final de agosto, o sequênciamento genético, funcional e comparativo dos citros. O projeto, iniciado em janeiro de 2002 como parte do programa Institutos do Milênio, do Ministério de Ciência e Tecnologia, resultou em um banco de dados sobre citros quatro vezes maior do que qualquer outro no mundo, com mais de 200 mil seqüências de genes das principais frutas e suas variedades.

De acordo com o diretor do Centro Apta Citrus e coordenador da pesquisa, Marcos Antonio Machado, foram concluídas 240 mil seqüências de genes, sendo 80 mil de laranja, 80 mil de tangerina e o restante de Ponicrus trifoliata, material usado como porta enxerto. Na avaliação do coordenador, a conclusão do genoma abre uma grande fronteira com relação ao conhecimento de citros, já que as variedades apresentam padrões diversificados. “Nenhum programa de melhoramento tem todo esse aparato genético”, garante Machado.

Tendo o melhoramento genético das plantas como foco principal da pesquisa, a identificação de genes, principalmente os relacionados às doenças e pragas, permitirá o melhoramento através da transferência de características de resistência de um fruto para outro.

Para Marcos Machado o impacto de doenças como a clorose variegada dos citros (CVC), tristeza, gomose, morte súbita, leprose e cancro cítrico na cadeia do agronegócio da citricultura justifica a movimentação científica e o investimento de R$ 4,4 milhões feitos no projeto.

O combate à CVC gasta 150 milhões de dólares, anualmente, com reposição de mudas, poda de planta infectada e controle do vetor. A tristeza atinge todas as 180 milhões de plantas existentes no Estado de São Paulo, reduzindo, no mínimo, 20% do potencial produtivo. A erradicação do cancro cítrico consome cerca de 30 milhões de dólares, por ano. No controle do ácaro vetor da leprose são gastos cerca de US$ 100 milhões com acaricidas. Ao final dessa batalha, de 20% a 30% dos 1,2 bilhão de dólares exportados em suco são investidos na convivência com essas doenças.

“Esse capital poderia ser investido no agronegócio citrícola, que produz cerca de 340 milhões de caixas de laranja por ano, gera em torno de 400 mil empregos em São Paulo e tem mais de 20 mil citricultores”, lembra o diretor.

No Brasil o setor movimenta US$ 10 bilhões por ano e gera US$ 1,5 bilhão de exportações.