Agricultura: Pesquisadores de São Carlos desenvolvem técnica que usa laser na identificação do cancr

A inspeção é feita por amostragem diretamente no campo

qua, 16/10/2002 - 19h12 | Do Portal do Governo

A doença é devastadora. A planta começa a ter manchas, as folhas caem e os frutos ficam com formações estranhas na superfície da casca. Quando detectado o cancro cítrico nas lavouras de laranjas, limões e tangerinas, a ordem – amparada em lei – é erradicar as árvores e deixar o local sem plantio dessas espécies por dois anos.

Embora a incidência no Estado de São Paulo esteja abaixo de 1%, o problema preocupa porque, se uma árvore é atingida, é preciso cortar cerca de 100 plantas num raio de 30 metros, causando sérios prejuízos aos citricultores, que gastaram, entre 1999 e 2001, quase R$ 100 milhões com o cancro. Para controlar essa doença provocada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri , a única solução é colocar um batalhão de inspetores em visitas programadas às áreas contaminadas ou suspeitas de contaminação.

Outras medidas de controle, fora a erradicação, não resolvem o problema. A pulverização de medicamentos mata a bactéria na parte externa da planta, enquanto, no interior, o microrganismo continua a se reproduzir.

A inspeção é feita por amostragem diretamente no campo – uma em cada cinco árvores -, e cada inspetor analisa cerca de 110 plantas por dia. Mas esse trabalho cansativo e difícil de ser executado, sujeito a falhas humanas, vai ganhar, em breve, uma nova ferramenta, provavelmente em forma de lanterna, dotada de um feixe de laser, que vai facilitar, dar mais precisão e, principalmente, antecipar o diagnóstico do cancro nas plantas.

A técnica – inédita no mundo – está em desenvolvimento num dos braços do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (Cepof), localizado no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (o outro braço fica no Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp), um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) financiados pela FAPESP.

A pesquisa conta também com o apoio do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), instituição mantida por produtores e indústrias de suco.

Marcos de Oliveira

Leia a matéria na íntegra no site da Revista da Fapesp.