O índice de preços recebidos pelos agricultores (IPR) caiu 0,75% em julho, perdendo 0,55 ponto percentual em relação a junho de 2005, mantendo a tendência de queda. Essa queda do IPR foi fruto das fortes perdas nas cotações dos produtos de origem animal e das commodities agrícolas nos mercados internacionais, da valorização do real e da estagnação nos níveis de consumo no mercado interno.
Dos 19 produtos pesquisados em julho, sete apresentaram aumento no preço (algodão, banana, cana-de-açúcar, feijão, laranja, tomate e suíno). Entre os vegetais, a alta nos preços de seis produtos gerou elevação de 1,14% no índice do grupo. Já no segmento animal, a queda nas cotações de três produtos reduziu em 4,15% os preços deste grupo. O resultado final foi o recuo de 0,75% no índice geral de preços agrícolas em julho.
Preços agrícolas no ano de 2005
Em 2005, a variação acumulada do IPR foi de 4,20%, em comparação com 1,41% do IGP-M e 2,93% do IPC-Fipe (estimativa). Isto indica ganho do poder de troca dos agricultores de 2,79 pontos percentuais em relação ao IGP-M e de 1,27 ponto percentual frente ao IPC-Fipe, no ano.
No ano, dez produtos apresentaram crescimento no preço, com destaque para feijão e tomate que tiveram aumento acumulado superior a 20%. Já batata, cana-de-açúcar, cebola, laranja, milho, trigo, leite e ovos registraram aumentos inferiores a 20%, enquanto nove produtos tiveram reduções no preço
Preços agrícolas nos últimos 12 meses
A variação mensal anualizada indica evolução contínua do IPR desde outubro de 2004 até março de 2005, quando começa a apresentar recuo até junho de 2005 e em julho de 2005, com o valor de 14,10%, indica uma leve recuperação. Com o desempenho em julho, esse índice acumulado apresentou variação positiva de 14,10%, em comparação com 5,38% do IGP-M e 6,10% (estimado) do IPC-Fipe. Assim, os preços agrícolas, nos últimos 12 meses, apresentam ganho de 8,72 pontos percentuais em relação ao IGP-M e de 8,0 pontos percentuais frente ao IPC-Fipe, superiores aos observados no mês anterior.
Nos últimos 12 meses, sete produtos apresentaram crescimento positivo no preço, dos quais quatro com altas superiores a 20% e outros três com taxa inferior a 20% (ver tabela).
Produtos que se destacaram
O feijão manteve a posição de destaque de alta no acumulado de 12 meses em julho, com +114,00%, e também no ano de 2005, em função da menor oferta tanto na safra das águas como da seca, do ano agrícola de 2004/05. O comportamento dos preços recebidos pelos produtores pode ser observado no gráfico seguinte:
Ainda no acumulado de 12 meses, cabe destacar a queda do arroz (-36,47%), em função do crescimento da safra, estoques elevados, pressão das importações do Mercosul e da baixa efetividade da política de preço mínimo de garantia do Governo Federal.
Por outro lado, a soja ainda vem mantendo em baixa expressiva nos últimos 12 meses (-19,03%), em função da elevação substancial da oferta mundial e da valorização do real, atingindo a mesma cotação observada para o mês no ano de 2002.
No ano de 2005, o destaque de baixa acumulada coube aos suínos, mesmo com a recuperação de suas cotações nos últimos dois meses, pois vêm enfrentando um mercado interno muito fraco, oferta crescente e exportações aquém do esperado.
Em julho de 2005, o tomate apresentou a maior alta (+35,29%), em função de uma menor oferta no período.
Instituto de Economia Agrícola (IEA)
C.A.
