Agricultura: Preços agrícolas fecham junho com queda de 2,35%

O índice de preços recebidos pelos agricultores (IPR) caiu 2,35% em junho, ficando 0,19 ponto percentual menor do que o de maio. A intensificação da colheita da safra 2002/03, a queda da cotação nos mercados internacionais e o aumento da valorização do real foram os responsáveis pela variação negativa dos preços agrícolas no mês. A tabela abaixo mostra a evolução dos preços agrícolas desde a primeira quadrissemana de maio:

As variações dos preços agrícolas, por produto no mês de junho, no acumulado de 2003 e em 12 meses, foram as seguintes:

O comportamento dos preços agrícolas, por grupo de produtos no mês de junho, foi o seguinte:

Dos 19 produtos pesquisados, nove apresentaram reduções no preço (algodão, batata, café, cebola, feijão, laranja, soja, tomate e trigo). Entre os vegetais, a retração nos preços de nove produtos, apesar do crescimento em outros três, gerou recuo de 5,05% no índice do grupo. Já no segmento animal, a alta nas cotações de todos os produtos levou à variação positiva de 3,32% nos preços do grupo. O resultado foi a diminuição de 2,35% no índice geral de preços agrícolas.

Os preços agrícolas no primeiro semestre

No primeiro semestre de 2003, a variação acumulada do IPR foi negativa em 2,42%, em comparação com a variação positiva de 5,90% do IGP-M e de 4,93% do IPC-Fipe (estimativa). Isto indica perda de poder de troca no período para os agricultores de 8,32 pontos percentuais em relação ao IGP-M e de 7,35 pontos percentuais frente ao IPC-Fipe. Assim, os preços agrícolas, em 2003, estão crescendo em níveis muito inferiores aos dos indicadores de inflação.

Em 2003, sete produtos apresentaram crescimento no preço, com destaque para banana e cana-de-açúcar, que tiveram aumento acumulado superior a 20%. Já amendoim, arroz, cebola, leite e ovos registraram aumentos inferiores a 20%, enquanto doze produtos tiveram reduções no preço.

Os preços agrícolas nos últimos 12 meses

A variação mensal anualizada do IPR, em junho, indica o crescimento contínuo a partir de setembro de 2002, até que, em maio, o índice apresentou o primeiro recuo. Essa retração se manteve em junho, quando o índice acumulado atingiu 30,20%, em comparação com 28,23% do IGP-M e 13,81% (estimado) do IPC-Fipe. Assim, os preços agrícolas, nos últimos 12 meses, ainda estão apresentado ganhos, de 1,97 ponto percentual em relação ao IGP-M e de 16,39 pontos percentuais frente ao IPC-Fipe.

Nos últimos 12 meses, dezesseis produtos apresentaram crescimento positivo no preço, dos quais treze com altas superiores a 20% e três (cebola, laranja e suínos) com taxa menor que 20%.

Produtos que se destacaram

Em junho e também no ano de 2003, o milho foi o destaque entre os preços analisados, devido à colheita da maior safra do país, quando se considera a boa safrinha, o que provocou forte queda nas suas cotações e apresentou leve estabilização no mês.

O preço do feijão continuou a apresentar queda em junho, em função da colheita da segunda safra (em andamento) do ano agrícola 2002/03.

O preço do café continuou apresentando variação negativa em junho e no acumulado de 2003, refletindo assim tanto a valorização do real quanto a queda de preços no mercado internacional, devido aos altos estoques nos países importadores.

A soja sofreu forte influência da valorização do real, continuando a apresentar queda de preço, mesmo com o aumento nas cotações internacionais.

Nelson Batista Martin do Instituto de Economia Agrícola – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
C.A