Agricultura: Instituto Agronômico lança hoje quatro novas variedades de feijão

Pesquisas do IAC fizeram a produtividade do feijoeiro saltar de 1.700 kg/ha para 2.800 kg/ha

qua, 13/04/2005 - 8h40 | Do Portal do Governo

O mercado da principal fonte de proteína vegetal do brasileiro vai ficar mais forte. É que o Instituto Agronômico (IAC) vai lançar quatro novas variedades de feijão: três tipo carioca e um preto. Mais produtivas e resistentes às principais doenças do feijoeiro, as novidades devem tornar mais saborosa a atividade de quem ganha o pão plantando e comercializando feijão.

As novas variedades serão lançadas nesta quarta-feira, dia 13 de abril, em Capão Bonito, durante o XXI Dia de Campo de Feijão. O evento se estenderá até o dia 14, com debate e demonstração das mais recentes tecnologias de cultivo e colheita de feijão. (Veja informações abaixo)

As três variedades do tipo carioca são a IAC-Votuporanga, IAC-Ybaté e IAC-Apuã, a de feijão preto é a IAC-Tunã. Para o produtor, segundo o pesquisador responsável, Antonio Sidney Pompeu, esses materiais representam novas opções com maior capacidade produtiva e maior resistência a patógenos, características que proporcionam maior rentabilidade por hectare. Isso porque tais qualidades reduzem o custo de produção ao exigir menos aplicações de agroquímicos. ‘Além de diminuir o número de pulverizações, o agricultor pode usar fungicidas de menor custo, apenas em caráter de prevenção’, explica Pompeu.

As quatro novas variedades são resistentes aos fungos da antracnose, ferrugem e murcha de Fusarium, e ao vírus do mosaico comum. Essa resistência recobre as variedades de enorme benefício, já que as doenças do feijoeiro abalam – e muito – toda a cadeia produtiva. Para entender melhor quanto vale um material resistente, basta dizer que a antracnose – principal doença da cultura – pode reduzir em até 95% a produtividade da lavoura. A ferrugem, existente no Brasil em 53 diferentes raças, derruba a produtividade em torno de 43%, a murcha de Fusarium a reduz drasticamente e pode até matar a planta. Já o mosaico baixa a produtividade em 50%. Vê-se, portanto, quanto vale adotar um material resistente a esses patógenos. Ressalta-se que as vantagens não se restringem aos cifrões economizados. Poupa-se também os capitais verde e humano pois, ao plantar essas variedades, reduz-se também o impacto ambiental e os riscos para a saúde do trabalhador rural.

Desde o início do Programa de Melhoramento do Feijão, no IAC, por volta de 1930, busca-se desenvolver plantas que aliem alta capacidade produtiva com resistência a vários patógenos. Esse objetivo vem sendo plenamente alcançado e a produtividade dos materiais IAC saltou de 1700 kg/ha para 2800 kg/ha, desde o começo dos estudos.

Resultantes de pesquisas que duraram dez anos, as quatro novas variedades – IAC-Votuporanga, IAC-Ybaté e IAC-Apuã e IAC-Tunã – apresentam excelente produtividade, superior aos materiais já existentes – de 2853 kg/ha, 2778 kg/ha, 2778 kg/ha e2806 kg/ha, respectivamente. Essa é a média geral produzida nas três épocas de cultivo: águas, seca e inverno.

A semelhança nas variedades está também no teor protéico, em torno de 20%. O ciclo produtivo é de 90 dias, em média, para as quatro variedades. Já o porte das plantas é semi-ereto a ereto na IAC-Votuporanga e IAC-Ybaté, semi-ereto na IAC-Apuã e ereto a semi-ereto na IAC-Tunã. Os novos matérias se distinguem nas características de grãos, que é maior na IAC-Apuã.

Essas variedades IAC devem impactar o mercado de feijão, já que, de acordo com Pompeu, cerca de 80% do feijão produzido em São Paulo é tipo carioca.

São Paulo é quarto maior produtor do país, com 303 mil toneladas, na safra 2003/2004. Em solos paulistas, a produção de feijão está concentrada no sudoeste do Estado, envolvendo os municípios de Sorocaba, Avaré, Itararé, Itapetininga e outros – região que já concentrou 60% da produção paulista.

O líder nacional é o Paraná, com 668 mil toneladas, seguido de Minas Gerais, 453 mil, e Bahia, 318 toneladas. Apesar de ser o terceiro maior produtor mundial de feijão, o Brasil ainda importa o produto. Diante desse quadro, amplia-se a relevância da contribuição que esses resultados IAC deverão trazer para o agronegócio do feijão, sobretudo porque, além de desenvolver variedades, o IAC dedica-se também à transferência de tecnologia, como ocorrerá de forma intensa no XXI Dia de Campo de Feijão.

Orientações técnicas

Vários fatores são importantes para o sucesso da cultura. O pesquisador destaca que além de boa variedade, o produtor deve adotar práticas agrícolas adequadas, sob pena de ter rendimento abaixo do esperado ou até amargar prejuízo. Umas das mais importantes recomendações é o uso de sementes, na semeadura, ao invés de grãos, pois estes podem ser portadoras de patógenos que vão reduzir o número de plantas e ainda possibilitar a introdução de microrganismos ou raças responsáveis por doenças importantes. Em geral, os produtores fazem a semeadura utilizando grãos da lavoura anterior, quando correto é semear sementes. Para evitar os custos com a compra de sementes, o produtor adota essa prática, que ao final, pode reduzir substancialmente a produtividade e aumentar o custo de produção em função da necessidade de pulverizações do material infectado.

Outra orientação importante está na época do plantio, pois o atraso nessa etapa pode reduzir a produtividade e ainda levar a fase de colheita ao período de chuvas. Para evitar esse equívoco, o produtor deve observar se o seu município está dentro do zoneamento agrícola e qual época do plantio adequado. A explicação para a planta render pequenos grãos de feijão, por exemplo, pode estar na falta de chuva na fase do enchimento do grão. São informações básicas que fazem muita diferença e podem ser obtidas junto ao IAC. A análise de solo é outra ferramenta fundamental, que direciona o produtor sobre a necessidade de correção e a quantidade de elementos químicos a ser aplicada ao solo.

Dia de Campo

Todas essas informações e vários outros aspectos determinantes na cultura do feijoeiro serão disponibilizados ao público do XXI Dia de Campo de Feijão, nos dias 13 e 14 de abril, em Capão Bonito. Temas como adubação, plantio direto, manejo de plantas daninhas, aplicação de defensivos, controle de pragas e controle químico de doenças serão abordados no contexto da cultura do feijão.

O evento é direcionado a todos os profissionais agronegócio do feijão – técnicos, pesquisadores, produtores e comerciantes. A idéia é proporcionar o intercâmbio de informações entre os diversos agentes da cadeia produtiva, constituindo rica oportunidade de obter, gratuitamente, orientação junto às fontes de conhecimento, dentre elas pesquisadores do IAC e do Pólo Regional do Sudoeste Paulista, ambos órgãos da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

XXI Dia de Campo de Feijão
Data: 13 e 14 de abril de 2005
Horário: 8h às 17h
Local: Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Sudoeste Paulista
Rodovia Sebastião Ferraz de C. Penteado, km 232 (Capão Bonito-Guapiara)
Informações: (19) 3241-5847 ramais 368 e 307 ou (15) 3542-1310

Assessoria de Imprensa do Instituto Agronômico – IAC
Carla Gomes

(LRK)