O índice de preços recebidos pelos agricultores (IPR) caiu 2,24% em agosto, perdendo 1,49 pontos percentuais em relação a julho de 2005, mantendo a tendência de baixa. Essa queda do IPR foi fruto das fortes perdas nas cotações dos produtos de origem vegetal e das commodities agrícolas nos mercados internacionais, bem como da valorização do real.
Dos 19 produtos pesquisados em agosto, seis apresentaram aumento no preço (arroz, banana, laranja, aves, leite e suíno). Entre os vegetais, a redução nos preços de nove produtos gerou queda de 3,68% no índice do grupo. Já no segmento animal, a alta nas cotações de três produtos elevou em 0,34% os preços deste grupo. O resultado final foi o forte recuo de 2,24% no índice geral de preços agrícolas em agosto.
Preços agrícolas no ano de 2005
Em 2005, a variação acumulada do IPR foi de 1,86%, em comparação com 0,75% do IGP-M e 2,92% do IPC-Fipe (estimativa). Isto indica ganho do poder de troca dos agricultores de 1,11 ponto percentual em relação ao IGP-M e perda de 1,06 ponto percentual frente ao IPC-Fipe.
No ano, sete produtos apresentaram crescimento no preço, sem que nenhum produto tenha tido aumento acumulado superior a 20%. Cana-de-açúcar, cebola, laranja, milho, tomate, trigo e leite registraram aumentos acumulados inferiores a 20%, enquanto doze produtos tiveram reduções no preço (ver tabela).
Preços agrícolas nos últimos 12 meses
A variação mensal anualizada indica evolução contínua do IPR desde novembro de 2004 até março de 2005, quando começou a apresentar recuo. Com o desempenho em agosto, esse índice acumulado apresentou variação positiva de 9,34%, em comparação com 3,43% do IGP-M e 5,03% (estimado) do IPC-Fipe. Assim, os preços agrícolas, nos últimos 12 meses, apresentam ganho de 5,91 pontos percentuais em relação ao IGP-M e de 4,31 pontos percentuais frente ao IPC-Fipe, que estão se reduzindo ao longo do tempo.
Nos últimos 12 meses, sete produtos apresentaram crescimento positivo no preço, dos quais quatro com altas superiores a 20% e outros três com taxa inferior a 20%.
Produtos que se destacaram
O feijão manteve a posição de destaque de alta no acumulado de 12 meses em agosto, mesmo com as perdas no último mês. A alta foi de 47,06%, em função da menor oferta tanto na safra das águas quanto na da seca, do ano agrícola de 2004/05.
Ainda no acumulado de 12 meses, cabe destacar a queda da batata (-64,79%). O mesmo ocorreu no ano (-31,82%), em função da oferta da safra de inverno que tem provocado forte redução nos preços nos últimos três meses.
Por outro lado, o preço da soja se manteve em baixa expressiva nos últimos 12 meses (-21,55%), em função da elevação substancial da oferta mundial, da valorização do real e do bom desenvolvimento da safra americana.
No ano de 2005, o destaque de baixa acumulada coube ao algodão, pois o País vem encontrando dificuldade para exportar o excedente de produção. Além disso, contribuiu a não-disponibilidade de recursos financeiros por parte do Governo Federal para garantir a tabela de preço mínimo de garantia para o produto.
Em agosto de 2005, as aves (frango) apresentaram a maior alta (+12,14%) em função do aquecimento das exportações no mês.
Nelson Batista Martin do Instituto de Economia Agrícola (IEA)
C.A.
